FAMÍLIA TULLIO DE CAMPINAS
Finalmente, graças a Janete Trevisani - dona da página "Memórável" da revista 'Metrópole' do 'Correio Popular' de Campinas - fez-se justiça aos músicos da família Tullio, fundadores de fato e de direito da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas.
Sinto um orgulho duplo na vida - ser sobrinha trineta de CARLOS GOMES e ser casada com um Tullio.
É o começo, o primeiro passo, de muitos que virão, uma vez que já comecei um livro sobre a história repleta de acontecimentos, homenagens, documentos, reportagens, recortes de jornais, humor (quando falo sobre o convívio da família no dia-a-dia e as brincadeiras entre eles e muito encanto e riqueza.
Embora não constem no histórico do Porfólio da OSMC e não sei por quê... Campinas deve isto e muito mais a estes valorosos campineiros.
Os historiadores de Campinas precisam olhar com mais atenção a verdadeira história.
Janete, obrigada.
FAMÍLIA MUSICAL
by Janete Trevisani
Há tempos tenho vontade de escrever sobre a família Tullio, que muito fez pela cultura da cidade, mas sempre desisto, já que me faltam dados.
No dia em que agendei uma foto da Rua Maestro João di Tullio, coincidentemente, recebi um e-mail de Denise de Oliveira Maricato, que me contou toda a trajetória dos Tullio.
O alfaiate João di Tullio era avô de Célio Antonio de Tullio Lopes, marido de Denise.
Leia o texto dela para entender melhor a rica história musical da família, responsável pela criação da primeira Orquestra Sinfônica de Campinas.
Sociedade Sinfônica Campineira
"João di Tullio era alfaiate. Casou-se com Maria Julieta Olivério e tiveram dez filhos, sendo que um morreu ainda bebê.
Julieta, personalidade forte, sustentava com lucidez incrível o temperamento artístico dos filhos.
A família Tullio tinha propriedades, fruto do trabalho suado na alfaiataria. Mas a devoção de João pela banda, suas muitas noites de ensaio, as excursões pelo País e a confecção gratuita dos uniformes da banda fizeram de dona Julieta o grande sustentáculo da casa.
Dona 'Julia' em meu casamento
Ela compreendia a implacável missão de seu marido.
Quatro dos nove filhos do maestro dedicaram-se à música: Pompeo, professor primário, tocava violoncelo na orquestra; Mário era pianista, professor e regente; Angelo ficava na percussão e o maestro Luiz de Tullio (o "di" foi substituído por "de") era violinista e regente. Os quatro deram a vida pela arte musical.
Maestro Mário de Tullio
João di Tullio, italiano, chegou ao Brasil com 8 anos e só estudou música quando voltou à Itália para fazer o Serviço Militar.
Ficou seis anos por lá, adquirindo inigualável conhecimento técnico da arte da música, para executá-lo depois em Campinas, onde dedicou-se à Banda Ítalo- Brasileira, levando música para praças e cidades vizinhas, lutando para conseguir instrumentos novos e debruçando-se sobre partituras nas madrugadas.
Maestro Luiz de Tullio
Suas retretas, no Jardim CARLOS GOMES, eram concertos musicais assistidos por um considerável número de pessoas.
Pompêo de Tullio
Foi depois da morte do pai que Luizinho, reunindo inicialmente seus violinos, começou a organizar a orquestra.
O grande sonho era a Sinfônica.
Seus alunos constituíram grande parte dos primeiros e segundos violinos da Orquestra Sinfônica Municipal e era com ela que Luiz deixava sempre transparecer tudo quanto lhe ía à alma.
Campineiro da gema, Luiz é uma legítima tradição musical da cidade.
Angelo de Tullio
O pai, João, compositor e regente durante muitos anos da Banda Ítalo-Brasileira, deixou nome e fama de grande artista.
Foi regente da Orquestra Maestro João di Tullio, que durou tres anos sem qualquer ajuda oficial, e depois da Orquestra Universitária.
Também foi regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal, de 1967 a 1974.
SAIBA MAIS
- A Banda Ítalo-Brasileira foi fundada por João di Tullio e Constantino Suriani em 1912. João foi o maestro desde o início.
- Em 1922, ganhou o primeiro prêmio em um concurso de bandas marciais no Rio de Janeiro e trouxe a batuta de ébano e ouro para Campinas.
- No ano de 1940, recebeu o nome de Banda Musical CARLOS GOMES, ainda tendo à frente João di Tullio.
- Em 1929, foi criada a Sociedade Sinfônica de Campinas. Entre seus fundadores, seis membros da família Tullio.
- Em 1960, o grupo passou a se chamar Orquestra Universitária da PUCC.
- Oito anos depois, por meio de um convênio entre a Prefeitura e a PUCC, passou a se chamar Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas.
Luiz de Tullio foi o regente até 1974, com decreto de Rui Novaes."
(clique no recorte para ampliar)
AMARELO OURO
Que bom que você me mandou. Aos domingos não recebo jornal. A família da minha mãe e meus amigos não me deixaram sair do telefone. Postei um comentário, vê se saiu.
ResponderExcluirRecebi este e-mail, da prima do meu marido, filha do maestro Mário de Tullio:
Você fez um belíssimo trabalho, Denise, e comovente também. A gente sente o orgulho e a enorme vontade de vocês de que essa história não seja esquecida. Meus parabéns, não formais, mas carinhosos pelo tremendo esforço que vocês vêm fazendo. Bjs
Que bom: ganham todos, inclusive Campinas, São Paulo e o povo brasileiro!
ResponderExcluirDenise
ResponderExcluirLí a reportagem e gostei muito.
Quanta saudade de meu pai, daqueles que vivenciaram essa epoca e principalmente dos entes queridos que lamentávelmente já não estão entre nos.
Obrigada e parabéns pelo seus esforços para que Campinas nunca olvide esses fatos culturais importantes e que fazem parte de sua história.
Bjs
Lucia
Lucia,
ResponderExcluirContinuarei a forçar Campinas a reconhecer o imenso tesouro que foram seu pai, seu avô e seus tios para esta cidade, fique certa.
Bj
Acabo de receber este e-mail da Ângela, agradecendo a Janete Trevisani:
ResponderExcluirJanete
Gostaria de agradecer e dizer da minha alegria pelo artigo sobre a minha família na última revista Metrópole.
Agradeço várias coisas: o seu interesse em publicar um artigo dolorosamente caído no esquecimento, o espaço, certamente muito disputado, gentilmente cedido e a sua honestidade jornalística em admitir a falta de dados, permitindo que outra pessoa o escrevesse. A sua introdução está realmente muito feliz.
Acho que você e sua coluna fazem uma coisa importantíssima, que é permitir que a história se repita através do “contar de novo”, o que torna tudo novo realmente e revivido na trajetória do tempo, que pode caminhar implacavelmente para o esquecimento. História, com H maíusculo, se faz assim. Você e sua coluna permitiram que parte da trajetória da Sinfônica de Campinas fosse revivida.
Obrigada mais uma vez
Maria Ângela de Tullio Bertuzzo
Denise....parabéns por preservar a história das suas famílias e junto com estas a memória de Campinas. Sou historiadora e escrevo sobre os italianos, não poderia deixar de ler e guardar estes escritos sobre a família Di Tullio, tão importante para Campinas, São Paulo e Brasil.
ResponderExcluirItalianos humildes, simples trabalhadores mas que amavam a música e através dela poder fundar nossa querida Orquesta Sinfônica, que tantas glórias deu a Campinas, e espero que continue dando, e precisamos não deixar estes nomes da história de Campinas esquecidos
Parabéns .... abraços
Romilda Baldin
Obrigada, Romilda. É preciso resgatar nossos tesouros, sim !
ResponderExcluirNada acontece por acaso! Há um plano celestial quando uniu Denise e Célio. Saúde, mais força e coragem para continuar sua luta.
ResponderExcluirbjs
Denise, parabéns por republicar o artigo aqui. Não o tinha visto na revista. Meu avô paterno, Falstaff Sabbatini, foi mestre alfaiate e trabalhou an alfaiataria do João de Tullio. Além disso, meu bisavô, Pamphilo Sabbatini, foi vice-diretor e instrumentista (tuba) da Banda Ítalo-Brasileira. A família di Tullio merece destaque no papel que teve na Campinas de antigamente.
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