A LINDA "VILLA BRASILIA" DE CARLOS GOMES
As fotos foram tiradas em Outubro de 2009, em viagem a Milão – aspecto atual da propriedade de CARLOS GOMES em Maggianico, com suas árvores tropicais por ele plantadas ainda em pé e saudáveis, mesmo em clima desfavorável.
Inicia em 1879 a construção em Maggianico de Vila Brasilia, onde é vizinho de Ponchielli e em sua casa a bandeira brasileira estará sempre exposta e será hasteada todos os dias. Essa Vila será poucos anos depois, a principal causa da falência econômica do maestro.
O lago di Lecco, chamado por ele de Lagoa Formosa, tinha como companhia um bosque de jequitibás e falava-se só o Português.
CARLOS GOMES frequentava Lecco já há muito tempo, passava lá longas temporadas com a família ora em hotel, ora em casa alugada. Seu colega e amigo Amilcare Ponchielli, assim que pôde, mandou construir, em Maggianico, uma vila em terreno arborizado.
Foi, então, que CARLOS GOMES comprou ao lado do terreno de Ponchielli, em ótimas condições, uma lindíssima porção de terra ondulada, bem em frente ao prolongamento do Lago de Lecco, com aproximadamente 10 mil metros quadrados.A Vila fica pronta em 1881, então, muda-se para lá; foi magnânimo nos gastos com sua construção. Fica na região de Brianza, a 3 km de Maggianico.
A Vila era e continua bonita, mas não é um exemplo máximo de luxo e de suntuosidade. E o que dizem os livros sobre a mansão ter sido construída muito maior e mais luxuosa do que CARLOS GOMES teria estabelecido com o arquiteto não é verdade. CARLOS GOMES não só sabia de tudo, como incentivava despesas maiores e não previstas.
A luxuosa casa de Maggianico fica ao lado da casa de Ponchielli, na região da Brianza. A Vila Brasilia é um palácio.
A princípio, envolvido pela beleza do lugar, CARLOS GOMES esperou, em tempo relativamente curto, poder cobrir o déficit inicial. Encantava-o viver em um ambiente artístico muito animador e em um lugar de veraneio encantador.
Em Lecco, pertinho de Vila Brasilia
Era um paraíso com 4 hectares de bosques. Ao se entrar na propriedade, sente-se estar numa floresta tropical com mais de trezentas árvores Ficcus, ao lado de imensos pinheiros centenários, que me deixaram absolutamente fascinada. Quando os portões do jardim se abriam, o perfume das camélias convidava a entrar, lindas flores que no outono estão adormecidas, portanto, não tive a sorte de desfrutá-las. Mas estão lá.
O edifício era e ainda é de refinado gosto, com feições burguesas, estilo neoclássico, em alta na época, tornando-se um ponto de referência para artistas e burgueses de Milão. CARLOS GOMES cobriu as paredes da casa com os enfeites e armas dos índios: eram arcos, flechas de diversas tribos brasileiras, tacapes, cocares, inúbias, diademas e mantos de penas de araras, maças de guerra, trompas; um museu de curiosidades indígenas do mais pitoresco efeito.
Ao terminar a escadaria da casa, há uma pintura maravilhosa no teto, com águias em alto relevo, nos quatro cantos dela.
Araras e papagaios enchiam a varanda em volta da casa. Havia um grande viveiro, cheio de pássaros do Brasil, enviados por Sant’Anna, por amigos e transportados pelo próprio maestro: arapongas, patativas, sabiás, caboclinhos.
Na casa, havia vasos pintados pelos índios tupi-guarani.
No pomar, famílias de saguis habitavam muitas lindas casinhas de madeira construídas especialmente para abrigá-los.
A pequena porção do Lago di Como, que fora batizado por ele de Lagoa Formosa, passa em frente e CARLOS GOMES manda colocar uma canoa com o nome de Pindamonhangaba pintado de verde e amarelo, para divertir-se com os italianos que quebravam a língua ao tentar pronunciar o comprido e estranho nome.
Em frente à mansão, havia, e ainda hoje estão lá, as enormes estátuas de Peri e o Cacico, presentes de seu editor.
À margem, algumas moitas de bambu.
Um edifício monumental.
Apenas uma coisa deixou-me muito triste: o histórico e lindo coreto está abandonado, restando dele apenas a armação de ferro.
A fonte, em frente à mansão, também está sem vida. Não resistindo ao impulso, procurei uma pedra bem do fundo dela e trouxe-a comigo para o Brasil, como uma recordação de momentos especiais em minha vida.
Neste coreto aconteceram festas grandiosas !
LAGO DI COMO
É um lago de origem glacial que possui uma vista maravilhosa em toda sua extensão; com uma área de 146 quilômetros quadrados, é o terceiro maior lago da Itália, depois do Lago de Garda e do Lago Maggiore.
Tem mais de 400 metros de profundidade; é um dos mais profundos da Europa e o fundo do lago é de mais de 200 metros – 656 pés – abaixo do nível do mar.
Sua beleza de águas azuis, rodeado de montanhas e pequenas vilas de casas de alto padrão, é um local onde a maior parte da elite de Milão reside.
UMA CRÍTICA E UM COMENTÁRIO SOBRE "O GUARANI"
Rubino Profeta, ex-diretor do San Carlo de Nápoles, escreveu sobre "O GUARANI" em 1971:
“A esplendorosa sinfonia, o arrebatador dueto do 1º ato, os robustos “concertati”e as poderosas cenas de conjunto, ainda hoje impressionam o público pela espontaneidade da inventiva e por aquela prepotente carga de teatralidade que estava nos alicerces da personalidade incomum de Carlos Gomes.”
Cleber Papa comenta que:
“O Guarani de Belo Horizonte é para mim uma versão dramatúrgica definitiva porque pude encontrar soluções cênicas que me deixaram muito satisfeito e acho que com os achados desta partitura, a obra ganhou um sabor particularíssimo”.
FRASE DA VEZ:
Em carta a amigo, CARLOS GOMES fala sobre o HINO A CAMPINAS:
“(…) O TONICO DE 1836 JÁ ESTÁ MEIO VELHOTE, MAS O CORAÇÃO DO CAIPIRA É SEMPRE MOÇO PARA AMAR CAMPINAS E O POVO DE SUA TERRA NATAL. (...)
ACEITE, POIS, CAMPINAS, DO FILHO AUSENTE, NESSAS POBRES HARMONIAS, AS HOMENAGENS E AS EXPRESSÕES DE VIVO E SINCERO AMOR."
Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado.
Estamos aguardando a publicaçãodesse livro. Até agora - não apareceu nenhuma "auutoridade" para publicá-lo. Um vergonha para o Governo desprovido de cultura. Há dinheiro para tudo e para políticos corruptos. Estamos vivendo o Princípio Legal da Impunidade. Lamentável e vergonhoso !!!
ResponderExcluirAplaudindo seu trabalho de pesquisa.
ResponderExcluirÉ, minha amiga... no Brasil é assim...
ResponderExcluirCara Denise Maricato: Esplêndida descrição da Villa Brasília, que Carlos Gomes fez construir em Maggianico e que ali permanece como testemunho de sua passagem pela Itália, e o quanto ela foi marcante. Um monumento que exprime a visão sempre grandiosa que ele abrigava acerca de cada ato e passo de sua vida, e não apenas da Música. Carlos Gomes tinha a consciência de sua singularidade e do que estava edificando para o futuro e para seus descendentes, senão a fortuna, pelo menos um glorioso nome e uma tradição inextinguível. A sua descrição minuciosa nos permite acompanhá-la nessa visita, contemplando jardins, natureza, lagos, peças, detalhes, como se passeassemos a seu lado. Muito obrigado por esse depoimento preciso. (Alcides L. Acosta)
ResponderExcluirObrigada, Alcides ! Foi, de fato, uma visita emocionante e apaixonante.
ResponderExcluirSenti mesmo, a presença do Maestro !