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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

OSMC

Concerto especial
 24 set  (sáb) - 20h   |  25 set  (dom) - 11h
Centro de Convivência Cultural CARLOS GOMES
 Programa:
Alessandro Sangiorgi, regente
R. STRAUSS
Don Juan
ANTONIO CARLOS GOMES
 A NOITE DO CASTELO, PRELÚDIO
MARIA TUDOR - PRELÚDIO
Intervalo
P. I. TCHAIKOVSKY
Abertura 1812
CARLOS GOMES (Campinas, 1836-Belém do Pará, 1896)
A NOITE DO CASTELO - PRELÚDIO 
  Após deixar Campinas em 1859, CARLOS GOMES iniciou seus estudos no Imperial Conservatório de Música do Rio de Janeiro. Ali é convidado para regente assistente do movimento da Ópera Nacional, que pretendia criar uma ópera com características brasileiras. É dentro deste contexto que apresenta sua primeira ópera, A Noite do Castelo, com libreto de Antônio José Fernandes dos Reis, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro em setembro de 1861.
Embora o texto seja em português, o enredo acontece na Europa medieval e gira em torno da corte do Conde Orlando e sua filha Leonor. Esta era amada por Henrique, que foi dado como morto na primeira cruzada. O conde então resolve casar sua filha com Fernando e justamente na noite do casamento Henrique retorna incógnito e, em vestes negras, assusta a todos. Como era comum na época, a ópera tem um final trágico, com a morte da heroína, apunhalada pelo próprio Henrique, que por sua vez é morto pelo conde.
Como a primeira incursão de CARLOS GOMES no gênero operístico, esta obra está, naturalmente, aquém dos grandes sucessos do compositor, como Il Guarany ou Lo Schiavo. Entretanto, já na abertura, na qual são apresentados os temas que se destacam na ópera, podem ser encontrados alguns elementos que iriam florescer em seus trabalhos posteriores.
A Noite do Castelo foi montada pela Sinfônica de Campinas na década de 1970, num trabalho pioneiro, já que não há outros registros da apresentação completa desta obra após a sua estreia.
MARIA TUDOR - PRELÚDIO
 Ao contrário da peça anterior, Maria Tudor é obra de maturidade. Quarta ópera de CARLOS GOMES na Itália (sexta se contarmos as duas produções brasileiras, A Noite do Castelo e Joanna de Flandres), estreou no Teatro alla Scala de Milão em março de 1879. Baseada em um texto de Victor Hugo, o libreto é de Emilio Praga e conta a história da perversa filha de Henrique VIII, a rainha da Inglaterra conhecida como Maria sanguinária (ou Bloody Mary).
 Esta ópera enfrentou problemas na Itália e uma das razões foi o seu libreto. No drama de Victor Hugo, a rainha tem como aliado e amante o mau-caráter Fabiano Fabiani, desprezado pela corte inglesa. Ocorre que esta personagem era um napolitano, o que ofendeu os italianos. Hugo chegou a pedir desculpas, dizendo que se tratava apenas de uma obra de ficção, não havia qualquer intenção de ofender aquele país. Provavelmente por desconhecer este fato, CARLOS GOMES resolve trabalhar com este texto em sua nova ópera, provocando imediata má vontade dos italianos. Além disso, sua presença constante na casa de ópera mais prestigiosa daquele país e da Europa já era contestada por alguns compositores nativos que não admitiam que um “selvaggio”, com “testa de leone” continuasse a ocupar o palco do Teatro alla Scala com tanta frequência.
A produção operística de CARLOS GOMES na Itália inicia-se com Il Guarany, apresentado no Teatro alla Scala de Milão em 1870. Segue-se Fosca, que estreou no mesmo teatro em 1873, mas teve problemas por ter sido considerada muito “germânica”, ou seja, estaria ligada às ideias de Richard Wagner, em um período em que isso não era bem visto na Itália. Teve sucesso relativo, mas foi reabilitada neste mesmo teatro em 1878. A terceira produção de CARLOS GOMES na Itália foi Salvator Rosa, que, após as dificuldades da ópera anterior, estreou em março de 1874 no Teatro Carlo Felice em Gênova. Foi seu maior sucesso tanto no que diz respeito à recepção do público como no aspecto financeiro. É após este grande feito que surge Maria Tudor. CARLOS GOMES, lembrando-se dos problemas da Fosca no Scala, insiste com o editor para que a ópera não fosse montada naquele teatro. Não foi atendido e o resultado está expresso em uma carta que escreveu ao seu amigo Visconde de Taunay: “A Maria caiu no Scala...”. Com o tempo as disputas entre verdianos e wagnerianos foram ficando para trás e esta ópera, de grande densidade sinfônica e vocal pôde ser ouvida em sua grandiosidade, alinhando-se às grandes produções operísticas de CARLOS GOMES.
 IRA SELVAGEM

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