UMA BELA ANTOLOGIA
Uma antologia de grandes poetas franceses, espanhóis e alemães do porte de Guillaume Apollinaire, Federico García Lorca e Heinrich Heine já se justifica pela qualidade dos autores – e, mais ainda, pelo nome por trás das traduções, o também poeta Carlos Drummond de Andrade. Reunidos pela primeira vez no livro “Poesia Traduzida”, os 64 poemas foram publicados originalmente em jornais e revistas. Eis a versão para “A Lagartixa”, de Jacques Prévert: “A lagartixa do amor/Fugiu mais uma vez/ Deixando-me nos dedos/Sua cauda. Bem feito: /Eu queria prendê-la.”
O poeta Carlos Drummond de Andrade em 1951, ano em que planejava reunir suas traduções de poemas sociais em livro.
Quanto mais produtivo o autor, maior a probabilidade de que fique para a posteridade o trabalho de organizar seu material. Por essa razão óbvia, as obras dos escritores se tornam campo aberto à pesquisa e às especulações póstumas. Uma “obra completa” não passa de uma construção contestada e refeita de geração em geração. As marginálias dos escritores renomados surgem à medida que suas obras despertam interesse. O sonho dos estudiosos é conseguir que a marginália altere as ideias adquiridas sobre os textos principais do escritor, o seu cânone.
Não surpreende, portanto, que a obra do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), um dos poetas basilares da língua portuguesa, continue a estimular o apetite da posteridade. Sua “obra completa” – 45 títulos publicados em vida – acaba de trocar de editora. Por vontade dos herdeiros, ela passou da editora Record para a Companhia das Letras. A reedição de Drummond começará a sair em 2012, com novos estudos sobre sua produção, além de uma prometida e gorda marginália.
Poesias traduzidas por Drummond
- Pássaros, de Dorothy Parker
- Um único pensamento, de Paul Éluard
- Que foi que recebeu a mulher do soldado?, de Bertolt Brecht
Drummond dispesa adjetivos!
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