UMA NOITE HISTÓRICA DE ESPLENDOR E ENCANTAMENTO
Para os gomistas (fãs ardorosos de CARLOS GOMES) e para o público em geral é assim que a noite de 28 de setembro de 2011 pode ser descrita.
A primeira ópera feita por CARLOS GOMES foi apresentada sob a forma de Cortina Lírica, ou seja, a música é cantada por solistas e coralistas acompanhados por orquestra, não sendo utilizados cenários e roupas condizentes com a história contada.
Foi em 4 de setembro de 1861 que estreou no Rio de Janeiro a primeira ópera de CARLOS GOMES, que é cantada em português: A NOITE DO CASTELO. Nosso reverenciado maestro tinha somente 25 anos de idade.
Eu tive a felicidade de assistir ao vivo quatro óperas de CARLOS GOMES: O Guarani, Fosca, Lo Schiavo e agora a Noite do Castelo. Dá prá notar que CARLOS GOMES foi amadurecendo ao longo dos tempos. Mas já nesta primeira ópera dá para perceber algumas características do grande gênio:
A primeira é o seu total domínio dos instrumentos de uma orquestra. CARLOS GOMES domina os instrumentos e faz com que eles dialoguem de maneira sublime e impactante. Quem ouvir a protofonia do Guarani vai se sentir andando no meio do mato, ouvindo o som dos animais, o farfalhar das plantas, sentindo o temor reverencial que a mata desconhecida impõe a quem nela adentra.
A segunda é que CARLOS GOMES é muito exigente com seus solistas. Dizem os entendidos que somente após os 30 anos é que o intérprete está com a voz madura para cantar as obras de CARLOS GOMES como se deve. Os entendidos dizem também que após determinada idade é impossível para os cantores darem conta das exigências contidas nas partituras de nosso grande maestro. Plácido Domingo que o diga. Em sua última encenação de O Guarani ele simplesmente fez sumir o terceiro ato, pois não conseguia cantar todos os quatro atos da ópera.
Nós leigos ficamos tomados por múltiplas sensações nessa noite, a começar da consciência de que estávamos participando da história, pois são 150 anos que se passaram desde a primeira apresentação da ópera A Noite do Castelo. A outra é de gratidão ao trabalho de Alcides Acosta que acreditou no projeto; do Maestro Hermes Coelho que aceitou o sobre-humano trabalho de restaurar a partitura e ensaiar os participantes, tudo em menos de um mês; do regente Akira Kawamoto que ensaiou o coral; dos solistas que aceitaram o desafio e dos músicos da orquestra que suaram para dar conta da empreitada.
Outra sensação foi a de gratidão pelo grande maestro CARLOS GOMES que mais uma vez nos emocionou, nos empolgou e nos fez felizes e orgulhosos por sermos brasileiros.
Sinto gratidão e uma serena alegria dançando em meu coração quando lembro dessa noite memorável. Que venham outras. Amém!
Marisilda Tĕscàroli
CONVERSA NO ESCURO
Recebí de minha amigaRogoldoni, por e-mail:
ResponderExcluirParabéns a Marisilda Tescaroli pela crônica em momento tão apropriado.