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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

HISTÓRIA DOS TULLIO 2


OS DI TULLIO
by Conceição Arruda Toledo
Publicado no jornal ‘Diário Popular’ em 14 de Abril de 1967

Há quase 40 anos o nome dos Di Tullio percorre Campinas juntamente com o som claro e harmonioso da música em sua expressão mais apurada e no mais alto grau de sensibilidade artística.
Campinas – berço do imortal Carlos Gomes – jamais poderia olvidar a música, acalentando desde longa data o sonho de organizar, com elementos de escol, uma orquestra sinfônica.
Depois de inúmeros reuniões preparatórias, de muita boa vontade e idealismo, em que participou como figura de destaque o velho Maestro João Di Tullio, juntamente com outros nomes de igual projeção, como: Jorge Whiteman e Salvador Bove, a 6 de outubro de 1929 foi fundada a primeira orquestra sinfônica campineira, que estreou no dia 15 de novembro daquele ano, no primitivo Teatro Carlos Gomes, localizado à rua Cesar Bierrenbach, sob a regência de Salvador Bove.
 O Hino Nacional deu abertura ao memorável concerto, seguido depois, da Sinfonia de O Guarani e de amplo e variado repertório que satisfez a exigência e a sensibilidade de numeroso público que não regateou aplausos àquele pugilo de músicos emocionados.
Mais de sessenta figurantes compunham essa orquestra, distribuídos entre primeiros e segundos violinos, violoncelos, violas, contra-baixos, flautas, clarinetas, pistões, trompas, trombones, trombone-basso, fagote, oboé, piano e instrumentos de percussão.
A regência deste numeroso contingente esteve sempre em muito boas mãos: João Di Tullio, Salvador Bove, Armando Belardi, Mário Monteiro, Manfredini, Kaniefsky, Kanovick, Bercovitz e, finalmentye, como não poderia deixar de ser, Mário Di Tullio, filho e continuador de mérito da obra iniciada pelo velho Di Tullio, na longínqua década de vinte.
 Justamente a última audição da Orquestra Sinfônica Campineira, em 1953, quando então ela se extinguiu por falta de verba, foi regida por Mário Di Tullio.
Foi no encerramento da Semana de Carlos Gomes que ela se apresentou pela última vez, ante uma platéia emocionada, que sentia profundamente a imensa lacuna que ela iria deixar nesta cidade tradicionalmente amante da música.
A orquestra morrera.
Mas não morrera a música, que continuava a inspirar as almas sensíveis e os corações privilegiados.
Entre esses, permaneciam os irmãos Di Tullio (Mário, Luiz e Pompêo) que até hoje continuam essa maravilhosa obra iniciada há 40 anos por seu pai.
Dos 60 músicos que abrilhantaram Campinas, componentes da Orquestra Sinfônica, bem poucos aqui permaneceram dedicando-se com exclusividade à música.
Uns desapareceram, deixando indelével saudade.
Outros, transferiram-se para outras cidades, ou se dedicam atualmente, a outras profissões.
Na música mesmo, resta um pequeno e abnegado grupo, encabeçado pelos irmãos Di Tullio, mais Reynaldo Prestes , Crispiniano Cruz, Américo Martins e os irmãos Landini, integrando todos, a atual Orquestra Sinfônica Universitária de Campinas.
Os Di Tullio estavam predestinados ainda uma vez, a dotar nossa cidade de uma Orquestra Sinfônica, pois, não se podia conceber a constância dessa falha em um centro cultural como Campinas.
Pois foram os alunos de violino de Luiz Di Tullio, em número de 25, acompanhados ao piano por seu irmão Mário, numa audição especial, sob a denominação de “Sinfônica Maestro João Di Tullio”, em memória de seu velho pai, que deu origem a atual Orquestra Universitária.
A princípio, ela era constituída apenas de violino e piano, sendo acrescidos, algum tempo depois, os instrumentos de madeira, metal e percussão.
Monsenhor Salim – a quem Campinas tanto deve – ao ouvi-la, entusiasmou-se com a qualidade da execução e a seleção do repertório, convidando-a a passar para a Universidade, com o nome atual.
Desde então, voltamos a gozar do privilégio de possuir uma Orquestra Sinfônica, que tão bem tem se desincumbido na apresentação periódica de excelentes audições, aprimoradas à custa de estudos acurados, muitos ensaios e, principalmente um ilimitado amor à música.
O desaparecimento do nosso velho Teatro Municipal acarretou problemas que logo foram sanados, apresentando-se hoje, a Orquestra Universitária, no Cultura Artística e no Teatro de Bolso da Secretaria de Educação e Cultura, sob a regência do maestro Luiz Di Tullio.
Assim, o nome dos Di Tullio, permanece em franca atividade no setor musical da cidade.
Luiz, Mário e Pompêo dão continuidade àquele ideal acalentado há 40 anos por João Di Tullio.
E Campinas, que já se habituou a ouvir seus nomes com reverência, pois, quase em todas as famílias há algum membro que passou por eles recebendo instrução musical, além da satisfação de usufruir de sua arte através de inúmeras audições, Campinas quer prestar aos irmãos Di Tullio uma homenagem de reconhecimento e gratidão, esperando que seus descendentes prossigam nesse elevado objetivo, não permitindo que esse nome desapareça dos meios culturais da nossa cidade.
ANIMAIS ENSINAM

Um comentário:

  1. Recebí por e-mail da minha amiga Rogoldoni:

    Um excelente trabalho de pesquisa !

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