domingo, 12 de setembro de 2010
FOSSO NO TEATRO ? QUE TEATRO ?
CADERNO C DO "CORREIO POPULAR" DE HOJE
FOSSO NO TEATRO: TER OU NÃO TER
POLÊMICA
Associação cultural questiona retirada de área para orquestra no Teatro Castro Mendes
NÃO É LINDO NOSSO "TEATRO MUNICIPAL" ? Ainda bem que não é "carlos gomes" !!
"Enquanto a reforma do Teatro Castro Mendes está em andamento há quase dois meses, com projeto, idealizado pelo renomado arquiteto e consultor acústico José Augusto Nepomuceno, que elimina o fosso da orquestra, um procedimento aberto pela Associação Cultural Ribalta em defesa da permanência do espaço está em andamento no Ministério Público desde abril.
O argumento dos representantes da associação, que tem apoio do Fórum Municipal de Cultura, é que sem o fosso Campinas não verá mais montagens de ópera e balés com a presença da Sinfônica. “Se tirar o fosso, a gente vai perder o único teatro que admite montagens de ópera e balé para ter mais um teatro normal. Só de teatro, em Campinas, a gente tem uns 50, mas nenhum admite orquestra e balé. Vai tirar o fosso do único local que permite isso? Isso é burrice”, desabafou João Luís Galvão, advogado, diretor da associação Ribalta e secretário do Fórum de Cultura que deu entrada ao procedimento no Ministério Público.
Em entrevista ao Caderno C durante visita às obras do Castro Mendes, no último dia 3 de setembro, Nepomuceno afirmou que a decisão de retirar o fosso não foi tomada a esmo. “Essa proposta que desenvolvi para o Castro Mendes foi estudada à exaustão. Não sei quantas reuniões de estudo fiz com o (secretário de Cultura) Arthur Achilles, com o Cláudio (Orlandi, engenheiro da Prefeitura e coordenador do projeto), o secretário de Obras (Osmar Costa), entre prós e contras. Acho interessante que o pessoal veja as enormes vantagens de se retirar o fosso antes de reclamar. O meu eixo orientador aqui é fazer um espaço revestido de abordagem profissional”, explica o consultor.
José Alexandre dos Santos Ribeiro, ex-secretário de Cultura, musicólogo, linguista e crítico, lembra que grandes óperas foram montadas no local “a contento”. “Quando o teatro foi reformado de cinema para teatro, teve a acústica regulável para óperas e peças de teatro. Montamos óperas lá como Il Guarani, La Traviata e funcionou a contento. O problema ali é técnico, de acústica, muito fácil de resolver. Antigamente tínhamos equipamentos para isso, mas com o tempo eles foram estranhamente sumindo do teatro”, lembra. Para ele, a cultura perde com a retirada do fosso. “Para ópera, o Castro Mendes é o melhor teatro que nós temos e, se não vai mais ter ópera, é um prejuízo para a música”, conclui.
Cláudio Cruz, maestro da Sinfônica de Campinas entre 2003 e 2005, montou óperas no local e lamenta a retirada do fosso. “Claro que o resultado das óperas que montei no Castro Mendes não foi perfeito, mas posso dizer que foi de razoável para cima. Mas fica a pergunta: onde se vai fazer balé e essas montagens se não for lá?”, questiona o spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Arthur Achilles, que era violinista da Sinfônica na época, lembra que parte dos músicos ficaram no palco porque o fosso não comportava todos os músicos. “No fosso ficávamos nos esbarrando uns nos outros. Campinas não comporta mais improviso. Queremos fazer uma sala com uma boa acústica, bom cenário, boa iluminação. Contratamos o melhor técnico do Brasil, um dos melhores do mundo, para fazer esse projeto e para deixar o improviso de lado”, afirma o secretário.
NOME E SOBRENOME
O imbróglio do fosso do Teatro Castro Mendes tem nome e sobrenome: Lúcia Teixeira. A diretora da Cia. de Dança de Campinas ouviu, sem querer, na ocasião da inauguração da nova rodoviária, em 2006, a informação de que o fosso do Castro Mendes seria eliminado. Desde então, não sossegou enquanto não tomou uma atitude. “Questionei o secretário, levei a informação para o Fórum Municipal de Cultura e foi decidido que entraríamos com esse procedimento no Ministério Público. Eu ajudei no texto”, conta.
Para o consultor acústico José Augusto Nepomuceno, é preciso ter desapego. “A gente tem que pensar em termos mais globais, mais amplos, não no espetáculo que querem montar. Tem que pensar no que é bacana para a cidade. Não se pode pegar o Castro Mendes para depositório das ansiedades.”
Responsável por montagens de fim de ano do balé Quebra-Nozes, Lúcia não se conforma com a possibilidade da retirada do fosso. “Eu trabalho pela cultura da cidade, eu vivo disso. Está errado tirar o fosso. Se tivesse outro lugar para a realização desses eventos como balé e ópera, não teria problema. Não é uma questão pessoal, é pela cultura da cidade”, reforça.
Questão pessoal ou não, o procedimento está em andamento no MP e, na semana passada, a Secretaria de Cultura atendeu a uma requisição de acesso aos projetos feitas pelo Ministério. Um veículo oficial entregou cerca de 130 cópias do planejamento da reforma na sede do órgão estadual.
De acordo com a assessoria de imprensa do MP, o processo está em andamento e o promotor Geraldo Cabañas, que está com o caso, não quis dar entrevista.
Quanto ao procedimento, Nepomuceno afirma que conta com o bom senso na decisão judicial. “A manifestação não parece se sustentar em si mesma. Eu tenho a maior confiança, de verdade, no bom senso dos homens públicos. Não deveria ter um parecer contrário à remodelação do proscenium (fosso). Eu não vejo isso. Se eu for obrigado a fazer o fosso, acho que tem que ter um fosso motorizado, profissional, e tem que ver quem assume a responsabilidade de 95% dos espetáculos colocar alguém mais distante do que precisaria ter. Quem vai responder para a Fernanda Montenegro, Denise Fraga, Eva Wilma sobre a distância que ficam da plateia e o tom de voz que terão de ter aqui? Perdendo a intimidade, a magia da encenação, o reconhecimento que é fazer um engodo que é transformar esse pequeno e querido teatro em uma sala de ópera, que ele não é”, afirma.
O advogado João Luís Galvão afirma que irá até as últimas consequências para impedir a retirada do fosso. “Se o MP não resolver, a gente vai entrar com ações em juízo. A gente vai se amarrar lá. Alguém precisa fazer essas ações meio loucas na área da cultura para ver se esse povo toma jeito. A cultura em Campinas está absurdamente equivocada”, critica. Para ele, se a obra for embargada até uma decisão judicial, atrasando a entrega prevista para setembro de 2011, não há problema: “Se acontecer isso é uma coisa boa. Melhor do que tirar o fosso. Se for necessário que Campinas fique sem o Castro Mendes mais um tempo, é bom”, diz.
SAIBA MAIS
Antigo Cine Casablanca (erguido em 1953), o prédio do teatro José de Castro Mendes foi adaptado para abrigar espetáculos de grande porte, como óperas e musicais. Sua inauguração com essa finalidade se deu em 17 de março de 1970. A primeira intervenção para a reforma do prédio foi feita em 1972. O teatro permaneceu fechado por dois anos, até ser entregue durante as comemorações do bicentenário de Campinas, na gestão do então prefeito Lauro Péricles Gonçalves. Em 1991, foi novamente fechado para reformas e reaberto somente em 1997. Dez anos depois, sofreu a terceira intervenção, talvez a maior de sua história. O teatro possui um palco generoso, com 23 metros de boca, 20 metros de profundidade e 16 metros de altura.
AS FRASES
“O que está atrasando não é o fosso. É a ignorância de quem quer tirar o fosso. O cara que quer tirar é ignorante, no sentido de ignorar o que é importante para a cultura da cidade.”
JOÃO LUÍS GALVÃO
Representante da Associação Cultural Ribalta
“Nós discutimos todos os aspectos deste projeto à exaustão. O fosso virou o cobertorzinho do Snoopy. Acho que tem que romper essa tradição no Brasil de achar que a gente não merece o melhor. Ao invés do pessoal ver que a gente está fazendo algo profissional, o pessoal vem e pergunta onde está o cobertorzinho do Snoopy. O meu ‘fossinho’?”
JOSÉ AUGUSTO NEPOMUCENO
Consultor técnico da acústica do Teatro Castro Mendes
CAMPINAS E O 'HÁBITO DE DESFAZER AS COISAS'
Tanto o advogado João Luís Galvão quanto o músico Cláudio Cruz lembram a vocação de Campinas para acabar com os teatros de ópera, se referindo ao extinto Teatro São Carlos, demolido em 1965. “Aquele erro histórico vai se repetir agora?”, questiona Galvão.
E Cruz completa: “Campinas está perpetuando o hábito de desfazer as coisas. Nós já tivemos um teatro de ópera incrível que foi derrubado”, lembra.
Arthur Achilles garante que a construção de um auditório com fosso está nos planos do prefeito Hélio de Oliveira Santos. “Com a entrega do Castro Mendes reformado para a população no ano que vem, pensaremos em um teatro de multiuso que atenda também essa demanda operística. Isso está nos planos do prefeito”, garante. (PR/AAN)
Sem o chamado proscenium, haverá mais intimismo
Extinção da área de nove metros vai permitir que o público fique mais próximo do palco, segundo explica especialista.
O fosso do teatro José de Castro Mendes nada mais é do que uma extensão de 9 metros do palco, chamada entre os técnicos de proscenium. Segundo o projeto do especialista em acústica José Augusto Nepomuceno, com a retirada, o teatro ganharia mais quatro fileiras e, o público, proximidade com o espetáculo, o que tornaria o Castro Mendes um teatro mais intimista. “Essa extensão de proscenium coloca os atores muito distantes da primeira fila. É uma distância absolutamente indesejável para um palco onde você quer fazer teatro, música orquestral etc. Se levarmos os aspectos técnicos em consideração, o Castro Mendes está muito mais para um teatro de drama do que para um teatro de ópera.”
Para ele, porém, o argumento mais forte é o fato de que as dimensões do fosso não são condizentes com as do palco. “Esse é um dos muitos cinemas no Brasil que de alguma forma foi adaptado para virar um teatro seguindo regras não muito claras. Então, eu tenho um buraco aqui na frente que a gente está dando nome de fosso de orquestra com dimensões razoáveis que são incompatíveis com a capacidade de cenário, por exemplo. Não adianta nada ter um fosso desse se na caixa cênica não consigo fazer uma montagem compatível. Ele poderá receber espetáculos de teatro, todos os tipos de música: de câmara, sinfônica, popular. Todos os teatros do mundo têm algum tipo de vocação, produções que se enquadram melhor, e este não é um teatro de ópera”, afirma.
Outra razão para a retirada do fosso seria o trabalho que dá para sua montagem e desmontagem. “O fosso tem estruturas metálicas que demoram dois dias e meio para ser montadas e desmontadas. É quase um trabalho de obra civil. Daí eu desmonto o fosso e tenho uma apresentação de balé com orquestra uma vez por ano? Então eu vou prejudicar todas as outras apresentações, drama, música sinfônica, brasileira, de câmara e deixo o meu público a 9 metros de onde ator está para ter uma apresentação de balé uma vez por ano?”, questiona." (PR/AAN)
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COMENTÁRIO DA DENISE:
"Arthur Achilles garante que a construção de um auditório com fosso está nos planos do prefeito Hélio de Oliveira Santos. “Com a entrega do Castro Mendes reformado para a população no ano que vem, pensaremos em um teatro de multiuso que atenda também essa demanda operística. Isso está nos planos do prefeito”, garante."
SABEM QUANDO ISSO VAI ACONTECER ? NUNCA !!!! Ainda mais apoiando a tal de Dilma.
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