Páginas

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

FIM DE TARDE



Amadeu Gois - barítono
Achille Picchi - piano
ETERNAMENTE
Canção de CARLOS GOMES
Recital de Lançamento do Livro
"Minhas Pobres Canções..." de Niza Tank
Centro de Convivência Cultural - Campinas, SP
18.09.2006



CONATI SOBRE CARLOS GOMES:
Nas palavras de Conati sobre Carlos Gomes:
“Algumas características seriam: o ímpeto dramático, o melodismo jamais desmentido, a elegância e a nobreza de linhas, o equilíbrio dos contrastes, o sentido poético, o corte clássico, o dom de abrir o discurso musical, numa curva que não se fecha dentro dos moldes tradicionais do fraseado musical.”



Em telegrama urgente, enviado do Rio de Janeiro em 16 de outubro, expedido às 4 h 20 min da tarde e recebido às 4 h 30 min, descreve-se:





“O Vapor Itaipu, armado em guerra que foi buscar o cadáver embalsamado de Carlos Gomes, aportou hoje a esta capital, trazendo os sagrados despojos do pranteado maestro.
O precioso féretro desembarcou às 2 h da tarde no arsenal de guerra, onde compacta massa de povo, representantes dos poderes públicos e da imprensa o foram esperar.
Dali foi conduzido em piedosa e crescidíssima romaria para a Igreja de São Francisco de Paula, devendo depois das pomposas exéquias religiosas que se estão preparando seguir para Santos no mesmo vapor na próxima terça-feira.”

Na Alemanha houve em 1979, a realização de concerto com trechos de óperas de Carlos Gomes na Escola Superior de Música de Berlim.

O jornal alemão DER TAGESSPIEGEL, Berlim (Ocidental), em 21 de março de 1979:



         “O Consulado do Brasil em Berlim apresentou em colaboração com a Associação Ibero-Americana um Concerto de Óperas, na Sala de Concertos da Escola Superior de Música, dedicado ao compositor brasileiro Carlos Gomes (…)
É mesmo estranho que nós, que falamos constantemente como conhecedores de assuntos e culturas mundiais, possamos ignorar, por exemplo, um compositor que poderia ser comparado aproximadamente a um Donizetti ou a um Pietro Mascagni. Numa velha enciclopédia de Riemann encontro a seguinte informação sobre Carlos Gomes: ‘Nascido em Campinas, Brasil, em 1938 (na verdade foi em 1936), tornou-se logo um admirado compositor do Scala de Milão. Suas óperas, cujos títulos lembram as grandes séries de óperas de Rossini, Bellini, Verdi e Donizetti, como Maria Tudor, Fosca, Salvador Rosa, tiveram na Itália brilhante êxito (…)’
Sentiu-se uma grande curiosidade por conhecer toda a série das grandes óperas de Carlos Gomes.”

CARLO PRATO, do Conservatório Giuseppe Verdi de Milão:



Lamenta em 18 de novembro de 1985, que “grandes cérebros musicais europeus” por muito tempo tenham esquecido Carlos Gomes, o que, “na minha opinião”, disse, “constitui uma discriminação injustificada. Gomes é um grande melodista… um atento instrumentador… um refinado orquestrador… eis porque escreveu tanta música bela, infelizmente ignorada.”

A RAI – Radio Televisione Italiana –




Escolheu para sigla característica de seu programa Ore della Musica, em 1986, precisamente a protofonia de O Guarani que, por sinal, provocou um verdadeiro alvoroço entre seus ouvintes que bombardearam os estúdios com cartas e telefonemas:
“de quem é esta música tão bela? De Mascagni? (…)”

O Diretor Geral, Regisseur, Maestros e Orquestra de Estocolmo em 15 de março de 1945, declararam:




“(…) felizes pelo grande sucesso do notável trabalho de Antonio Carlos Gomes em Estocolmo enviam mensagens a serem depositadas aos pés da sua Estátua (…) manifestando sincero reconhecimento por haver ele com O Guarani grandemente enriquecido o repertório da Ópera Real.”

CURIOSIDADES DO MES DE CARLOS GOMES:
CARTA TRAGICÔMICA





Em carta a sua filha Itala, conta-lhe um incidente tragicômico:
“Barcelona, 5 de julho de 1892
Itala, filha querida do meu coração
Na minha cabine tenho 3 lugares. Estava dormindo sozinho, mas dormia com um olho aberto e outro fechado. Estava cansado. O barulho das correntes da máquina confundia-se com outros barulhos mais perto de mim. O que seria? Mas como poderia compreender o que era, desde que eu estava dormindo meio acordado? E no entanto, bem perto de mim, sucedia um drama meio cômico (…)
(…) Eu estava quieto no meu canto, virei-me até do outro lado dizendo comigo mesmo: são discussões entre mulheres, que se desembrulhem sozinhas. De repente bun! tum! dum paratapatum! O que seria, o que não seria? Era a água de um cano do vapor que se tinha arrebentado, inundando em primeiro lugar a cabine da Sthele (outra artista) e depois passando por outras cabines, tinha chegado até a minha.
Imagine você, minha filha, o salto que eu dei ouvindo o gereré da água… Minhas roupas novas de alpaca, o meu bonezinho com que eu contava me fazer de bonito com as damas de bordo durante a travessia. As minhas camisas, os sapatos, tudo, tudo, foi completamente molhado… digo molhado porque era água, mas ai de mim, era água negra cheia de ferrugem que deixa uma mancha amarela, que ninguém mais pode tirar.
Por felicidade o meu relógio não foi molhado, senão adeus às horas de Milão, que eu venho conservando enquanto me afasto de vocês. O episódio é tragicômico, porque ainda não tenho na cabine a minha outra mala e neste momento vou descer com as minhas roupas ainda úmidas e cor-de-barro, enquanto o alfaiate as entregou bem negras e lustrosas.
Enfim, na espera de poder mudar de roupa amanhã, ocupo-me de comentar o ocorrido e de rir à mesa.
Adeus, querida filhinha, ria você também desta minha aventura, porque antes água do que fogo. Agora só escreverei do Rio, logo ao chegar. Lembranças ao Carletto, à Antonietta , um pedacinho de açúcar ao Blanc e alpiste aos meus caboclinhos.
Adeus, adeus de coração, do teu
Papai”


FRASE DA VEZ:





Em 1893, três anos apenas antes de sua morte, ainda eram essas as suas palavras de dor, escrevendo de Milão a Theodoro:

“(…) JÁ PERDI A CORAGEM. OS MEUS COMPROMISSOS DE FAMÍLIA SÃO GRANDES, AO PASSO QUE OS MEUS ESFORÇOS NÃO CHEGAM NUNCA A VENCER DIFICULDADES CONTÍNUAS. NÃO LHE DIGO NADA DO ENORME ATRASO E DO IMENSO PREJUÍZO QUE ESTOU SOFRENDO, TENDO PERDIDO O MEU TEMPO, GASTANDO AS MINHAS ECONOMIAS À ESPERA DE PROMESSAS FALSAS !(...)
(...) É UM HORROR ! UMA INFÂMIA !...
---------------
Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado em 2011.
------------



 Termina aqui este mes de CARLOS GOMES, portanto não vou mais fazer tantas postagens sobre ele.
Se eu me repeti, peço desculpas a todos: fui fazendo as postagens sem uma programação.
Espero que tenham gostado e que tenha servido para esclarecer muita coisa e para corrigir outras.
Como os comentários foram muito poucos e de amigos, fico sem saber se foram úteis às pessoas que se interessam pela vida e pela obra do nosso querido maestro.
De qualquer forma, foi a maneira que encontrei de homenageá-lo neste mes de Setembro.

DENISE
-----------------

2 comentários:

  1. Denise, o problema é que nem sempre os comentários são postados, pelos menos o meu. Nao sei o porquê; Retrato, de Cecilia Meirels já postei umas 3 vezes.
    Adoro o seu blog - é um descanso para esse mundo poluido.

    ResponderExcluir
  2. Pois é, Carmen, não sei o que é que acontece... eu publico todos...todos os comentários que aparecem em meu gmail para serem publicados.
    Continue mandando, querida...
    Adoro seus comentários !
    Beijo

    ResponderExcluir