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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ARTE - MÃOS MÁGICAS

bailando com as mãos


                           O teatro de sombras é uma arte milenar do oriente e conseguiu encantar encenadores do mundo inteiro. É uma linguagem que integra o campo do teatro de animação, em que estão inseridos os marionetes, bonecos, objetos e máscaras.

         Suas técnicas são relativamente simples: através de uma tela branca onde um foco de luz se acende, sombras de silhuetas de figuras humanas, animais, ou objetos, recortadas em papel, são projetadas em conjunto, ou isoladas nos remetendo a um mundo particular, poético e mágico de histórias, do faz de conta.
 PANORAMA HISTÓRICO

          Em sua trajetória histórica, o teatro de sombras assumiu diversas características de acordo com a cultura da região em que foi produzido. Sua origem é muito antiga, desde o período da Pré-História os homens já se encantavam com suas sombras movendo-se nas paredes das cavernas, e mães teriam desenvolvido o teatro de dedos, projetando sombras diversas com as mãos, para distrair seus filhos. Mesmo com a existência de registros de antigas silhuetas datadas de 2500 e 3000 anos atrás pertencentes a acervos de museus da China e Índia, ainda não se chegou a um consenso quanto a sua origem que pode ter sido em qualquer um desses dois países.

          Como manifestação artística ele é muito popular em vários países do continente Asiático. No Egito por exemplo, o teatro de sombras, cuja forma e técnica desenvolvidas tiveram como inspiração o oriente, surgiu durante o século XII d.C. como forma para apresentar lendas populares e eventos históricos. No século XIII os Mongóis invadiram a China e levaram o teatro de sombras em países islâmicos como Turquia, Síria, Afeganistão que passou a ser utilizado em caráter não religioso. A linguagem já era muito popular há mil anos atrás na Ilha de Java, Indonésia e estudos demonstram a sua existência em países como Tailândia, Taiwan, Grécia e no Norte Africano, principalmente na África Mediterrânea.

                  Chegou à Europa Ocidental somente no século XVIII, na Itália, quando alguns padres católicos utilizaram como recursos para a educação religiosa, as projeções das sombras, fazendo criação de textos e encenações. Entre 1774 e 1859, existiu em Paris um teatro especializado em teatro de sombras chamado “Sombras Chinesas”. E posteriormente foi considerado um dos protótipos do cinema de animação e inspiração para a invenção das máquinas fotográficas e projetores de cinema. No continente americano ainda não foram encontrados registros históricos que revelassem o período exato em que a linguagem do teatro de sombras surgiu.

TEATRO DE SOMBRAS ORIENTAL

China

        O teatro chinês possui cerca de 5 mil anos de idade. Impérios e dinastias vieram e se foram durante toda a história da China. Os primórdios do teatro de sombras datam do período de domínio do imperador Wu-ti (140-87 a.C.), um amante das artes.

Na China existe uma lenda que conta o nascimento do teatro de sombras, revelando aspectos interessantes desta arte de silhuetas:



O Imperador Wu Ti, da dinastia dos Han, teve o desgosto de perder sua dançarina predileta. Havia vinte anos que ele governava com sabedoria e juízo o Império Celeste e seu reinado era dos mais gloriosos de todos os tempos. Mas Wu Ti era muito supersticioso e acreditava na arte de mágicas. Quando certa feita sua dançarina favorita morreu, ele, desesperado, voltou-se para o mágico da corte, exigindo que fizesse voltar à linda defunta do “Reino das sombras”. Caso contrário seria decapitado. Ameaçado o mágico não perdeu a cabeça... O mago usou sua imaginação e através de uma pele de peixe, cuidadosamente preparada para torná-la macia e transparente, recortou a silhueta da dançarina, tão linda e graciosa como ela fora. Numa varanda do palácio imperial, mandou esticar uma cortina branca em frente a um campo aberto. Com o Imperador e a corte reunida na varanda, e à luz do sol que se filtrava através da cortina, ele fez evoluir à sombra da dançarina, ao som de uma flauta e todos ficaram alucinados com a semelhança.

     

A lenda remete às reflexões e considerações relacionadas sobre o fato de que o teatro de sombras chinês procurava resgatar os movimentos do cotidiano tentando convencer àqueles que assistiam ao espetáculo de que a silhueta que estavam vendo, era de uma pessoa verdadeira, e que os temas da dramaturgia do teatro de sombras da China têm como base a vida cotidiana, buscando reforçar valores como amizade, solidariedade, respeito a autoridade e à natureza.


O teatro de sombras da China é mais estilizado com movimentos e gesticulações controladas. Seus figurinos e cores possuem significados próprios, utilizam simbologia, inventividade e não-realismo, e se afastam da estética naturalista, o ator manipulador vai modulando a voz do narrador. É valorizada principalmente a manipulação das silhuetas feitas pelo marionetista que busca através da observação do real os movimentos e traços das figuras representadas. Ele é encenado por atores que cantavam durante a apresentação, obedecendo a um só repertório. Porém era mais comum encontrar um manipulador solista também chamado de Mestre (porque realizava todas as funções no teatro de sombras) em apresentações itinerantes que iam de cidade em cidade, para as festas. Hoje em dia em cada cidade, residem artistas que circulam por vilas próximas.

A formação do ator-manipulador ocorria através de aprendizagem, por tradição, a partir dos quatro anos de idade, observando o pai ou parente próximo e obedecendo a execução de rigorosos exercícios de manipulação. Em seu período de treinamento, o aprendiz deveria dominar a dramaturgia, a confecção das silhuetas e ser exímio manipulador, pois em alguns espetáculos ele deveria manipular, simultaneamente e com sincronia para produzir gestos e ações impressionantes cheias de beleza e veracidade, cenas de combate, totalmente articuladas com diversas varetas e fios de guerreiros montados em cavalos, todos.












A partir de 1966 com novas tecnologias a estética dos espetáculos foi alterada, as varas de bambu foram trocadas por acrílico e a iluminação feita por lâmpadas fluorescentes. Com a criação de academias especificas em 1970, aproximadamente, o ensino deixou de ser restrito no aprendizado por tradição e hoje crianças aprendem na escola as técnicas de silhuetas com reconhecidos professores.

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FRASE DO DIA:



"SENTIR É CRIAR. SENTIR É PENSAR SEM IDEIAS, E POR ISSO SENTIR É COMPREENDER, VISTO QUE O UNIVERSO NÃO TEM IDEIAS." (Fernando Pessoa)
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2 comentários:

  1. Respostas
    1. CORREÇÃO DO PORTUGUÊS:

      "Mas, que bosta é essa ?"

      Primeiro, volte para a Escola, pois, pelo visto, não aprendeu nada...rsrsrs

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