segunda-feira, 13 de setembro de 2010
FIM DE TARDE
SONATA PARA CORDAS - CARLOS GOMES - MOVIMENTO IV - O BURRICO DE PAU
(prestem atenção na DATA !)
Apresentação da Camerata Ivoti na Igreja Nikolai em FRANKFURT/Main no dia 11/02/2010 com apoio do CCBF.
"BURRICO DE PAU"
Poucos anos antes de sua morte, quando ainda se achava em Milão fazendo um passeio por um gênero diferente da ópera, compôs a "Sonata para instrumentos de cordas" – quarteto ou quinteto –, hoje conhecida por "BURRICO DE PAU", dedicada ao Club Sant’Anna Gomes – associação musical campineira dirigida por Sant’Anna, seu irmão.
Possui um quarteto para cordas, mas depois acrescentou o contrabaixo para ser executado por conjuntos de cordas.
Nesse trabalho, os instrumentos são tratados de maneira muito própria, encerrando cada um deles, numa linha de desenvolvimento muito rico, as mais interessantes normas rítmicas, talvez as frases mais expressivas de sua obra.
Ela se compõe de quatro movimentos: Allegro Animato; Allegro Scherzoso; Adagio Lento e Calmo; e Vivace (Burrico de Pau), destacando-se entre eles o caminhante que, por uma simplicidade encantadora, tocando quase as raias da ingenuidade, é sem dúvida o ponto mais elevado desse trabalho e em que a expressão testemunha uma sinceridade surpreendente.
Muito belos são também os primeiro e terceiro movimentos: o primeiro em caráter muito decisivo, entremeado de pequenos divertimentos e o terceiro, cheio de graça, em forma muito pura e característica.
O último tempo, que humoristicamente chamou BURRICO DE PAU demonstra, dentro da forma perfeita em que está construído, grande habilidade na produção do efeito sonoro que, no primeiro violino, reproduz onomatopaicamente, as mudanças cômicas da voz daquele animal.
Esse trabalho mostra de maneira evidente o grande conhecimento que ele possuía do gênero, constituindo para todos nós verdadeira revelação. É lastimável que na sua produção não fossem mais numerosas as realizações nesse gênero puro da música, acrescentando ainda mais uma base na formação do monumento musical brasileiro da música de câmara.
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CURIOSIDADES DO MES DE CARLOS GOMES
“HINO ACADÊMICO”
Branca nuvem de um róseo porvir;
Do futuro levais a bandeira,
Hasteada na frente a sorrir.
Mocidade, eia avante, eia avante!
Que o Brasil sobre vós ergue a fé;
Este imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
O Brasil quer a luz da verdade,
E uma c'roa de louros também,
Só as leis que nos dêem liberdade,
Ao gigante das selvas convém!
Vossa estrela reluz radiante,
Oh! erguei-a vós todos, com fé,
Este imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
É nas letras que a Pátria querida
Há de um dia, fulgente, se erguer,
Velha Europa, curvada e abatida,
Lá de longe que inveja há de ter!
Nós iremos marchando adiante,
Acenando o futuro com fé,
Este imenso colosso gigante
Trabalhai por erguê-lo de pé!
Orgulhoso o bretão lá dos mares
Respeitar-nos então há de vir,
São direitos sagrados os lares,
Nunca mais ousarão nos ferir.
Auriverde pendão fulgurante
Hasteai-o, mancebos, com fé!
Este imenso colosso gigante,
Trabalhai por erguê-lo de pé!
São imensos os rios que temos,
Nossos campos quão vastos que são!
As montanhas tão altas, que vemos,
De um futuro bem alto serão.
O futuro não vai mui distante,
Já podeis acená-lo com fé,
Este imenso colosso gigante,
Trabalhai por erguê-lo de pé!
Nossos pais nos legaram guerreiros,
Honra a glória, virtude e saber;
Nós os filhos de pais brasileiros,
Pela Pátria devemos morrer!
Mocidade eia avante, eia avante!
Que o Brasil sobre vós ergue a fé!
Este imenso colosso gigante,
Trabalhai por erguê-lo de pé!
O piano presente na república Cazuza, torna-a importante para CARLOS GOMES, com vinte e três anos na época e para outro residente, o poeta sergipano, de vinte e cinco anos, Francisco Leite Bittencourt Sampaio.
O "Hino Acadêmico" ou "Hino à Mocidade Acadêmica", apresentado durante concerto em benefício da Sociedade de Proteção aos Artistas, difundiu-se de imediato e CARLOS GOMES é consagrado e eleito o maestro dos acadêmicos e do povo.
Faz uma tournée com o irmão violinista Sant'Anna Gomes pelas principais províncias de São Paulo, hospedando-se em repúblicas estudantis. Esta vida entre amigos, de composições, festinhas, viagens, férias, fins-de-semana, saraus e diversões de juventude aconteceu entre os anos de 1857 a 1859, em que eles se encontram a beber, a jogar voltarete, a recitar versos, a narrar aventuras amorosas, a falar mal dos professores e da escola: uma época descompromissada e feliz.
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FRASE DA VEZ:
"CADA VEZ ME CONVENÇO AINDA MAIS DE QUE A ARTE E OS ARTISTAS DE ALGUM MERECIMENTO, TODOS REUNIDOS, VALEM NADA, EM COMPARAÇÃO A UM SÓ DA POLÍTICA." (Antonio CARLOS GOMES)
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Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado em 2011
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