Páginas

sábado, 16 de junho de 2012

BRASIL É SENZALA


 

Uma senzala chamada Brasil


Cláudio Schamis

 
Somos escravos legalizados, pagadores de impostos e com título eleitoral.
Só pode ser isso. Vivemos numa senzala. Somos escravos da nossa própria incapacidade de enxergar o óbvio ululante. Ou apenas o óbvio. Que se enxergado já poderia ser considerado um avanço da ciência moderna. Mas não.
 Somos escravos das mentiras, faltas de decoro, desmandos dos poderosos, da vulgaridade que se tornou nossa política e nossos políticos (de forma geral, salvo raríssimas exceções). Somos escravos legalizados, pagadores de impostos e com título eleitoral. Recebemos salários, alguns têm plano de saúde, graduação, pós-graduação e até doutorado.

E tudo isso pra quê? Pra ver a história ou novela, como você preferir, se repetir a cada eleição, sempre com o mesmo elenco, que no máximo muda de partido. Não a sua conduta e o seu pensar.
Somos um país desmemoriado. Será que não tivemos passado ? Será que nosso passado foi bloqueado em nossas mentes que somente um profissional fazendo uma regressão conseguiria despertá-lo? Será também que sob hipnose conseguiríamos mudar a nossa história futura?
A nossa história futura deveria ser construída hoje. Teríamos que ser visionários. Deveríamos ter a mesma preocupação em fazer um plano de previdência privada pensando na nossa velhice, em deixar um país melhor para nossos filhos e netos.
Não consigo conceber certas coisas. Não consigo entender que algumas das pessoas que organizam movimentos de protesto sejam as mesmas que na hora H, na hora do apertar de um botão fraquejam e ponham tudo a perder.
Se não fosse verdade alguns desses senhores de engenho não estariam na ativa depois da primeira chibatada. Mas eles são soberanos, imortais na política, imortais em suas falcatruas. Às vezes pegam um como bode expiatório mais como um cala boca do que propriamente pela justiça da Justiça.
Eles podem até falar que não estão nem aí para a opinião pública com a plena convicção que já nas próximas eleições essa fala soará como apenas um maldito por uma pessoa que no momento estava sob pressão. Essa certeza ninguém tira deles. E eles estão certos.
Nós somos os errados. Nós somos os que vivem em devaneios achando que o mundo será melhor algum dia. Que viveremos em harmonia e que nossos representantes irão lutar com o coração por nós. Pensando em nosso bem. Pensando em nosso estar. Ledo engano.
A realidade é nua e crua. Mas se quiser cozida é só pagar. E pode ser com pacotinhos de dinheiro como fez o empresário Walter Paulo que comprou a casa de Marconi Perillo.
Somente na nossa senzala tupiniquim é que iríamos também ver um ex-presidente se achando o tal, o maioral e com a desfaçatez de quem nunca se livrou do poder de tentar dissuadir um ministro a adiar a votação do mensalão que poderia ameaçar a continuidade da ação da quadrilha formada, regulamentada com CPF e todos os documentos em dia. E claro com o alvará de funcionamento dado por nós.
Sinceramente, a cada novo dia vejo ficar mais distante a nossa libertação. 
Estamos presos com raízes que não nos deixam andar nem pensar. Os poucos que andam e pensam não estão tendo a força suficiente para romper as correntes e libertar e dar o grito de independência sem morte que muitos de nós buscamos incessantemente.
Já assinaram uma Lei Áurea. Mas a contrapartida tem sido cara demais. Extasiante demais. Será que se marcarmos um encontro em Berlim ou Paris podemos ter mais sorte?
 VERTIGEM
 

Um comentário: