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segunda-feira, 4 de julho de 2011

ORIGEM DO MENU


 MICHELANGELO É O PAI
Michelangelo desenhou o pai de todos os menus
Não se sabe com que objetivo, mas artista pode ter 
ilustrado o mais antigo menu.
Uma lista de comidas e bebidas, acompanhadas de 
suas respectivas ilustrações, feita em papel com lápis 
carvão, intriga os estudiosos da gastronomia que 
visitam a Casa Buonarroti, misto de museu e 
monumento dedicado a Michelangelo Buonarroti 
(1475-1564), situada em Florença, na Itália.

O escultor da Pietà, pintor dos afrescos da Capela 
Sistina e arquiteto da cúpula da basílica de São Pedro, 
todas essas obras em Roma, pode ter sido o autor do 
mais antigo menu existente. Não se sabe com que 
objetivo ele o fez, por que o ilustrou e em que ano isso 
aconteceu. Já se supôs tratar-se de um elenco de 
pratos levado por um ajudante analfabeto à taverna 
para buscar a comida do mestre. Hoje, acredita-se que 
Michelangelo o enviou à sua cozinheira iletrada, 
indicando os pratos e bebidas que desejava saborear 
no dia.
 Desse modo, teria produzido o primeiro menu 
conhecido do mundo. Curiosamente, as enciclopédias 
de gastronomia o ignoram. A palavra menu é francesa. 
Compreende os pratos que vão ou podem ser 
servidos à mesa. Se pertencer a um restaurante, o 
preço deve aparecer junto ao nome dos pratos. Além 
disso, eles precisam estar na ordem de serviço.

Muitos restaurantes populares, que recebem turistas 
estrangeiros, ainda incluem a foto do prato. É para 
facilitar a compreensão da clientela. Nesse sentido, 
imitam Michelangelo…
Brincadeiras à parte, as enciclopédias de gastronomia 
dizem que a estreia oficial do menu em papel ocorreu 
na segunda metade do século 18, em banquetes da 
corte de Luís XV (1710-74). Até então, imperava a 
surpresa. Os convidados só descobriam o que 
comeriam quando os pratos eram oferecidos a eles. O 
museu do Palácio de Versalhes, residência oficial do 
rei, conserva o cardápio elaborado pelo artista Brain 
de Sainte-Marie para um banquete oferecido a Luís XV 
em 1751. Entretanto, a primazia é contestada pelos 
alemães. Dizem haver lançado o menu em 1521, no 
banquete de abertura da Dieta de Worms. Mas não 
guardaram a prova.
 O de Michelangelo mede 21 cm por 14,5 cm e separa 
os pratos em três grupos. Permite-nos, sobretudo, 
imaginar as preferências gastronômicas do artista. 
Pelo volume, ele teve companhia à mesa. Apesar das 
grafias dialetais, é quase todo compreensível. No 
desjejum, havia dois pães e arenque defumado, 
salgado ou conservado em azeite, talvez com cebola, 
alho e azeite. Para beber, un boccale (jarra de 
cerâmica) de vinho. Ao meio-dia, Michelangelo comeu 
salada, aparentemente à base de couve preta, 
azeitonas, ovo cozido e pedaços de queijo. A seguir, 
um pratinho de espinafre, anchovas e tortelli, a massa 
redonda ou em forma de meia-lua, provavelmente 
recheada com carne de javali. Depois, quatro pães e 
bruscino, um antigo queijo fresco e mole toscano à 
base de leite de ovelha e cabra. Já a última refeição 
reuniu seis pães, dois pratos de sopa de erva-doce, 
um arenque e outra jarra de bom vinho.

Apesar de receber gordas pensões e viver em 
ambiente requintado, Michelangelo se revelou uma 
pessoa de gosto simples. Aliás, era pessoa singela, 
porém de índole impulsiva. Na juventude, ridicularizou 
uma escultura do colega Pietro Torrigiano ou 
Torrigiani (1472-1528) e recebeu deste um soco que 
lhe desfigurou o nariz. "A pequena deformação lhe 
parecerá daí por diante um estigma (…), uma 
mutilação ainda mais dolorosa para quem, como ele, 
era um sofisticado esteta que considerava a beleza do 
corpo uma legítima encarnação divina na forma 
passageira do ser humano", diz o autor do fascículo 
17, sobre ele, da Coleção Gênios da Pintura (Abril 
Cultural, 1967). Michelangelo expressou essa 
obsessão pela arte em todas as obras que nos legou, 
inclusive nos pequenos desenhos do seu menu.
 CASA DA VOVÓ

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