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quarta-feira, 13 de julho de 2011

A VULGARIZAÇÃO DAS ESTÁTUAS


ESTÁTUAS POLÊMICAS

Homenagens a cantores, apresentadores e jornalistas se misturam a obras históricas, poluindo o cenário urbano carioca

 

             A cidade que tem como símbolo a estátua do Cristo Redentor vive, agora, a polêmica do excesso de monumentos que brotam no espaço urbano. No Rio de Janeiro, figuras em bronze proliferam pela orla, ruas, praças e parques. Tudo começou com o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), cuja figura em bronze está sentada em um banco da praia de Copacabana, desde 2002. 
                              Ele virou ponto turístico de sucesso e outras homenagens surgiram no rastro. A questão é o exagero. A prefeitura não fornece o número, mas os escultores que atendem a esse tipo de encomenda formam um portfólio de quase 50 obras espalhadas pela cidade. Uma das mais recentes é a do apresentador Chacrinha (1917-1988) segurando uma peça de bacalhau, no Jardim Botânico, na zona sul.

NA BEIRA DO MAR

                                   Segundo o artista plástico Daniel Senise, esse tipo de homenagem virou uma decisão arbitrária. “Deveria haver um colegiado para decidir quem homenagear e como”, critica. Arquitetos e urbanistas já se preocupam com a grande quantidade de estátuas amontoadas na cidade que, se somadas às históricas, da época em que o Rio de Janeiro foi capital do Império e da República, atingem o espantoso número de 780 – o que significa o maior acervo a céu aberto do Brasil.
                           “O excesso gera uma desvalorização. Ele vulgariza. É comprometedora a maneira como estão interferindo na paisagem urbana”, afirma o professor de arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro Luiz Fernando Janot. Um fator a ser levado em conta é o reconhecimento da obra do homenageado. Flagrada perto da estátua do colunista social Zózimo Barrozo do Amaral (1941-1997), a professora gaúcha Anelise Milane, 46 anos, perguntou: “Quem foi? O que ele fez?”

 

FAZENDO POSE
                      O colunista social Zózimo Barrozo do Amaral foi homenageado no Leblon.
Sobrou até para o busto do presidente Getúlio Vargas (1883-1954), em uma praça da Glória, no centro, apelidado de “cabeção”. “Aquele monumento é horroroso. Simplesmente ninguém gosta”, afirma o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Rio, Carlos Fernando Andrade, que solicitou à prefeitura a retirada da obra por estar em área preservada. 
                  Segundo Andrade, a profusão de estátuas urbanas é uma especificidade do Rio e a culpa seria do sucesso da imagem em bronze do poeta Drummond, um verdadeiro point turístico na cidade. Sobrou para o poeta.

 PRIMEIRO-MUNDO 

2 comentários:

  1. Faltaram duas: Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e do Padre Cícero, ambas na Feira de Tradições Nordestinas, no Pavilhão de São Cristóvão.

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