FILIPPO FILIPPI, no jornal LA PERSEVERANZA de Milão, em 15 de fevereiro de 1873, comenta a respeito da "FOSCA":
“Ontem ao meio-dia houve ensaio geral da Fosca de Gomes no Teatro Scala; foi a portas rigorosamente fechadas, mas a fortuna quis que um bom gênio me levasse a um ângulo escuro do teatro, de onde passei três horas de deliciosas emoções… noi potremmo garantire um completo e colossale sucesso. Antes de mais nada Fosca é uma Ópera, uma ópera verdadeira e completa no mais amplo significado da palavra: o drama que é belíssimo – honra ao poeta Ghislanzoni – ocorre com eficácia e rapidez e Gomes se emancipa das convenções sem jamais cansar.
A instrumentação é verdadeiramente maravilhosa e, seja qual for o êxito desta noite, manteremos sempre nossa indestrutível opinião de que a Fosca é obra de um mestre, de um artista. No Guarany Gomes prometia. Na Fosca mantém as promessas com usura. No Guarany havia incertezas, discordâncias, desigualdades, na Fosca temos criação de um só gesto, unidade e justa medida sem falar nos fortes sintomas de originalidade.”
A GAZZETTA MUSICALE comenta sobre a "FOSCA":
“Pode-se dizer que é indubitavelmente o melhor trabalho do maestro americano. Expressa tudo de sua inspiração selvagem. O gran finale consiste num grito do guerreiro, mas somente Gomes poderia traduzir em música tal filosofia e tais efeitos.”FILIPPO FILIPPI manifestou-se ainda assim, sobre a "FOSCA":
-“Não há na Fosca uma só frase comum ou trivial. Tudo é nobre e grandioso e se não é sempre absolutamente novo, é comparável às composições de Verdi, Wagner, Rossini.”
Segundo MÁRIO DE ANDRADE:
“É talvez, o único momento em que ele pretendeu se elevar acima de si mesmo e avançar em arte, um pouco além do ponto em que jazia a italianidade sonora do tempo.
Mas a força do libretista não dava para tanto. Carecia que a genialidade do compositor fosse tamanha que, apesar do libreto, a sublimidade da música eternizasse a obra.
A Fosca representa qualidades admiráveis, tanto na polifonia, como sob o ponto de vista do trabalho orquestral.
É uma das obras primas da música dramática do século XIX. Ambientação excelente. Música sobre fundo de água, como deveria ser um drama entre corsários e vênetos. Os movimentos barcarolados, os compassos compostos se multiplicam com naturalidade.
Acerta muito bem no princípio lírico-dramático de caracterização especial de cada cena. A todo momento apresenta invenções deliciosas de objetividade dramática. São realmente melodias diversas, elásticas, livres e de excelente plasticidade linear.”
FILIPPO FILIPPI, no LA PERSEVERANZA de Milão, em 8 de fevereiro de 1878, comenta cinco anos mais tarde sobre a "FOSCA":
“O público estava mais disposto para a severidade que para a indulgência, mas as belezas da partitura, a sua força dramática o abalaram. O Maestro foi chamado ao proscênio vinte e duas vezes… Este pleno sucesso da Fosca lisonjeia também um pouquinho meu amor próprio de crítico.
Faz cinco anos… me foi feita a honra de dizer que meus louvores antecipados foram causa do primeiro insucesso. O público, desta vez, esteve longe de tais extravagâncias e foi feita justiça a uma partitura que não apenas é muito superior a outras do mesmo maestro, mas é uma das poucas que transcende da abundante mediocridade.”
No IL PUNGOLO de Milão, em 10 de fevereiro de 1878, lê-se, sobre a "FOSCA":
“E começamos a resumir a crônica em uma palavra; um sucessão. Vinte e quatro chamadas ao maestro – aplaudidas todas as peças – aplausos e chamadas insistentes, calorosas, unânimes no fim da ópera… se isto não pode chamar-se um sucessão, não sabemos que coisa possa merecer este nome… a Fosca é uma bela ópera que ontem de noite agradou grandemente e cada noite que se seguirá agradará sempre mais.”
Escreve a GAZZETTA MUSICALE a respeito da "FOSCA":
“A Fosca de Gomes, que por estes dias é interpretada no nosso Scala, pode-se dizer que é uma ópera quase toda nova, que nada tem a ver com o antigo melodrama do ilustre maestro brasileiro. Foi de tal forma modificada, e especialmente a instrumentação, que se transformou numa nova produção absolutamente original.
Em Fosca, até agora o melhor trabalho do maestro americano, Gomes transfunde todas as suas aspirações de poeta selvagem. As últimas notas do grande final são um grito bárbaro de guerra que, entre todos os maestros, somente Gomes podia traduzir em música com tanta filosofia e tanto efeito.”
Na década de 1870, a "FOSCA" se apresentou em:
• Milão – ´73;
• Buenos Aires, Rio de Janeiro, Bolonha, Londres – ´76;
• Buenos Aires, Rio de Janeiro – ´77;
• Milão – ´78 – a mais cantada na temporada, com 15 récitas e com 24 chamadas do autor na primeira noite;
• São Paulo – ´79.
Na década de 1880:
• Rio de Janeiro, Salvador – ´80;
• Recife – ´82;
• Como –´86;
• Módena, uma memorável apresentação – ´89)
FRASE DA VEZ:
“FUI SACRIFICADO. NÃO COMPREENDERAM A FOSCA. NECESSITO DE OUTRO LIBRETO PARA DAR-LHES MÚSICA ITALIANA." (Antonio CARLOS GOMES)Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado em 2011
No dia de hoje - 11 de Julho - data de seu aniversário de nascimento, gostaria de dizer o seguinte:
Minha intenção é fazer com que se conheça mais sobre o homem e o gênio CARLOS GOMES.
Pelas críticas, pelas cartas que ainda colocarei aqui e por outras curiosidades e acontecimentos, pode-se traçar sua personalidade e ter-se um esboço bastante razoável sobre ele.
Espero sinceramente que sirva para que ele seja mais respeitado e até mais amado, se já não o for, pelas gerações futuras.
Foi com este desejo sincero que pesquisei, lí, estudei, viajei e construí meu livro, que creio eu, este ano de 2011 estará à disposição de todos aqueles que se interessam pelos grandes valores brasileiros.
Sei que serei muito contestada e combatida, mas não me importo.
Faz parte do processo.
Que meus netos, a quem eu dedico meu livro, tenham despertado, através do que eu lhes quis passar, o amor por CARLOS GOMES.
Se isso acontecer, terei cumprido meu dever e terei sido redimida por ele, pelo afastamento de tantos anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário