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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MONTEIRO LOBATO CENSURADO

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MONTEIRO LOBATO CENSURADO 
Lou Micaldas
Fontes: Vários Sites e Wikipédia
                    ""Caçadas de Pedrinho" foi publicado pela primeira vez em 1933. Não havia CNE - Conselho Nacional de Educação - nem saneamento básico. 
Parece que está fora do contexto falar aqui em saneamento básico quando o assunto é racismo.
               Mas falo, porque também a figura do "Caboclo Jeca Tatu"- que em 1924 - surgiu na cena literária e jornalística, representando o povo brasileiro - poderá também vir a ser considerada vítima de preconceito. Acontece que o caboclo sujo, teria virado defunto sujo carregando para o túmulo a fama de preguiçoso e pinguço, se não tivesse encontrado o Dr. Lobato pra curá-lo.
            A história de "Jeca Tatu" foi elogiada por Rui Barbosa negro, jurista, membro da Academia Brasileira de Letras.

           Monteiro Lobato escreveu: "Jeca Tatu não é assim, ele está assim". Jeca Tatu era um pobre caboclo, considerado preguiçoso, que morava no mato. (a palavra caboclo deve ser deletada, merece alguma ressalva ?)

           Ela representa até hoje a figura do caboclo brasileiro, abandonada pelos poderes públicos às doenças, à falta d’água, à carência, à privação das coisas morais ou intelectuais. Ele era doente e sofria de Amarelão, uma doença causada por pequenos vermes que entravam no seu corpo através da pele, principalmente da perna e dos pés. O médico lhe receitou remédios e um par de calçados.
              Depois de curado, transformou-se em um grande plantador e se tornou um rico fazendeiro. "Um país não vale pelo tamanho, nem pela quantidade de habitantes. Vale pelo trabalho que realiza e pela qualidade da sua gente. Ter saúde é a grande qualidade de um povo. Tudo mais vem daí." (Monteiro Lobato)

AS CAÇADAS DE PEDRINHO
                    É vergonhoso que o Conselho Nacional de Educação quisesse eliminar das escolas a grande obra de Monteiro Lobato, por considerar de conteúdo racista ao estabelecer paralelo entre a negra Tia Anastácia e a macaca preta trepando na árvore.
                   As crianças que tiveram a oportunidade de subir em árvores feito macacas - e me incluo entre elas -, com certeza, hoje, na fase adulta, podem lembrar com saudade de uma infância feliz. Nossa turma era composta de macacas pretas e de macacas brancas e ninguém ligava pra isto. 
                  Graças aos bons tempos da ingenuidade, não havia esse policiamento no qual se substitui a espontaneidade do vocabulário por uma linguagem politicamente correta. Preto é preto e branco é branco. Nem se poderia imaginar que um dia eu diria que a minha amiga Vera Lúcia teria que ser chamada de afrodescendente ... cruzes, quantas meias voltas pra falar o nome de uma cor!!!
                   Monteiro Lobato censurado por racismo?
Monteiro Lobato introduziu uma forma lúdica de ensinar literatura, gramática, matemática. E no imaginário de adultos e crianças uma visão profética sobre a descoberta do Petróleo, na história contada em 1937, no "O poço do Visconde": o personagem Visconde de Sabugosa resolve ensinar geologia à turma, e os leva a procurar petróleo no sítio... e não é que acham no galinheiro??? Divertido, né? E depois, em geofísica, inventa uma viagem à estratosfera...
                    Censurar tanta cultura ensinada de forma divertida, só pode ser coisa de ignorante, ou de "maluco beleza", metido a defensor dos oprimidos. O Conselho Nacional de Educação (CNE), ligado ao Ministério da Educação (MEC), divulgou no Diário Oficial da União um parecer sucinto sobre o texto do livro, "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, e sobre os trechos considerados racistas e que são distribuídos em escolas públicas.
                A Tia Nastácia foi e ainda é um ídolo da literatura. Ela personifica aquela babazona querida, divertida, cheia de sabedoria, que está eternizada na memória dos adultos e crianças que leram e que acompanharam "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", obra de Geraldo Casé, visto e revisto na TV. E ele, que tão bem personificou as figuras do livro, deve estar se revirando no túmulo. 
                Ser negra, preta ou afrodescendente não tinha a menor importância, porque não havia essa mania de perseguição sobre as diferenças entre as pessoas. Na realidade, tornou-se uma febre entre as crianças, que sonhavam ter a querida Anastácia como babá. 
E nem em sonho cabia preconceito.

               A dona Benta era uma escrava! Vivia fazendo bolo e costurando... Coitada! Qualquer dia vai surgir no Conselho Nacional de Educação, um alguém pra banir a figura da avó escrava... Ainda mais que a pobre velha só dialogava com a negra analfabeta e ambas limitavam suas vidas a cuidar de terríveis criancinhas que aprontavam travessuras como caçar, subir em árvores e se entupir de doces. 
Que horror! Ora vejam só: livro infantil a incentivar caça à onça? É por isso que elas estão em extinção?
                 Conheço muitos adultos que despertaram o gosto pela leitura, tendo como primeiro livro as histórias de Monteiro Lobato. Foi através da sabedoria de Dona Benta que Pedrinho e Narizinho aprenderam muitos ensinamentos sobre a mitologia grega, geologia, geofísica, matemática, linguagem, gramática, etc.
                     E foi ao lado de Tia Nastácia que eles conheceram e permitiram que milhares de crianças tivessem as primeiras e mais interessantes histórias do Folclore Brasileiro. Elas são narradas com graça, suspense, baseadas na cultura, mas sem o ranço das redações, severamente didáticas e pouco interessantes.

                    Monteiro Lobato inventou a "Bossa Nova" da Literatura. Dona Benta, a dona do Sítio, é avó de Lúcia, a Narizinho, e de Pedrinho. Bem educada e culta ela representa a pessoa que tem conhecimento de tudo a sua volta e em torno do mundo. 
                   Ela se encarrega de ensinar aos netos várias matérias como Física, Geografia, Astronomia e História. É uma doceira de primeira e trata de adoçar a boca das crianças, descrevendo as matérias de um jeito que todos entendem, contando ótimas histórias.
                      E a Tia Nastácia se encarrega de transmitir às crianças histórias do folclore brasileiro, os verdadeiros valores universais, sem se prender a detalhes politicamente corretos, item desconhecido naquela época e que surgiu com a evolução cultural. 
                     Mas, infelizmente, este bem está se tornando uma praga, um atraso ao bem comum, a um convívio mais sincero e mais livre.

                     E nem queria dizer, mas digo: um triste recurso para alguns ganharem notoriedade, postos no cenário político e até uma graninha em caso de indenizações baseadas em Direitos Humanos.


                    Querer criminalizar a fala da Emília: "É guerra, e guerra das boas. Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne negra". 
Ora, Senhor! E ela não tinha carne negra mesmo? Esta é uma livre e pura fala de uma criança de outros tempos! O preconceito está na cabeça de alguns fanáticos que assolam o nosso país! Nenhuma criança se tornará racista por causa de uma história contada com tanto amor. Impossível não ser contagiado pelo sentimento carinhoso que o autor transfere pra negra Nastácia. Mais vale sentir amor, reconhecendo e falando sem restrição da cor da pele dela, do que sentir cerimônia e se distanciar do valor afetivo, da verdade de todas as raças. E destaco que dentro de negros e brancos corre sangue vermelho. Somos uma raça miscigenada! É preciso esclarecer mais?

                Os defensores da cultura genuína não estão dormindo no ponto. A ideia de retirar os livros das escolas e das bibliotecas foi abortada. E, para satisfazer os fanáticos que defendem os negros do racismo, já aceitaram fazer uma chamada, criticando as falas politicamente incorretas. 
                Desgostosa, penso que fazer esta ressalva vai quebrar o brilhantismo da visão neutra sobre a cor da pele descrita naquele tempo, para acender um holofote em cima de um texto que em momento algum se apresentou como ofensivo ao negro, naquela época.
                     Ao contrário: a figura da Tia Nastácia é uma das mais queridas das crianças e de todos nós que a amamos sem sequer pensarmos na cor de sua pele. Aí surgem os estúpidos para cometer o mais absurdo dos equívocos: orientar ou explicar o que não merece explicação."
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COMENTÁRIO DA DENISE:

Não deveria sequer, passar pela cabeça do Conselho Nacional de Educação tamanha cretinice !
O brasileiro já é um povo semi-analfabeto e inculto... "censurar" uma obra como esta de Lobato, é desvalorizar, mais uma vez, nossa história e nosso folclore.
Deveria sim, haver policiamento e censura para a situação precária das escolas brasileiras, ao invés de ficarem se preocupando com personagens de um livro, que só fizeram educar e instruir as crianças, muitas vezes, contra a falta cometida pelas escolas e pelas famílias.
Aprendemos brincando e nos divertindo com as travessuras e as aventuras do Sítio !
Aprendemos e nem percebemos !
Quem dera as crianças de hoje pudessem ter uma babazona como a tia Anastácia !
O que elas tem hoje, são babás loucas ou taradas... são creches que maltratam... é isso que elas tem.
Dona Benta é a avó que toda criança quer ter ! (quem me dera ter só um pouquinho desta avó tão gostosa e bonachona ! )
Quem enfia o preconceito com ferro de marcar gado nas crianças, são os adultos !
Elas não vêem a cor da pele e nem as outras diferenças... a não ser que já tragam este desamor de casa.
Graças a Deus meus filhos cresceram vendo o Sítio pela TV !
E bendito Lobato !
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FRASE DA VEZ:
 "Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar." (Monteiro Lobato)
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PRETO E BRANCO OU BRANCO E PRETO ?
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