JOSÉ PEDRO DE SANT'ANNA GOMES
by Duílio Battistoni Filho
Sant'Anna Gomes - meu trisavô
"José Pedro de Santana Gomes foi compositor, regente e professor e nasceu em Campinas a 1 de agosto de 1834.
De família de músicos, aos 12 anos, Juca, como era conhecido na intimidade, tocava na banda do pai, o maestro Manoel José Gomes, juntamente com seu irmão Carlos Gomes.
Nos dias de festas, nas cavalhadas anuais, nas procissões, nas retretas dominicais e festas, era comum encontrá-los; José na clarineta e Carlos Gomes nos ferrinhos.
Durante lustros de intensos estudos, Santana Gomes , além de adquirir um formidável arsenal técnico, reuniu profundos e dilatados conhecimentos histórico-musicológicos que lhe facultaram assumir, na vida musical campineira, uma das posições mais eminentes que um músico pode desfrutar.
Além da clarineta, dedicou-se também ao violino, pois, propunha uma mensagem sonora que trouxesse beleza e nobreza a todos aqueles que amassem a verdadeira música. (...)
Com a morte do pai em 1868, Santana passa a dirigir orquestras e bandas como a Philofêrnica, formada por moços do comércio, a do Teatro São Carlos e a que levava o seu nome.Apresentou-se como primeiro violino em diversos concertos no Clube Haydn de São Paulo.
Santana compôs música dramática, de câmara, instrumental, vocal, polcas, valsas, mazurcas e outras.
Todas de inspiração delicada.
Não foram as operísticas italianas e alemãs os seus modelos, mas os mestres da música de câmara, principalmente Mozart, em quem se abeberou como uma espécie de unção religiosa.
De sua lavra saíram belas composições como a ópera Alda, em quatro atos, que chegou a ser enviada à Itália por Carlos Gomes.
O libreto, escrito por Emílio Ducati em italiano e traduzido por Benedito Octávio, foi apresentado na íntegra por Álvaro Miller em 1906, numa sessão literária, realizada nas dependências do Centro de Ciências, Letras e Artes, cuja fundação em 1901, teve em Santana Gomes um de seus idealizadores.
Nesse local, criou o Departamento de Artes e promoveu as primeiras representações de música clássica.
(...)
Deixou ainda uma ópera chamada Semira, infelizmente inacabada, com somente dois atos. Não podemos esquecer outras composições, como Frederiquinho, valsa para piano, Lamento das Órfãs, encenada por ocasião da inauguração do Asilo de Órfãs da Santa Casa de Misericórdia, um quinteto - Saudade - dedicado ao irmão e um quarteto para cordas, dedicado a D. Pedro II, em agradecimento dispensado pelo imperador a Carlos Gomes, durante a sua estada na Europa.
Santana participou da campanha abolicionista com a composição O Filho da Lavadeira com letra de Francisco Quirino dos Santos.
Vale ressaltar que os espetáculos promovidos pela Sociedade Dramática Atletas do Futuro, no palco do São Carlos, visavam arrecadar fundos para alforria dos escravos.
Por ocasião da inauguração da Matriz Nova (Catedral) em 1883, Santana compôs a música Ave Maria Stela com a participação da mezzo-soprano Adelina Lopes de Souza Gonçalves.
Outro fato marcante na carreira de Santana, foi a composição do prelúdio da Pastoral, cujo texto foi escrito por Coelho Neto, na época, professor do Culto à Ciência, levada à cena no Teatro São Carlos, em 1903, sob a regência de Alberto Nepomuceno.
Além de músico, Santana teve outras atividades: foi Juíz de Paz, presidente da Junta Militar e Vereador.
Chegou a ter dois estabelecimentos comerciais a Harpeolina Musical e a Santa Gomes Oficina de Pianos, para venda de partituras e instrumentos musicais.
Numa atitude pioneira, custeou a instalação dos dois primeiros lampiões de querosene instalados na cidade, na Rua das Campinas Velhas (atual Avenida Moraes Sales).
Casado com d. Deolinda, teve cinco filhos, sendo que muitos deles atingiram renome mundial, como Alfredo Gomes, célebre violoncelista, com cursos na Bélgica e mais tarde, professor da Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro e Alice Gomes Grosso, pianista de fama mundial.
O jurista Pelágio Lobo, que o conheceu, assegurava que Santana vivia em condições modestas, apesar de ter deixado uma chácara no bairro da Guanabara, nas imediações do Liceu Nossa Senhora Auxiliadora, próxima à rua que mais tarde, receberia seu nome.
Seu corpo está sepultado no Cemitério da Saudade, em terreno da Ordem Terceira do Carmo."
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FRASE DA VEZ:"Uma obra de arte é um ângulo visto através de um temperamento." (Émile Zola)
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E O VENTO LEVOU...--------------
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