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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FERNANDO PESSOA - O POETA PLURAL



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O GRANDE  FERNANDO PESSOA

                “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já  tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos  levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não  ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”(Fernando Pessoa)

                 "Maravilha! E tem tempo para todo mundo se organizar e conferir PESSOA.
                 Tudo que não quero esquecer, anoto em pedaços de  papel rasgados com a mesma pressa da letra torta. Tarefas corriqueiras,  nomes de livros que pretendo ler, frases que ouvi de desconhecidos na  rua, pílulas de textos e músicas. Faço isso simplesmente para me  contrariar: sou uma desmemoriada. Por causa dessa mania, vira e mexe, me  surpreendo ao fazer faxina numa bolsa, nas estantes, nas caixas de  fundo de armário. Semanas atrás, enquanto virava fotos de um álbum  antigo, encontrei o trecho acima, escrito pelo poeta português que tanto  recriou a si próprio por meio de heterônimos.

                A exposição “Fernando Pessoa, plural como o universo”,  inaugurada nesta última terça (24), no Museu da Língua Portuguesa,  trata justamente disso. Ansiosa, dei um pulo lá ontem mesmo.


              Mestre dos heterônimos, Fernando Pessoa acreditava que "o poeta é um fingidor"...

“O poeta é um fingidor”

              Seis cabines interativas  recepcionam os visitantes e apresentam algumas “máscaras” de Pessoa  (como Ricardo Reis, Álvaro Campos e muitos outros). Entrei numa delas e  um sensor detectou o movimento do meu braço: logo foi projetado um poema  de Alberto Cairo e sons de passarinhos tomaram conta do espaço  destinado ao “guardador de rebanhos”. 

                 São cerca de seis exemplos em cada  cabine – basta simular uma mudança de página sobre a imagem e as letras  se embaralham, transformando-se em nova obra.

                        Na entrada da exposição, instalação  com cadeiras e mesa, além de seis cabines interativas para retratar a  obra de seus mais famosos autores fictícios.

                       Relembrei as aulas de literatura do colegial ao reparar que, além  da multiplicidade no estilo, até as assinaturas dos heterônimos guardam  diferenças. 

                       Como ele podia vestir até a própria caligrafia? Ele mesmo  admitia que “o poeta é um fingidor”. E concluiu, em outro momento, que  não tinha mais personalidade, pois a teria dividido entre tantos  autores: “sou hoje o ponto de reunião de uma pequena humanidade só  minha”.

                    Labirinto de espelhos brinca com a ideia de multiplicidade do poeta lisboeta.
                    Passeando pelas paredes azuis e por imagens de Lisboa, voltei aos  tempos e mares que inspiraram Pessoa. Navegar era preciso. 

                   Documentos e  manuscritos antecedem a  segunda etapa da viagem sensorial pela  exposição. Lá encarei um labirinto de espelhos, onde um texto escrito ao  contrário só podia ser entendido por um jogo de reflexos. 

                   Por ali, não  me pergunte onde exatamente, aprendi que Bernardo Soares era um sábio  ajudante de livros. E anotei no verso de uma folha:

                          “Nunca amamos alguém. / Amamos tão somente / a ideia que fazemos de alguém. / É um conceito nosso– em suma, é a nós mesmos – que amamos”.

                             Parede negra com tinta que brilha no  escuro traz trechos de poemas do homenageado. Após sua morte, foram  descobertos 25 mil originais.

                            Uma espécie de Ipad gigante digitalizou a edição de “Mensagem”,  único livro publicado por Pessoa, com observações feitas à mão pelo  autor. Dá para virar as páginas dessa preciosidade e ampliar os  rabiscos. 

                            No corredor ao lado, está a cronologia da vida e da obra  daquele que escreveu o primeiro poema aos 7 anos, cursou letras, teve  apenas uma namorada e morreu de pancreatite aguda aos 47 anos. Só então  foram encontrados 25 mil originais numa arca e ele foi considerado o  maior poeta português do século XX.

                           Ipad gigante: digitalizada, a primeira edição do livro Mensagem tem observações do autor.

                          Não deixe de reparar nos dois vídeos que funcionam como janelas no  fundo do andar. Em um deles, o mar bate constantemente sobre as pedras. 

                          No outro, uma multidão de gente caminha enquanto há ondas de foco na  imagem e declamam-se outras composições do homenageado.

                           Documentos e manuscritos nas vitrines, bancada com obras sobre Pessoa e corredor com cronologia de sua vida.

                           Na última parte da mostra, um pêndulo simboliza o tempo entre duas  caixas de areia. Nelas, um efeito sensacional faz com que poemas sejam  escritos como se alguém usasse um graveto: “Valeu a pena? Tudo vale a  pena se a alma não é pequena”. 

 Minutos depois, a espuma de uma onda  alcança o texto e dissolve tudo. 

                          Pêndulo em movimento simboliza o  tempo. Na caixa de areia são projetados trechos de poemas. Em poucos  minutos, um efeito de onda dissolve tudo.

                          Sob curadoria do pesquisador americano Richard Zenith e do  professor Carlos Felipe Moisés, a exposição promovida pela Fundação  Roberto Marinho fica em cartaz até 30 de janeiro de 2011."

“A morte é a curva da estrada, / Morrer é só não ser visto” (Sem título, 23/05/1932)

Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº, Centro, tel. 3326-0775, www.museudalinguaportuguesa.org.br
Ter. a dom., 10h/18h. Nas últimas terças de cada mês, aberto até 22h.
Ingressos: R$6
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FRASE DA VEZ:


"Tenho em mim todos os sonhos do mundo" (Fernando Pessoa)
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O PENSADOR

 
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