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sábado, 30 de julho de 2011

S.O.S... ZOOS

O ABANDONO DOS ZOOLÓGICOS

                      Se pudessem falar, os macacos, jacarés, leões, elefantes, aves, girafas, tigres, estariam denunciando as más condições em que vivem em muitos zoológicos brasileiros. Como não falam, sofrem até morrer. 
                      A alta mortandade nos zoos acendeu a luz vermelha para o Ibama. Das 111 unidades do País, 77 estão inadequadas e 44 foram obrigadas pelo instituto a fechar nos últimos 20 anos. 
                     O mais recente a ser fechado foi o ZooNit, de Niterói, no Rio de Janeiro, na quarta-feira 13, por causa de uma sucessão de irregularidades. 
                    Remédios vencidos, desnutrição, convívio com animais domésticos, falta de espaço e de estrutura, poluição sonora e superlotação são alguns dos motivos. Os animais foram transferidos para outras unidades e estão recebendo tratamento médico. Também o Zoológico de São Paulo está com problemas: em menos de 30 dias, houve duas mortes, de um leão (em junho) e de uma girafa (este mês), por doenças. 
                           Por decisão da fundação que administra o zoo de São Paulo, o número de animais vem sendo reduzido: de 4.200 bichos em 2002, caiu para cerca de três mil. A ideia é diminuir a superlotação e oferecer melhores condições.
O presidente da Sociedade de Zoológicos do Brasil diz que o grande número de inadequações se deve ao alto custo que esses santuários têm com manutenção e obras. 

                         O dinheiro arrecadado com a venda de ingressos não é suficiente e poucos prefeitos ajudam. “Na época em que a maioria dos zoológicos foi criada não havia tantas exigências. Hoje, precisamos ter infraestrutura adequada, com setores de nutrição e de quarentena, além de espaços mais confortáveis”, afirma.
                        A interdição deve ser o desfecho da crise do zoo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde a prefeitura reconhece as más condições em que vivem os bichos. 

                        Criado em 1934, em um parque no centro da capital gaúcha, a unidade ficou mais exposta à poluição e ao barulho em razão do crescimento da cidade. Para agravar a situação, frequentadores do parque jogam restos de alimentos e de cigarro nos recintos dos animais.
                        No fim do ano passado, quatro macacos-prego morreram de estresse e depressão. Este ano, outros cinco ficaram doentes com este mesmo diagnóstico. “Nenhum pai ensina algo de bom ao filho mostrando um ser que está em confinamento. É uma coisa inaceitável. Eu defendo a transferência (dos 84 bichos) para um local adequado, como um criadouro em meio à natureza”, afirma a primeira-dama da cidade, que foi designada para encontrar um novo local.
                        Em São Paulo, uma girafa morreu.
Em Goiânia, Goiás, um impasse entre o Ibama e a administração do zoológico impede a reabertura do local, fechado ao público desde 2009. 
                            A interdição se deu devido ao grande número de mortes. Um hospital veterinário deveria ter sido construído, mas a administração se limitou a reformar o ambulatório. O plantel é hoje composto de cerca de 500 animais, 180 a menos que seis anos atrás. Em 2009, foram registradas 109 mortes; no ano passado, 59. “Estamos cumprindo as exigências e vamos construir o hospital”, diz o diretor do zoológico. 



                                 O zoo do Rio de Janeiro, que fica em um belíssimo parque na Quinta da Boa Vista, não tem tido boa avaliação nas fiscalizações. Na última inspeção do Tribunal de Contas do Município, “chamou a atenção o percentual de óbitos ocorrido”. Em 2007, as mortes de mamíferos chegaram a 17%; no ano seguinte, foram 13%. 
                                Há deficiências no quadro de pessoal e necessidade de reformas no hospital veterinário. O Ibama do Rio promete intensificar a fiscalização sobre a unidade. O diretor técnico da Fundação RioZoo atribuiu o grande número de mortes naqueles anos à idade avançada do plantel. 
                          Segundo ele, em 2009 o percentual foi de 15% e no ano passado caiu para 10%. “O zoológico foi inaugurado em 1966 e parte dos animais é daquela época. Temos dificuldade em tratar animais apreendidos entregues em péssimas condições. Aceitamos por ser uma emergência”, alega Fedullo. O zoo do Rio enfrenta outra dificuldade, esta nacional: a falta de parceiros para cruzamentos. Uma elefanta vive sozinha e não tem como procriar.
Apesar de ter suas instalações consideradas exemplares pelo Ibama, o zoo de Belo Horizonte, em Minas Gerais, registrou, no ano passado, grande número de mortes de aves – 83 óbitos. Sobraram 612 aves.

                            O problema foi acompanhado de perto pela fiscalização, que constatou que o inverno rigoroso foi o motivo. “Os papagaios sofrem com as temperaturas baixas e muitos tiveram até pneumonia. É um problema difícil de ser evitado”, explica Maria Beatriz Boschi, analista ambiental do Ibama.
                            A configuração dos zoológicos, com o aprisionamento dos animais, mesmo com o melhor atendimento possível, é questionada por especialistas. 

                           As últimas décadas, no mundo inteiro, a tentativa é de criar recintos maiores e mais parecidos com o habitat dos bichos. “Não há como separar aprisionamento de sofrimento. O poder público deveria priorizar a criação de parques com trilhas, onde os animais possam ser observados em liberdade”, defende um dos  veterinários. 

SEMPRE CAMÉLIA

3 comentários:

  1. Defendo esse veterinário. Os animais devem ser observados em seus habitats naturais. Se vc quer ver um elefante ou um canguru vá à região onde eles vivem. E não o contrário. Agora, com a internet, fica fácil e mais barato conhecer animais que não podemos ver "in loco". Portanto, chega de zoológicos. No máximo, teremos necessidade de locais de estudo e reprodução assistida de animais em extinção, como o caso dos pandas, que após alguns anos são reintegrados à natureza. E vamos acabar também com safaris e/ou expedições para matança indiscriminada de animais por deleite, "pesquisa científica" ou por interesse comercial. Não condiz com a verdadeira natureza humana a ser cultivada....Liliana

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  2. Concordo em gênero, número e graqu com você, Ro !!

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