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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

FIM DE TARDE

"O GUARANI"



"IL GUARANY": ÓPERA EM 4 ATOS(Brazil,1829-1877)


Cecilia : Veronica Villarroel
Pery : Placido Domingo
Don Antonio de Mariz (Cecilia's father): Hao Jiang Tian

ATO 4 / QUARTO ATO

Gran scena e terzetto finale ultimo : "Padre!" - "Con te giurai di vivere"

Orchestra der Beethovenhalle Bonn
John Neschling
1994.

"O GUARANI" DE CARLOS GOMES


Por dois anos, CARLOS GOMES e Scalvini trabalharam na ópera, tirando um personagem, substituindo por outro etc.
Com os obstáculos, foi-se conduzindo lentamente: poeta e músico tinham personalidades idênticas; apaixonados ao extremo, cada um queria fazer prevalecer o seu ponto de vista – era a busca da perfeição sem o entendimento das partes.
Para apaziguar as coisas, foi chamado o poeta d’Ormeville que juntamente com Scalvini, elaborou afinal o libreto. Os conflitos continuaram e CARLOS GOMES pediu então, a d’Ormeville que terminasse o libreto.
Suas músicas são originais, têm um sabor característico e selvagem, evocando a nossa selva e a nossa natureza. Seus acordes fogem a qualquer influência, o que demonstra a sua espontaneidade própria e diferente. É o apogeu de um gênio transbordante de talento.


Na noite de estréia, às sete horas, CARLOS GOMES, de aparência muito calma, jantava no Hotel Milano, em companhia do regente da orquestra do Scala, alguns amigos e seu irmão Sant’Anna.
Com o teatro repleto, o público rompe em entusiasmados aplausos a cada trecho, depois de cada ato; são quinze, dezesseis, dezoito chamadas ao autor e no final da ópera, público, adversários e maestros estão vencidos, escravizados e rendem a devida glória ao novo astro que surge.
O sucesso de "O GUARANI" constitui um dos maiores triunfos que se relatam na história da música de todos os países.


O romance de José de Alencar foi publicado em momento tal que só poderia obter, como obteve, estrondoso sucesso.
Uma história, para servir de enredo a uma ópera naquele exato momento, necessitava de tudo que O Guarani tinha: triângulo amoroso, luta do bem contra o mal, amor paternal e filial, atos de heroísmo, situações de desespero, catástrofes, mortes violentas e ocasiões para grandes cenas inesperadas, como a flecha de Peri transpassando a mão do inimigo, o batismo, a explosão do paiol de pólvora. Além disso tudo, o romance de Alencar era generoso em descrever crenças indígenas, ritos, costumes de povos estranhos aos europeus, muito distantes de tudo o que existia na Europa.



A ópera estreia em Milão em 1870 e logo ganha outra abertura, apresentada pela primeira vez em 1871.
"IL GUARANY" foi a primeira ópera dele escrita na Itália: uma ópera-balé em quatro atos. A história se passa no Rio de Janeiro em 1560. Aimorés e Guaranis em guerra. Cecília, filha de um fidalgo português enamora-se do índio Peri, líder da tribo guarani. É um sonho romântico em que índios e brancos se unem numa narrativa de amor.
O romance foi escrito em 1857 por José de Alencar. Cecília é cobiçada pelo aventureiro espanhol Gonzáles e D. Álvaro, nobre português. Por engano, um dos caçadores de D. Antonio, pai de Ceci, mata uma jovem índia Aimoré e os índios querem vingança. Por pouco, Ceci não é a primeira vítima da ira dos índios, sendo salva por Peri, um Guarani fiel à família.



Mais tarde, Peri confessa amor a Ceci; descobre uma conspiração dos aventureiros contra D. Antonio, que tentam raptar Ceci e mais uma vez a salva.
A fortaleza é invadida e o casal é preso. Desta vez, é D. Antonio que salva Peri. Há nova conspiração contra ele que pede a Peri que fuja levando Ceci, pois a fortaleza está prestes a explodir.

A procura de instrumentos indígenas foi outro tormento. Em certos trechos de música nativa eram necessários borés, tembis, maracás ou inúbias. Como não os encontrou pela Itália, andou por toda a Milão e mandou fazê-los, sob sua direção, numa famosa fábrica de órgãos, em Bérgamo.
Foi uma correria para que pudesse achar quem fabricasse os instrumentos indígenas – inúbias, borés, maracas, coquinhos. Ele percebia que ali estava um dos segredos para o sucesso da ópera: mostrar instrumentos exóticos em meio a uma solenidade de índios antropófagos era o máximo do desconhecido, ainda mais se, por cima de tudo aquilo, viesse uma música cheia de harmonias, de combinações inusitadas e de ritmos quebrados.



"O GUARANI" iniciara sua interminável carreira triunfal. Cantou-se em todos os teatros da Itália e do estrangeiro: Rússia, Áustria, Portugal, Dinamarca, Holanda.


Minha bisavó, Alzira, meus filhos e eu
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FRASE DO DIA:


(...)“O PÚBLICO DA ÓPERA PEDE GRITARIAS, CIÚMES, TRAIÇÕES, MORTES E MAIS MORTES." (Antonio CARLOS GOMES)
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Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado em 2011
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