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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O MENINO QUE GANHOU UM RIO

O MENINO QUE GANHOU UM RIO
Manoel de Barros
 Minha mãe me deu um rio.
Era dia de meu aniversário e ela não sabia, o que me presentear.
Fazia tempo que os mascates não passavam naquele lugar esquecido.
Se o mascate passasse a minha mãe compraria rapadura ou bolachinhas para me dar.
Mas como não passara o mascate, minha mãe me deu um rio.
Era o mesmo rio que passava atrás de casa.
Eu estimei o presente mais do que fosse uma rapadura do mascate .
Meu irmão ficou magoado porque ele gostava do rio igual aos outros.
A mãe prometeu que no aniversário do meu irmão ela iria dar uma árvore para ele.
 Uma que fosse coberta de pássaros.
Eu bem ouvi a promessa que a mãe fizera ao meu irmão e achei legal.
Os pássaros ficavam durante o dia nas margens do meu rio e de noite eles iriam dormir na árvore do meu irmão.
Me irmão me provocava assim: a minha árvore deu flores lindas em setembro. 
 E seu rio não dá flores!
Eu respondia que a árvore dele não dava piraputanga.
 Era verdade, mas o que nos unia demais eram os banhos nus no rio entre pássaros.
Nesse ponto nossa vida era um afago!

OS TRES PATETAS

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