A viagem bucólica de Eça de Queirós
Essa complacência tardia pela pátria é um dos traços notáveis de um de seus últimos escritos, o conto Um dia de chuva. A charmosa narrativa, escrita em Paris, foi publicada após a morte do escritor e, no Brasil, havia sido lançada anteriormente apenas como parte de uma coletânea de obras completas.
Na rápida leitura do livro – das 56 páginas, 13 são de ilustrações do artista Eloar Guazzelli, feitas especialmente para o volume –, o leitor pode conhecer alguns dos prazeres da vida rural portuguesa do século XIX experimentados conflituosamente pelo solteirão ocioso José Ernesto.
No começo da narrativa, o personagem de Lisboa se encontra encurralado pela chuva num casarão desabitado do século XVI, ao norte de Portugal. José Ernesto começa então a questionar a decisão, tomada alguns dias antes, de ir até a propriedade rural com o intuito de comprá-la.
Ao longo do conto, as defesas urbanas de José Ernesto vão sendo confrontadas pela cozinha de província (pratada de ovos fritos, frango guisado), pelos vinhos regionais e, enfim, pelos campos, que numa rara estiagem “repousavam sob a paz da noite, saciados, e mudos”.
No começo da narrativa, o personagem de Lisboa se encontra encurralado pela chuva num casarão desabitado do século XVI, ao norte de Portugal. José Ernesto começa então a questionar a decisão, tomada alguns dias antes, de ir até a propriedade rural com o intuito de comprá-la.
Ao longo do conto, as defesas urbanas de José Ernesto vão sendo confrontadas pela cozinha de província (pratada de ovos fritos, frango guisado), pelos vinhos regionais e, enfim, pelos campos, que numa rara estiagem “repousavam sob a paz da noite, saciados, e mudos”.
Mas, antes, o tédio. O famoso “o que vim fazer aqui?” bate mais de uma vez à porta do quarto da quinta centenária em que José Ernesto se hospeda. Impossibilitado pela chuva de conhecer o resto do terreno, ele se rende à prosa inicialmente desinteressante do padre Ribeiro, o responsável por acompanhar o visitante.
É quando pequenos raios começam a abrilhantar o horizonte de José Ernesto, irradiados pelos relatos de padre Ribeiro sobre os cabelos loiros “como ouro” de D. Joana, a filha do proprietário do imóvel. Aos poucos, José Ernesto vai encontrando um bom motivo para sair na chuva.
É bonito seguir José Ernesto em seu encontro com a natureza nesse enredo que, nas palavras do crítico literário Antonio Candido, é “fino e leve como a teia de aranha”.
CREPÚSCULO
Excelente o comentário do crítico.
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