Páginas

sábado, 4 de setembro de 2010

MINIMALISMO LITERÁRIO




O MICROCONTO

"Já no Parnasianismo do século XIX, pregava Olavo Bilac a um poeta: a Arte pura, inimiga do artifício, é a força e a graça na simplicidade."
Talvez o microconto seja o gênero que leve o "Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua" ao seu limite extremo.
A rigor, o microconto seria um subgênero do conto, que trabalha as palavras de forma sucinta.
Conta uma história com o mínimo possível de caracteres, deixando-a livre às interpretações externas.
Mas até que ponto pode ser considerado literatura ?
O tamanho do microconto não o impede de ser considerado gênero literáruio.
Toda definição de microconto passa pela idéia de narratividade, ou seja, a propriedade de uma narrativa breve, ou brevíssima de contar uma história completa, valendo-se da idéia de que "menos é mais".
Para isso, deveria contar com personagem, recorte espaço-temporal, ação e abertura às diferentes interpretações.
O exercício de debruçar-se sobre a economia textual, fazer cortes em toda construção supérflua e conseguir a concisão parece fácil, mas não é.
Mesmo historicamente, as narrativas teriam passado por reduções a partir de Ernest Hemingway e Edgar Allan Poe e teria chegado ao extremo da concisão, como no famoso microconto do guatemalteco Algusto Monterroso: "Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá."
Como o espaço do microconto é reduzido, seria muito difícil encontrar características importantes do ponto de vista da literatura, da forma, dentro de um microconto.
Os embates em torno do microconto ser ou não um gênero literário sempre existirão.


"QUANDO ACORDOU, O DINOSSAURO AINDA ESTAVA LÁ." (Algusto Monterroso)


"O ÚNICO QUE LUCRAVA COM SUAS LOUCURAS ERA O SEU PSIQUIATRA." (Samir Mesquita)


"O GALO CANTA AO AMANHECER, AVISANDO O AMANTE DA MULHER DO GUARDA-NOTURNO QUE É HORA DE SE VESTIR E CORRER." (Carlos Seabra)


"ERA HORA DE DAR UM SALTO NA VIDA. ESCOLHEU A JANELA DO DÉCIMO ANDAR." (Samir Mesquita)


"FOR SALE: BABY SHOES, NEVER WORN." (Ernest Hemingway)
---------------
FRASE DO DIA:



"TODOS SABEM FAZER HISTÓRIA, MAS SÓ OS GRANDES SABEM ESCREVÊ-LA."(Oscar WIlde)

2 comentários:

  1. Ás vezes descubro-me minimalista na poesia.
    Poucas palavras que abrem um leque de entendimentos.

    Beijo

    beijo de dor
    beijo de amor

    beijo amargo
    beiijo ácido
    traidor

    enfim: beijo,
    simplesmente um beijo
    seja lá como for!

    rogoldoni
    13 04 2009

    ResponderExcluir
  2. Ótima análise de contos minimalistas.

    ResponderExcluir