MAESTRO CARLOS GOMES: CAMPINAS - A ESCOLHIDA ? POIS, SIM...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

CAMPINAS - A ESCOLHIDA ? POIS, SIM...

by Vera Pessagno Bréscia

"Campinas, como a terra de CARLOS GOMES, foi uma das cidades brasileiras escolhidas para receber o projeto "Ópera no cinema", que aconteceu no mes de agosto no Shopping Prado.
Em outubro teremos uma nova etapa do projeto, desta vez com a apresentação simultânea de óperas ao vivo diretamente do teatro Metropolitan Opera House de Nova York, atualmente o grande centro operístico do planeta.
Com isso, fica completamente desmistificado o fato de que a ópera é espetáculo elitista e inacessível à população.
Com um ingresso de cinema você pode assistir a uma superprodução da maior qualidade artística, desfrutando do conforto de um excelente cinema."

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COMENTÁRIO DA DENISE:

Campinas não foi escolhida nem por ser a terra de CARLOS GOMES e nem por seus "belos olhos". Campinas foi escolhida, porque conta com mais de um milhão de habitantes e interessa sobremaneira aos cofres americanos.
Apenas e tão somente por isso, e mesmo sendo uma cidade "grande", comporta-se como provinciana, se achando o máximo dos máximos.
Se CARLOS GOMES interessasse aos americanos, suas óperas estariam incluídas nessas mega-produções, não acham ?
Se 1% dos campineiros gostar de ópera,(ou fingir que gosta só pra fazer pose) já dará muito lucro a eles.
Quanto ao Metropolitan, não pode ser considerado "o" grande centro operístico do planeta.
Quem conhece a Europa sabe disso muito bem. Há belíssimas e importantíssimas Casas de Ópera espalhadas pela Europa e é lá que está a história e a cultura, não em Nova York. Americano é bom de "dimensões".
Americano é bom pra "fast-food", para construir mega-shoppings, mega-parques, mega-edifícios, mega-tudo. É só nisso que ele é bom.
E nós, como bons "papagaios" que somos, copiamos e repetimos tudo o que vem de lá e quando não o conseguimos, aplaudimos como loucos, achando tudo o que eles fazem "lindo", o mais lindo do planeta.
Quanto à ópera ser popularizada, acho uma ótima sugestão, desde que o brasileiro se eduque um pouco e aprenda a se comportar em ambientes requintados e elegantes.
Um bom exemplo de como somos um povo mal-educado e de como nos falta cultura e erudição, é este texto, de Ali Hassan Ayache:

COMPORTAMENTO DO PÚBLICO NOS TEATROS DE ÓPERA E SALAS DE CONCERTO
Ali Hassan Ayache

"O comportamento do público nos teatros de ópera e salas de concerto é, como dizia Nelson Rodrigues, uma tragédia em 40 atos. O aumento da freqüência de pessoas nesses teatros trouxe uma galera que não sabe se portar diante de um concerto ou de uma ópera. Cometem as mais variadas atrocidades e sempre acham que estão certos. Abaixo seguem alguns pecados capitais do público mal educado :

ATRASOS- Toda vez algum "Zé Mané" chega atrasado e consegue entrar, atrapalha quem está assistindo ao espetáculo, faz barulho e incomoda a todos. Temos dois erros: O atrasadinho e os teatros, estes só devem permitir a entrada dos que se atrasam no intervalo.

CELULARES- Não adianta anunciar para desligar bips e celulares, sempre um aparelho toca e algumas vezes o dono tem a cara de pau de atender e conversar como se estivesse na praia. Quando o celular não existia ninguém morria sem ele.

CÂMERAS- Muitos querem eternizar o espetáculo nos sites de relacionamento, tiram fotos com flash. Isso prejudica e desconcentra quem está no palco. A nova moda é as pessoas postarem suas câmeras e ficarem filmando o espetáculo. Haja Youtube.

CASAIS DE NAMORADOS- Vale para heteros e homos, acham que o teatro é um motel. Namoram de maneira acintosa, forçada e desrespeitosa. Em breve, teremos Ménage à Trois e Swing.

PAPO FURADO- As pessoas andam inquietas, não conseguem fechar o bico. Falam o tempo todo, alguns acham que são regentes e ficam mexendo as mãos, outros pensam que são cantores, cantam as árias com o solista. Ninguém quer ouvir uma voz chata ao fundo. A mulherada adora uma bala, o barulho delas abrindo a bolsa e desembrulhando a danada, no meio de um silêncio sepulcral, irrita.

PALMAS- O brasileiro adora aplaudir, aqui se aplaude até os medíocres. Muitas vezes, o solista sequer acabou de cantar a ária, basta uma pausa de meio-segundo e a turma do aplauso se manifesta. Bravura e euforia, sempre nos levantamos para mostrar nossa satisfação com a apresentação. A bailarina pode cair de bunda no chão trezentas vezes e o solista pode quebrar mil notas, tudo acaba em festa no país do carnaval.

LUGAR MARCADO- Muitos tentam mudar de lugar, procuram uma cadeira melhor ou fazem de conta que não sabem nada a respeito. Quando chega o dono da cadeira o circo está armado.

TOSSE- É só apagar as luzes que a turma do reumatismo ataca. Tossem por todos os lados. O regente Daniel Baremboim chegou a oferecer seu lenço a um espectador que estava incomodando. Na sala São Paulo tiveram a idéia de servir balas, ajudou muito.

CADEIRAS VAZIAS- Muitas vezes, o teatro está com ingressos esgotados, pessoas se espremem na bilheteria por uma entrada e não conseguem. Mas, quando começa o espetáculo temos cadeiras vazias. Ingressos de patrocinadores vão parar nas mãos de quem não se interessa pelo tema e acabam desperdiçados. Não vai assistir, ache alguém que se interesse.

PIORES ATROCIDADES PRESENCIADAS POR ESTE ESCRIBA:
"João e Maria", no Teatro Municipal de São Paulo em 2004, as mães nem deram atenção para o aviso que era proibido filmar ou fotografar. Soltaram suas câmeras e fotografaram à vontade.
"Giselle" com o ballet Nacional de Cuba, 2009 no Credicard Hall. Os bacanas acham que podem tudo e fazem o que bem entendem. Atrasaram o espetáculo em 30 minutos, conversaram bastante, chegaram atrasados, aplaudiram insistentemente, levantaram toda hora e namoraram muito. Tudo isso na presença da grande bailarina cubana Alicia Alonso, a mulher deve ter ficado horrorizada.
Sala São Paulo, Concerto da OSUSP, 2010, as conversas não pararam e as palmas explodiam no intervalo de cada movimento. É o Brasil !"
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COMENTÁRIO DA DENISE 2:
É por essas e outras que temos que "babar" em cinema mesmo, comendo pipocas e bebendo cocas, mesmo que seja pra assistir a uma "Aída" ou a um "Rigoletto", ou mesmo a um "Barbeiro de Sevilha", porque combinamos bem é com jogos de futebol pela TV, aos domingos ou às quartas à noite.
Esse é o Brasil da Dilma, meu povo !