O desacreditado filme "Cisne Negro" consagra-se com cinco indicações ao Oscar e alavanca a carreira, até então morna, da atriz Natalie Portman.
“O Discurso do Rei” lidera a corrida ao Oscar, concorrendo em 12 categorias. Mas a grande surpresa é a indicação, a cinco estatuetas, do thriller psicológico “Cisne Negro” – é candidato inclusive a melhor filme, ilustrando uma autêntica fábula do mundo cinematográfico.
Como um patinho feio de Hollywood, essa produção barata (US$ 13 milhões) dirigida por Darren Aronofsky, cineasta sem grande poder de barganha na indústria do cinema, vinha sendo adiada havia mais de uma década. Antes de cair nas graças da 20th Century Fox, o projeto passou por diversos estúdios que não quiseram se arriscar.
Ainda assim, não tinha o seu orçamento garantido duas semanas após o início das filmagens. Para a sua protagonista, a atriz Natalie Portman, a produção que estreia no Brasil na sexta-feira 4 se traduz em um conto de fadas em que o acaso se mostrou providencial. Ela se comprometeu a atuar na história desde o início, quando ainda era uma artista inexperiente.
Não estava, obviamente, no ponto de encarar um papel tão desafiador. Aos 30 anos, já tentara se afastar das garotas doces e graciosas e chegou a interpretar uma prostituta em “Closer, Perto Demais”.
Só agora, no entanto, como uma bailarina que praticamente enlouquece para conseguir o papel central de um balé, está provando a sua maturidade. Os prêmios são consequência: após receber o Globo de Ouro, ela aparece como a grande favorita do Oscar. É o patinho feio que virou cisne.
BASTIDORES DA DANÇA
Além do rigor dos ensaios, o filme mostra a insegurança da bailarina Nina (Natalie) e o abuso de poder do diretor artístico Leroy.
No primeiro esboço, a história do filme se passaria na Broadway e trataria da rivalidade entre duas atrizes. Aronofsky preferiu adaptá-la para o mundo da dança e, assim, pôde usar como mote os personagens de um dos balés mais famosos do mundo, “O Lago dos Cisnes”, com música do compositor russo Piotr Illich Tchaikovsky.
Nessa coreografia, uma princesa (Odete) é amaldiçoada e se vê transformada em um cisne branco. Perde também o amor do príncipe, seduzido por um malévolo cisne negro (Odile). Uma das particularidades do balé é que a mesma bailarina interpreta os dois personagens plumados. No filme, Nina, a dançarina encarnada por Natalie Portman, mostra-se tecnicamente perfeita para encarnar Odete. Mas, segundo o exigente (para dizer o mínimo) diretor artístico Thomas Leroy (Vincent Cassel), não tem o “desregramento” para viver também Odile. É quando entra em cena a bailarina rival, Lily (Mila Kunis), que mostra à amiga o que é saber usar a sensualidade.
Natalie foi escolhida por Aronofsky por ter estudado balé clássico na infância. E isso faz toda a diferença. Ela passou por dez meses de treinamento com uma ex-instrutora do New York City Ballet, que impunha turnos de cinco horas por dia, cinco dias na semana. Em meio às filmagens, teve uma costela deslocada.
A não ser em algumas passagens mais difíceis, dança o tempo todo, sem auxílio de dublês. Bailarinos em atividade elogiaram o seu trabalho, mas ela já avisou: “Deixo a dança para os profissionais.” Um deles é Benjamin Millepied, do New York City Ballet, que foi o coreógrafo oficial do filme e atua como o príncipe nas cenas de dança. O envolvimento entre os dois foi tão intenso que eles estão se relacionando desde então e esperam o primeiro filho. Não é mesmo um conto de fadas ?
PASSEANDO NO CÉU
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