De três a cinco meses é o de que necessitou para escrever "CONDOR", aliás, mais um esforço de verdadeira criatividade que o faz superar-se tecnicamente em relação a tudo o que escrevera, apesar do pouco tempo que teve.
Aos 55 anos, trabalhou dia e noite fumando muito e bebendo muito café. O maestro já estava doente, mas não se cuidava.
Em agosto de 1891, veio pessoalmente ao Rio para supervisionar a produção da estreia brasileira, mas a ópera não alcançou o sucesso esperado.
No Brasil, a República e na Itália, a giovane scuola contribuíram para o desinteresse, não justificável, mas totalmente compreensível, diante do valor artístico da obra do genial maestro. Era mais que natural que houvesse desinteresse também pelas óperas de CARLOS GOMES.
Todos os de sua geração, Ponchielli e Verdi inclusive, passam por um período de baixa dos espetáculos de ópera no mundo inteiro.
Não houve decadência da música de CARLOS GOMES, nem da de Verdi. O que houve foi uma nítida redução de interesse do público e consequentemente, dos empresários e da imprensa. Muita gente boa da história da música passou por semelhante problema, teve um final de vida obscuro, enquanto suas obras atingiam o máximo de rendimento, aproximando-se da perfeição.
Para CARLOS GOMES foi um grande prêmio o triunfo de "CONDOR" na estreia em Milão em 21 de fevereiro de 1891 e nas suas nove apresentações seguintes, apesar de ele mesmo reconhecer não se tratar de uma ópera de fácil compreensão.
O prelúdio é visto como um verdadeiro diamante.
CURIOSIDADES DO MES DE CARLOS GOMES
O Conservatório de Música do Rio de Janeiro, como a maior instituição musical brasileira de todos os tempos, teria, entre outras, a atribuição de indicar ao Governo Imperial e não ao Imperador, o nome de um aluno que demonstrasse aptidões excepcionais ou de um artista julgado merecedor, a fim de que fosse aperfeiçoar-se na Europa, à custa do Tesouro Público, por intermédio de uma série de leis e decretos:
“Aos professores reunidos em Junta compete:
– Fazer ao governo as propostas de que trata o art. 2 e 4.
– Propor ao governo, de cinco em cinco anos, o nome de algum aluno ou artista que se haja distinguido por seu talento transcendente a fim de ser mandado à Europa, aperfeiçoar-se na música.”
CARLOS GOMES deveria seguir para a Europa, não à custa do dinheiro público, mas de empresários teatrais particulares:
Art. 2, § 7: Os empresários são obrigados a manter à sua custa na Europa o aluno que o diretor do Conservatório de Música designar para se aperfeiçoar na arte da composição musical.
O contrato que o Governo Imperial celebrou em 1º de setembro do ano p.p. com uma nova empresa para sustentação da Ópera Lírica Nacional, no § 7 do art. 2, impõe a condição seguinte: Os empresários são obrigados a manter à sua custa na Europa o aluno ANTONIO CARLOS GOMES, que se acha em aptas circunstâncias, o qual foi por intermédio desta Academia e contra sua vontade, honrado com o hábito da Imperial Ordem da Rosa pela sua primeira ópera – A Noite do Castelo – e que acaba agora de apresentar a sua ópera Joanna de Flandres com feliz sucesso, confirmando assim seu notável progresso (…)
Logo depois de sua escolha pelo Conservatório, recebe de Francisco Manuel a comunicação de sua indicação:
Rio, 30 de outubro de 1863
“Snr. ANTONIO CARLOS GOMES
Como diretor do Conservatório de Música da Corte do Rio de Janeiro, lhe faço saber, que tendo Vm.ce sido por mim nomeado para, na qualidade de aluno do mesmo Conservatório, ir completar os seus estudos de composição em Milão: o Exmo. Sr. Marquês de Olinda, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, dignou-se a aprovar essa nomeação em Ofício a mim dirigido com data de 24 de outubro do corrente ano e bem assim, determinar o prazo de quatro anos para o dito estudo e com a pensão anual de 1:800,000 (moeda corrente) que lhe será paga nesse país em trimestre adiantado.
Tendo ainda a comunicar-lhe que, pelo mesmo Ministro, será expedida à Legação Brasileira em Turim, as recomendações necessárias para auxiliá-lo na sua missão, assim como para fazer cumprir as instruções durante sua estada na Europa, das quais Vm.ce receberá uma cópia, além da que vai oficialmente dirigida a dita Legação.
Francisco Manoel da Silva
Diretor do Conservatório de Música”
No Diário do Rio de Janeiro de 6 de setembro, lê-se:
“Aplauda-se sem reserva ao mancebo ousado, que sem incerteza e tentamen ganhou num dia a coroa artística tão invejada que tantos gênios tem banhado com suores de sangue e de angústias! (…)”
FRASES DA VEZ:
1. Em 4 de outubro de 1894, escreve a Salvador de Mendonça:
(...)“PROPUS A FUNDAÇÃO DE UM CONSERVATÓRIO DE MÚSICA EM CAMPINAS, DIRIGIDO POR MIM: OFERECÍ-ME PARA OS CONSERVATÓRIOS QUE ESTÃO SENDO PROJETADOS EM PERNAMBUCO, EM MINAS - NEM RECEBI RESPOSTA.”
2. “SE EU MORRER LONGE DO MEU BRASIL, QUERO QUE CUBRAM MEU ESQUIFE COM A BANDEIRA AURI-VERDE DA MINHA PÁTRIA E COM ELA QUERO SER ENTERRADO."
3. “MEU REINO POR UM LIBRETO."
Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado.
ICHHHHH !!...
Um aniversário bastante festejado!
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