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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

UM POUCO DE CARLOS GOMES 12



 DOM PEDRO II  AJUDOU,  DEODORO FERIU 


CARLOS GOMES não encontrou respaldo na politica dominante. 
Os  golpistas DEODORO e FLORIANO, sabendo-o protegido por D. Pedro II, deposto  e exilado, amarguraram sua luta para sobreviver.  Se não fôsse a  providencial intervenção do então governador do Pará, Lauro Sodré, que  o nomeou diretor do Conservatório de Música de Belém, teria morrido e sido enterrado como indigente. 

Quando faleceu a 16 de setembro de 1896, foi aclamado pela população. O banimento da Família Imperial entristeceu o povo brasileiro. Quando o Imperador agonizava, o presidente da França Sadi Carnonot, visitou-o no modesto Hotel Bediford e deu-lhe honras de chefe-de-estado. 

O Cura de Madalene, o abade Le Rebours, paramentado, ministrou-lhe os últimos sacramentos. 
Enquanto que no Brasil, com CARLOS GOMES dava-se o contrário: Dom Tomé de Souza, bispo de Belém, negou-se a ministrar a "extrema-unção" ao maestro, visto ser CARLOS GOMES membro da Maçonaria.
Dom Macedo Costa, recusou-se também. 

Esta é a Igreja !
A propósito, a mãe de CARLOS GOMES, Fabiana, também não recebeu a "extrema unção", por haver sido "assassinada". Nem se aceitou enterrá-la no pátio da igreja.
Não se sabe onde está enterrada até hoje.



OS BENS DE CARLOS GOMES


O jornal A Província do Pará publica:


“Na Catedral, logo que ali chegarem os restos do imortal artista, terão começo os ofícios religiosos. Após o ato religioso, que se revestirá de máxima solenidade, seguirá o préstito pelo Largo da Sé, calçada do Colégio, travessa Marechal de Pombal até o trapiche do Lloyd Brasileiro, onde o féretro será embarcado no Itaipu, partindo este em seguida. A Basílica está mais bela do que nunca, com o suntuoso estrado de quatorze metros de altura, forrado de veludo preto, com três andares superpostos. Tocheiros e piras cercam-no na base. Sobre tudo, uma pirâmide coroada por uma lira de ouro coberta de espesso crepe. Mais de duzentas luzes ardem; a alma ante tanta e tal suntuosidade, sente-se pequena.”

O jornal A Província do Pará, em 16 de outubro de 1896, comentou:

“De todos os móveis e mais pertences existentes na casa em que residiu o Egrégio Maestro Carlos Gomes, à travessa Quintino Bocaiúva, antiga do Príncipe, 59, o preposto do agente Furtado, competentemente autorizado, venderá em leilão, hoje às 14 h, todos os móveis e mais objetos que serviram de pertence ao grande maestro Carlos Gomes, a seguir:

Mobília de mogno, estantes, etageres, espelhos, vãos, tapetes, adornos de sala, guarda-roupas de mogno com portas de espelho, dito de cedro, toillete de mogno, lavatório, cômoda, cama de mogno, mesas de cabeceira, quadros, escarradeiras e outros artigos, mesa elástica, carteira americana, aparador, guarda-comida, guarda-louça, trinchante, aparelho de porcelana para jantar e chá, louças, cristais, talheres de prata e objetos diversos.”




CURIOSIDADES DO MES DE CARLOS GOMES


ENTERRO DE CARLOS GOMES

Foram os seguintes Órgãos, Instituições e Sociedades que estiveram presentes no funeral de CARLOS GOMES:

Jornal A Província do Pará;

Associação Paraense de Propaganda das Belas Artes;

Loja Maçônica Firmeza e Humanidade;

Consulado da Itália – agente consular Frederico Poli;

Jornal A República de Belém;

Jornal Diário de Notícias de Belém;

Jornal Folha do Norte de Belém;

Jornal Diário Oficial de Belém;

Jornal Ordem e Progresso de Belém;

Jornal O Amigo do Povo de Belém;

Jornal O Pinheirense de Belém;

Jornal A Cidade de Bragança de Belém;

Jornal O Curupira de Belém;

Jornal La Nacion de Buenos Aires;

Jornal La Estrella Del Oriente da Bolívia;

Jornal Século de Lisboa;

Jornal Ilustration de Paris;

Imprensa da Capital Federal e dos Estados;

Jornal Diário da Bahia;

Jornal de Notícias da Bahia;

Correio de Campinas;

Clero Católico;

Jornal do Recife de Recife;

Exército e Armada Nacional;

Poder Judiciário;

Jornal Pacotilha do Maranhão;

Câmaras Municipais de Belém e Interior

Diário do Maranhão do Maranhão;

Jornal O Pão de Fortaleza;

Revista Elegante de São Luís do Maranhão;

Jornal O Amazonas Comercial de Manaus;

Congresso Legislativo Paraense;

Sociedade Portuguesa Beneficente;

Colégio Atheneu Paraense;

Estado-Maior do Regimento Estadual;

Santa Casa de Misericórdia;

Corpo de Cavalaria do Estado;

Instituto Paraense de Educandos Artífices;

Colégio do Amparo;

Representante do Grêmio Musical Carlos Gomes de Curitiba;

Representante do Clube Carlos Gomes de Natal;

Arsenal de Guerra;

Alfândega do Pará;

Clube Naval do Grão-Pará;

Instituto Odontológico da Capital Federal;

Escola de Santa Maria de Belém;

Colégio São José;

Colégio Minerva;

Colégio Antunes;

Orphelinato Paraense;

Colégio da Imaculada Conceição;

Conservatório de Música;

Congregação do Lyceu Benjamin Constant;

Sociedade Propagadora do Ensino;

Clube Deus, Pátria e Liberdade;

Mina Literária;

Assembleia Paraense;

Escola Normal;

Sociedade Cametaense;

Loja Maçônica Aurora;

Loja Maçônica Harmonia e Fraternidade;

Loja Maçônica Renascença e Firmeza;

Loja Maçônica Humanidade;

Corpo Médico do Regimento Estadual;

Primeiro e Segundo Batalhões de Infantaria;

Corpo de Bombeiros e Guarda Nacional;

Oficialidade das Forças Federais;

Estrada de Ferro de Bragança;

Intendência Municipal de Belém;

Marinha Peruana;

Câmara dos Deputados e do Senado;

Governo do Pará – Governador Lauro Sodré, representando o Presidente da República e o Ministro do Interior;

Tribunal Superior de Justiça – alguns representantes;

Clube Naval;

Escola de Maquinistas e Pilotos;

Colônia Italiana – alguns representantes;

Colônia Israelita – alguns representantes;

Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro;

Comissões de Representantes das Nações Estrangeiras

Intendências do Interior – alguns representantes e outros...


Durante  três dias, a população carioca desfila, reverente e comovida, ante o  cadáver do Maestro e o poeta Oscar Guanabarino manifesta-se:

“Se não deixaram entrar Carlos Gomes vivo no Instituto Nacional de Música, eu o fiz pelo menos, entrar depois de morto!”



FRASE DA VEZ:

Caricatura de Dimas Restivo

CARLOS GOMES reclama do calor excessivo e do difícil trabalho com a gente do teatro, mas conclui:

“QUALQUER QUE SEJA, PORÉM, O CLIMA DO PARÁ, QUAISQUER QUE SEJAM OS PERIGOS DO CLIMA PARA MIM, EU CREIO QUE SERÁ FORÇOSO VOLTAR PARA LÁ NO PRÓXIMO MES DE JUNHO DE 1896."


Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado.

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