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quarta-feira, 20 de julho de 2011

ESCRITORES NOVOS


Procuram-se jovens escritores
                      Quais são os principais candidatos brasileiros a fazer parte da seleta lista de escritores publciados pela revista "Granta".
                      O editor da Granta inglesa, John Freeman, durante o anúncio da edição Os melhores jovens escritores brasileiros, na Flip. A publicação poderá guiar os rumos da literatura brasileira. 1. Capa da primeira edição de Os melhores jovens romancistas britânicos, de 1983, com Ian McEwan e Salman Rushdie. 2. Em 1996, foi lançada a primeira edição americana da seleção. 3. A primeira versão em língua espanhola saiu em 2010.
                          Estão abertas as inscrições para integrar os mais altos postos no futuro da literatura brasileira. Desde o dia 10, a cultuada revista literária inglesa Granta, editada no Brasil pela editora Alfaguara, recebe material para compor sua primeira antologia de autores brasileiros com menos de 40 anos. O volume Os melhores jovens escritores brasileirosserá publicado no Brasil em julho de 2012 e depois terá edições traduzidas no Reino Unido e nos países de língua espanhola. O anúncio, que ocorreu no início do mês, durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), causou uma súbita mobilização de escritores interessados em integrar a lista dos 20 escolhidos. “Estava na Flip e, no mesmo momento do anúncio, a decisão de me inscrever já estava tomada”, diz o escritor paulistano Eduardo Baszczyn, de 34 anos.
                              Fundada em 1889 na Universidade de Cambridge, a Granta começou a tornar-se relevante em 1979. Alunos da pós-graduação da faculdade resolveram revitalizar a publicação editando apenas o melhor da nova literatura em língua inglesa. Batizada com o antigo nome de um rio que corta Cambridge, a Granta era, até então, um jornal esporádico em que estudantes publicavam textos próprios impressos por um mimeógrafo. Em 1983 veio a mais famosa de suas edições, Os melhores jovens romancistas britânicos. No formato de um livro, o volume trazia textos inéditos de 20 escritores, entre eles Ian McEwan, Kazuo Ishiguro, Julian Barnes e Salman Rushdie. “É uma edição impressionante, espantosa”, diz Marcelo Ferroni, editor brasileiro da Granta e um dos jurados da seleção. “Todos eles eram desconhecidos até então e hoje são consagrados.” Dos 20 nomes, cinco já ganharam o Man Booker Prize, uma das maiores premiações de literatura escrita em inglês.
                          O sucesso do formato fez com que a Granta repetisse a experiência de selecionar novos autores britânicos em 1993 e 2003, além de criar uma versão americana, que já teve duas edições, em 1996 e 2007. No ano passado, veio a público a primeira versão em espanhol – com autores de países como Argentina, Espanha, Peru, Chile e Bolívia –, cuja tradução em português acaba de sair pela Alfaguara. Isso significa que Os melhores jovens escritores brasileiros será a primeira edição dedicada apenas a um país de língua não inglesa.
                          Superadas as restrições de idade e de ter ao menos um texto publicado em livro, o principal critério para entrar na seleção brasileira da Granta será a qualidade dos textos inéditos (contos ou trechos de romances) que devem ser enviados para avaliação. “Vamos avaliar a produção anterior dos inscritos, mas os textos que eles enviarem é o que mais importa”, afirma Marcelo Ferroni. “A coletânea será publicada no exterior e precisa ser boa como um todo.” Isso abre portas para autores pouco conhecidos. “É justo. De modo geral, as antologias funcionam ao contrário, com o organizador definindo os participantes e então solicitando os textos a eles”, diz a autora porto-alegrense Carol Bensimon, de 28 anos. “É interessante que não se parta dos trabalhos prévios do autor, de seu nome no mercado e de sua rede de relações.” Para o editor da Granta inglesa, John Freeman, a edição representa um grande risco: os organizadores não têm ideia do tipo de material que vão receber. Pode ser ótimo ou não. Como os padrões da Grantasão bem elevados...“O risco vale a pena. Há algo empolgante acontecendo no Brasil, e nós queremos ajudar a mostrar isso.”
                        A iniciativa de publicar agora a antologia de autores brasileiros deve-se à percepção de que há dez anos surgiu no Brasil uma leva de novos escritores que se caracterizam quase sempre por uma “prosa urbana e dicções individuais”, segundo o crítico Manuel da Costa Pinto, autor do livro Literatura brasileira hoje. “Mas, se falarmos em mercado internacional, ainda não há presença de literatura brasileira, com a exceção óbvia de Paulo Coelho”, diz Luciana Villas Boas, diretora editorial da Record, uma das maiores editoras do país.
Em 2013, isso deverá mudar. É o ano em que o Brasil será o país homenageado do maior evento de livros do mundo, a Feira de Frankfurt, na Alemanha. 
                        Entre os preparativos para a feira está a iniciativa da Biblioteca Nacional, divulgada no início do mês, de liberar R$ 12 milhões para traduzir e reeditar obras brasileiras no exterior. Porém, sem um filtro que detecte os principais autores atuais em prosa, a feira corre o risco de exibir apenas não ficção, literatura infantil e obras de séculos anteriores. Na Flip, o veterano crítico Antonio Candido, de 94 anos, disse que hoje a academia não assume riscos nem avalia a produção dos jovens autores. O lançamento de Os melhores jovens escritores brasileiros corrige essa falha. É uma possibilidade de orientar o rumo da nova literatura brasileira.
BRANCA-DE-NEVE

Um comentário:

  1. Uma belíssima iniciativa.
    Eu, daqui a dois anos, se aqui estiver, vou me inscrever e concorrer no "Talentos da Terceira Idade", que também é um excelente projeto.

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