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sábado, 30 de julho de 2011

BUFFETS INFANTIS SEM SEGURANÇA


TUDO SEM ALVARÁ
                         Os aniversários de criança, antes comemorados em casa apenas na companhia dos pais e alguns poucos amigos, representam hoje um mercado cada vez mais lucrativo. Impulsionado pelo crescimento econômico das famílias brasileiras, o segmento de festas infantis está em plena expansão no País. 
                   Há atualmente 900 empreendimentos do tipo somente na cidade de São Paulo – único dado disponível no País. 
No primeiro semestre de 2011, o setor cresceu 3,5%. 
Conforme o faturamento aumenta, também cresce a competição. 
Para se destacar, as casas investem em shows, atrações pirotécnicas e brinquedos idênticos aos dos parques de diversões, cobrando valores que alcançam a cifra de R$ 8 mil para uma festa de 100 pessoas. 
                 Porém, tais brincadeiras muitas vezes não vêm acompanhadas de segurança. 
A advogada Vanessa Nespoli, 30 anos, e seu marido, Heber Carneiro de Moraes, 33, despencaram de uma minimontanha-russa do Buffet Aquarela Kids, na zona leste da capital paulista. 
Ao cair de uma altura de cinco metros, Heber sofreu ferimentos leves. Vanessa bateu a cabeça, foi socorrida, mas não resistiu e morreu. 

Buffet Aquarela Kids                    
Quando se fala em regulamentação desse tipo de equipamento, o Brasil é uma terra de ninguém. Apenas em março deste ano, o País passou a ter normas técnicas próprias para a fabricação e operação desses brinquedos, por iniciativa de empresários do setor. 
Não há sequer um projeto de lei na Câmara Federal sobre o assunto, ao contrário dos Estados Unidos, onde existem órgãos especializados na fiscalização de tais aparelhos. 
                “Cabe às prefeituras vistoriar os atestados de responsabilidade técnica emitidos por engenheiros sobre a condição de funcionamento dos brinquedos”, afirma o presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil. “E isso também se aplica às atrações dos bufês.” 
Inspeção que fica difícil se considerarmos que muitos locais não têm nem alvará para funcionar, segundo revela um empresário da área, que não quer se identificar. “Conheço casas de eventos que estão há mais de dez anos no mercado sem alvará definitivo”, diz.
                         A falta de rigor produz um terreno fértil para tragédias como a do Buffet Aquarela Kids. O local funcionava sem licenciamento da prefeitura. 
Após ser multado três vezes, num total de R$ 19 mil, foi interditado duas semanas antes do acidente, mas reabriu mesmo assim. 
A Polícia Civil abriu inquérito pelo crime de desobediência e está apurando as responsabilidades pela tragédia. 
Estão marcados depoimentos do proprietário do bufê e do dono da ReiCenter Parque de Diversões, que fabricou a minimontanha-russa. 
                     Após a morte de Vanessa, o Departamento de Controle de Uso de Imóveis fiscalizou outras três unidades da Aquarela Kids em São Paulo. 
Duas estavam fechadas. 
Na terceira, os fiscais encontraram irregularidades estruturais e ausência de laudos técnicos dos brinquedos. 
O órgão planeja publicar portaria, nos próximos dias, para regulamentar o uso dos equipamentos pelos bufês. Para Vanessa, a atitude veio tarde demais.

 BEBÊ INDEFESO

Um comentário:

  1. Que as vistorias sejam uma rotina permanente, e não, "uma satisfação" precária à sociedade pós-acidentes.

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