FECHAR A GUARDINHA ? SERÁ O FIM !
ARITA DAMASCENO PETTENÁ - minha querida amiga !
"Não, eu não quis acreditar.
Mas infelizmente era verdade.
E mais triste ainda: saber
que essa ideia macabra, estúpida
e de desconhecimento
tal do trabalho digno e responsável
que as Guardinhas
desenvolvem para a comunidade,
fez de um vereador—e
ele ainda se diz representante
do povo—o autor de um projeto
estapafúrdio que corta o
direito de dar aos nossos jovens
oportunidades maiores
de se integrarem em uma Associação;
sim, uma Associação,
onde como futuros Homens
de Amanhã, coisa que a
gente tanto sonha dentro de
um mundo onde os políticos,
salvo raríssimas exceções, são
mais desacreditados, tal o jogo
de interesses, sobretudo, a
desonestidade que tem sido a
tônica em muitas de nossas
Câmaras.
Mas se alguém não conhece
de perto a história bonita
dessa que é uma das mais respeitáveis
instituições de algumas
cidades, aqui vai nossa
defesa, repetida há muitos
anos, já que convivo com a
guardinha há mais de 40
anos, desde que ela surgiu.
Ninguém desconhece que
no país dos tecnocratas inventa-
se tudo. Projeto Esperança.
Criança na casa, os pais
na rua. Só que sem emprego,
sem expectativa, sem mais
apego pela vida, a criança
também vai para a rua. Enquanto
isso, os pais, cansados,
confinam-se em míseras
favelas. E longe da esperança
que só existe no papel, unemse
os petizes em bando. Cheiram
cola, fumam crack. Tornam-
se aprendizes da malandragem.
Graduam-se em
trombadinhas na escola sem
mestre da sobrevivência. Não
há escolha. E a escalada do
crime se torna inexoravelmente
o pão de cada dia a matarlhes
a fome de justiça, diante
da insensatez dos que ditam
regras, mas desconhecem as
raízes do problema.
E foi pensando nesses inocentes,
gerados no útero da
miséria humana, que se criaram
Associações de Educação
do Homem de Amanhã,
as conhecidas Guardinhas,
com o objetivo precípuo de
dar às crianças e aos adolescentes
uma formação moral,
ética e social, até transformálos
em elementos de confiança
nas empresas que solicitam
seu trabalho.
E assim, há quase 50 anos,
operam nossas entidades, entregando
para a sociedade jovens
que, pelas intempéries
da vida, poderiam ser os meninos
de rua de ontem, mas
que, forjados na escola do caráter
e da dignidade, tornaram-
se, alguns, gerentes de
banco; outros, secretários de
repartição; outros ainda, anel
no dedo, atuando como profissionais
respeitáveis na área
da Saúde e do Direito e da Comunicação,
enfim gente confiável
em todos os campos de
sua atuação.
O mundo há de ser sempre
assim. Poucos fazem alguma
coisa em benefício de alguém.
Muito poucos levantam
uma bandeira de coragem
e de trabalho em prol de
uma juventude que tem sido
atualmente foco de nossas
atenções e, sobretudo, de nossas
preocupações.
Houvesse mais agremiações
voltadas para formação
de nossos adolescentes, buscando
nas empresas uma parceria
para o encaminhamento
dos mesmos ao primeiro
emprego, e talvez tivéssemos
menos tecnocratas ditando
normas e mais gente procurando
tirar dos bancos das
praças, das frias calçadas, das
marquises sem alma nossos
jovens que ainda sonham
com dona Esperança embalando
em seus braços as “Mil
razões para viver”, e sussurrando
baixinho esses versos
muito nossos, que estamos
na Guardinha desde que fundada
foi: “Um dia não seremos
mais./ Mas o tempo,
que inda é memória,/ há de
eternizar nos anais/ da Guardinha
a sua história./ Se em
versos, pois, desejais/ da
Guardinha cantar vitória,/ esquecer
podereis jamais/ que
amar, servir, eis sua glória!”
CORTINA DE GELO
Nenhum comentário:
Postar um comentário