25 minutos de silêncio
Filmes de Philippe Parreno exibidos na Serpentine Gallery, em Londres, compõem uma inovadora experiência cinematográfica
by Paula Alzugaray "Ir ao cinema pode ser uma experiência diferente de entrar numa sala escura e assistir a um filme que conta uma história ao longo de uma ou duas horas. Ir ao cinema pode ser entrar em uma galeria e, ao caminhar pelas salas de exposição, vivenciar uma experiência cinematográfica composta por três filmes e uma instalação performática. A exposição de Philippe Parreno na Serpentine Gallery, em Londres, foi concebida como um roteiro cinematográfico em que vários eventos compõem um grande percurso visual e sensorial.
Nesse filme espacializado em três salas, Parreno conta diversas histórias em uma sequência de 25 minutos. Os filmes foram concebidos como obras independentes, mas da maneira como foram instalados – em projeções orquestradas consecutivamente – tornam-se um só evento. Não há um ponto de partida pré-definido. Pode-se começar a assistir ao filme, por exemplo, a partir de “The Boy from Mars” (2003), um trabalho altamente contemplativo, filmado na Ásia, que divaga sobre paisagens pontuadas por relâmpagos e reflexos luminosos.
Nesse filme espacializado em três salas, Parreno conta diversas histórias em uma sequência de 25 minutos. Os filmes foram concebidos como obras independentes, mas da maneira como foram instalados – em projeções orquestradas consecutivamente – tornam-se um só evento. Não há um ponto de partida pré-definido. Pode-se começar a assistir ao filme, por exemplo, a partir de “The Boy from Mars” (2003), um trabalho altamente contemplativo, filmado na Ásia, que divaga sobre paisagens pontuadas por relâmpagos e reflexos luminosos.
Encerrada a projeção do filme, a sonoplastia desloca-se de uma sala a outra, indicando o caminho a seguir. Uma vez instalado na sala consecutiva, o público então assiste a “ June 5, 1968” (2009
Em imagens quase totalmente despidas de realismo, “June 5, 1968” reencena a viagem de trem em que o corpo do senador assassinado Robert Kennedy foi transportado de Nova York a Washington D.C. Inspirado na cobertura jornalística do fotógrafo Paul Fusco para a “Look Magazine” e em imagens produzidas pela televisão CBS, Parreno dirige sua câmera para os americanos que se posicionaram na beira dos trilhos à passagem do trem. O cineasta inventa belíssimos personagens, como um casal de idosos que abandona o piquenique ou um time de rugby que deixa de treinar para ver o trem passar. O acontecimento real torna-se um momento mágico. O silêncio das figuras que observam o trem passar é impactante e acaba por predominar durante toda a exposição.
Na sala seguinte, o público é conduzido a “Invisibleboy” (2010), que conta a história de um garoto chinês que convive com monstros imaginários, desenhados com ranhuras no negativo.
No gran finale, as cortinas da galeria abrem-se para o parque Kensington Gardens, convidando o espectador a contemplar a neve que jorra do telhado, em uma instalação performática que nos recorda o inverno rigoroso vivido no Hemisfério Norte. É hora de sair do calor da galeria e voltar para a fria realidade.
No gran finale, as cortinas da galeria abrem-se para o parque Kensington Gardens, convidando o espectador a contemplar a neve que jorra do telhado, em uma instalação performática que nos recorda o inverno rigoroso vivido no Hemisfério Norte. É hora de sair do calor da galeria e voltar para a fria realidade.
Desde o começo de sua trajetória, no final dos anos 80, Philippe Parreno se posicionou como um artista-cineasta inovador, lançando mão de ferramentas como a escultura e a performance para fazer o seu cinema. Com um currículo rico em parcerias, realizou com Douglas Gordon “Zidane: a 21st Century Portrait” (2006), filmado em tempo real com 17 câmeras sincronizadas e direcionadas para o astro do futebol francês Zinedine Zidane.
O filme pode ser encontrado em algumas videolocadoras brasileiras."
O filme pode ser encontrado em algumas videolocadoras brasileiras."
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