Lição em casa para as crianças
Como fazer da hora de comprar material escolar uma ótima oportunidade de passar para as crianças as primeiras noções sobre consumo consciente e preservação ambiental
Muitos pais acreditam que atingem esse objetivo simplesmente ao recorrer aos cadernos de papel reciclado e às tintas atóxicas. É pouco. De acordo com o diretor-presidente do Instituto Akatu, Hélio Mattar, o que está realmente em jogo é a escolha entre o durável e o descartável. Ou seja, o problema não é apenas se determinado produto é tóxico, reciclado ou feito de plástico. “A grande questão é que estamos com os aterros sanitários lotados. Precisamos parar de jogar tanta coisa fora e investir em produtos que durem mais”, diz.
E se o ambiente não for levado em consideração, crianças e adolescentes em fase escolar geram uma quantidade monumental de lixo. Se a cada nova série todo o material do ano anterior for descartado, os pais terão de comprar nada menos que 160 livros, 80 cadernos, 15 mochilas e oito caixas de lápis de cor durante a passagem de um filho do maternal ao terceiro ano do ensino médio.
Para evitar essa montanha de material descartado, uma tática é fazer um levantamento dos itens que se tem em casa antes de sair às compras, uma vez que muitos materiais podem ser reaproveitados.
Essa prática já é comum na casa da vendedora Lilian e dos filhos Rafael e Sabrina, de 2 e 8 anos. “Presto atenção na lista de materiais do começo do ano e reaproveito muitos materiais que quase não foram gastos no ano anterior, como estojo, tintas, pincéis e outros”, conta Lilian.
Concluída a lista do que pode ser reaproveitado, não tem jeito: é preciso comprar material novo. Na hora de adquirir cadernos e maços de papel, a preferência deve ser por produtos com o selo FSC (atestado pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal), uma certificação de que a madeira usada veio de áreas de replantio.
Essa opção é melhor que o papel reciclado, que pode conter apenas uma porcentagem de material reaproveitado e, ainda por cima, ser mais caro. “O mercado está mais exigente em relação ao impacto ambiental e muita gente está disposta a pagar mais por isso”, constata André de Marco, gerente de produtos da Suzano Papel e Celulose. Outras dicas de material sustentável vão do apontador de metal à calculadora movida a energia solar .
Mas há uma situação em que mesmo os pais mais ecologicamente engajados penam. É a hora em que a criança exige a mochila com aquele personagem de desenho animado. Afinal, todo mundo vai estar com uma pendurada nas costas. “Essa é uma das questões mais difíceis de lidar com os filhos, pois o consumo também é usado como forma de se sentir parte de um grupo. Pode-se até comprar, mas os pais devem explicar que é uma exceção e não acontecerá sempre”, afirma Hélio Mattar, do Instituto Akatu.
Na casa da artista plástica Adriana, o diálogo foi a estratégia escolhida para decidir o que será comprado a cada ano para o filho Tiago, de 8 anos. “Desde pequeno, explicamos para ele os problemas do planeta. Agora, aos 8 anos, ele já entende que é melhor usar a mochila do ano passado em vez de comprar uma nova”, conta. Esse é o tipo de lição que se torna muito mais eficiente quando recebida em casa.
FRASE DO DIA:
"O que é ensinado em escolas e universidades não representa educação, mas são meios para obtê-la." (Ralph Waldo Emerson)
ERRO DE CÁLCULO
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