Na Áustria, Osesp toca russos com coesão
SIDNEY MOLINA
ENVIADO ESPECIAL A SALZBURGO
"Em sexta chuvosa (12/11), a Grosses Festspielhaus (Grande Sala do Festival) de Salzburgo estava lotada --pelo segundo dia consecutivo-- para assistir à Orquestra Sinfônica de São Paulo.
Sob a regência de Yan Pascal Tortelier,
o concerto focado em compositores russos contou com a presença, na plateia, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Alberto Goldman.
As cordas da orquestra estavam especialmente coesas: timbre homogêneo, expressividade, concentração e bom aproveitamento da acústica para contrastes de dinâmica.
Antes das obras russas, a "ALVORADA" da ópera "LO SCHIAVO", de CARLOS GOMES (1836-1896), já mostrava uma sonoridade encorpada, diferente da do dia anterior. E a citação final do "INNO DELLA LIBERTÀ" parece ter sido a melhor da turnê até aqui.
Nunca é demais ressaltar as qualidades do violoncelista Antonio Meneses, solista do "Concerto n.1", de Dmitri Shostakovich (1906-1975): volume sonoro do tamanho da sala, técnica perfeita, elegância estilística e raro senso de diálogo camerístico com a orquestra (destaque para o trompista Dante Yenque).
Mas a sua performance foi particularmente inspirada, forte e extrovertida -talvez porque, nesse mesmo lugar, ele, ainda jovem, tocara sob a regência do lendário Herbert von Karajan (1908-1989).
Como em Viena, o seu bis foi a "Sarabande" da "Suíte n.1 para violoncelo solo", de Bach (1685-1750).
A "Sinfonia n. 2", de Sergei Rachmaninov (1873-1943), ocupou toda a segunda parte do programa.
Dedicado aos detalhes de cada frase, Tortelier enfatizou igualmente a continuidade, a emergência dos motivos que perpassam de um movimento ao outro -como o resgate do "Largo" inicial no terceiro movimento.
Ao contrário do público brasileiro, os austríacos dificilmente aplaudem de pé.
Mas, depois de minutos de incessantes palmas, começam a bater também os pés, e, com isso, ganharam dois bis de compositores brasileiros (Villa-Lobos e Edu Lobo).
Os dois concertos da Osesp foram os primeiros de uma orquestra das Américas na temporada regular da sala.
Foram muito bem-sucedidos, o que motivou o convite -anunciado logo após a apresentação- para retornar daqui a três anos.
O crítico SIDNEY MOLINA viajou a convite da Osesp
O Brasil está de parabéns!
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