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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CARLOS GOMES E A UNESCO

 


Coleção CARLOS GOMES concorre a título da Unesco

RIO - Ao declinar do convite de produzir o Hino Nacional brasileiro, logo após a proclamação da República, o maestro ANTONIO CARLOS GOMES confirmou lealdade ao ex-imperador dom Pedro II e fechou diversas portas diante de si. Morreria poucos anos mais tarde, pobre, no Pará. O legado do criador da ópera “O Guarani”, no entanto, continua vivo e agora pode ser diplomado pela Unesco como um registro nacional do Programa Memória do Mundo, equivalente ao título de Patrimônio da Humanidade concedido a obras arquitetônicas.
 
A candidatura foi enviada à entidade pelo Museu Imperial de Petrópolis, que reuniu seus 285 documentos referentes ao maestro. O acervo, doado pela filha do músico, Ítala Gomes de Carvalho, em 1946 e 1950, inclui fotografias, pinturas, partituras, correspondências, poemas e periódicos. Muitos documentos levam a assinatura de outros importantes nomes da época, como os pintores Décio Villares e Victor Meirelles e o escritor Machado de Assis, que interpretam e homenageiam o maestro.
 CASA ONDE MORREU CARLOS GOMES EM BÉLEM

Foram destacados no dossiê de candidatura como especialmente relevantes os sete cenários da ópera “O Guarani”, pintados pelo cenógrafo italiano Carlo Ferrario; um álbum com homenagens e interpretações de personalidades da época à obra de Carlos Gomes; e o Hino do Primeiro Centenário da Independência Americana, encomendado por dom Pedro II ao maestro em 1876.
CARLOS GOMES foi o maior compositor de música erudita que o país já teve e foi, assim como dom Pedro II, um observador privilegiado do século XIX. Ele colocou um Brasil completamente desconhecido na mídia da época. O reconhecimento da Unesco traz visibilidade ao acervo e nos obriga a torná-lo ainda mais acessível. Hoje, toda essa documentação já está digitalizada e disponível para consulta no site do museu — revelou Maurício Vicente Ferreira Júnior, diretor do Museu Imperial.
Registros de viagens de dom Pedro II já reconhecidos

O título de registro nacional pleiteado pelo Museu Imperial para o acervo de CARLOS GOMES já foi concedido, em 2010, para outra coleção da instituição: os registros referentes às viagens de dom Pedro II, que agora concorrem ao registro internacional do programa. Os dois resultados serão divulgados em setembro.
Até lá, o diretor da instituição, Maurício Vicente Ferreira Júnior, promete, entre as ações de divulgação do acervo, a execução do Hino do Primeiro Centenário da Independência Americana por uma orquestra convidada.
 PARTITURA MANUSCRITA

A carreira de CARLOS GOMES deslanchou após o maestro ganhar medalha de ouro em concurso de música. Já na Europa, criou a ópera “O Guarani”, apresentada pela primeira vez no Teatro Scala de Milão, em 1870. A música é hoje tema do programa “A voz do Brasil”. “Condor”, a última ópera de CARLOS GOMES, também obteve estrondoso sucesso.
Com o passar do tempo, CARLOS GOMES começa a ser visto como um imigrante que estava tirando o lugar dos italianos. Já sem muito dinheiro, ele vende os direitos autorais de suas obras e propriedades. Acaba retornando ao Brasil para assumir a diretoria do conservatório de música do Pará, mas morre antes. 
Temos toda essa narrativa nos documentos. Sua história só seria revisitada a partir do governo de Getúlio Vargas, após período de negação de seu valor — contou Neibe da Costa, chefe do arquivo histórico do museu.

Tataraneta resgata memória
 EU, DENISE MARICATO - EM FRENTE À CASA DE CARLOS GOMES - VILLA BRASILIA - 2012

CARLOS GOMES teve cinco filhos na Itália. Três deles morreram ainda crianças e um quarto, com pouco mais de 25 anos. Ítala faleceu aos 60 anos, sem deixar herdeiros, encerrando a descendência direta do maestro. Hoje, Denise Maricato Lopes é quem coleciona documentos para manter viva a história da família. Tataraneta do irmão de CARLOS GOMES, Santanna Gomes, ela esteve na antiga casa do maestro em Lecco, cidade próxima a Milão. O local abriga hoje uma escola de música. No jardim, estátuas dos personagens Ceci e o índio Peri lembram “O Guarani”, a ópera que o imortalizou.
 ESTÁTUA DE PERI EM VILLA BRASILIA - 2012

O nascimento de meus netos me motivou a resgatar essa história, para eles. CARLOS GOMES foi um gênio da música clássica. Os italianos assoviavam “O Guarani” no meio da rua. Mas, por ser mestiço de índio com negro e ainda por cima brasileiro, acabou muito injustiçado — contou Denise, que pretende publicar um livro com o material que reuniu.
MÚSICA É VIDA !

Um comentário:

  1. Louvo a atitude tomada no reconhecimento do grande maestro que op Brasil se ufana em te-lo como o consagrado autor de óperas famosas. Cabe a Prof. Denise Maricato o ressurgimento agora aprazado. Guy Machado.

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