Grande sucesso“L’Elisir d’Amore”
Escrito por Marco Antônio Seta em 28 jun 2012 nas áreas Crítica, Movimento
O acerto da direção artística e do Theatro São Pedro na escolha de
“L’Elisir d’Amore”, muito bem focado em todos os seus aspectos cênicos e
musicais, revela aqui conhecimento de causa, do "mettier” de seus
diretores, fazendo com que o público aflua feliz ao teatro, com a
lotação máxima em suas récitas até o dia 7 de Julho.
Gaetano Donizetti é o compositor do “Elixir do Amor”, estreada a 12
de maio de 1832, há 180 anos completos, no Teatro della Canobbiana,
Milão, com libreto de Felice Romani e, como ópera cômica, é uma das mais
populares da ópera romântica italiana. Do mesmo compositor são Il
Campanello (1836), Lucrezia Borgia (1833), Gemma di Vergy (1834), Lucia
di Lammermoor (1835), Roberto Devereux (1837) , A Filha do Regimento
(1840), La Favorita(1840) e Don Pasquale (1843) englobando os gêneros
dramático, lírico e cômico-engenhoso com muita propriedade e sucesso.
“L’Elisir d’Amore”, foi a escolhida para abrir a temporada lírica do
Theatro São Pedro, na noite 26/6/2012 com muito sucesso de público. Um
espetáculo bem cuidado nos figurinos, transpostos para uma época mais
moderna, talvez dos anos de 1950, na aldeia em que se passa a história,
em tons neutros e de boa combinação e com único cenário de feliz
concepção de Sílvio Galvão, ambientando plenamente e com satisfação o
âmbito da ópera enfocada, com o detalhe da fidelidade e a convicção de
que realmente se trata daquilo que se vai ver cenicamente. Parabéns aos
responsáveis por essa ambientação.
Walter Neiva, experiente homem de teatro, fez a sua
parte conduzindo nos jogos cênicos todos os figurantes, coro e solistas
de maneira suficiente e muito bem cumprida da parte teatral do
espetáculo, com propriedade especial para os seus intérpretes
principais.
Sébastien Guèze, como Nemorino é um tenor
lírico-ligeiro apropriado para esse personagem, voz conduzida em boa
escola, com a coloratura necessária e timbre agradável, somado a domínio
da cena com muita naturalidade de desempenho. Cantou “Uma furtiva
lagrima”, essa adorável romanza com sutileza e musicalidade, muito
aplaudido ao seu final, como também no dueto com Adina “Esulti pur la
barbara per poco alle mie pene”.
Gabriella Pace, a Adina, para a qual Donizetti
escreveu a um soprano lírico “Leggero”, não é a cantora ideal para esse
personagem. Soprano lírico de timbre penetrante, porém estridulante
acentuado, muitas vezes deixa a desejar nesse que é um papel tão
gracioso e apimentado, com sonoridades ásperas e rígidas por demais. Uma
voz com maior agilidade nas coloraturas diversas, em que são peculiares
nesta ópera, acompanharia bem melhor as passagens, (ornamentos e
apogiaturas) com os andamentos da orquestra que não vacilou em nenhum
instante nas mãos de Emiliano Patarra. De seu desempenho cênico houve boa dose de colaboração e eficiência.
Sebastião Teixeira, barítono fez um Belcore
impecável cênico e musical, fruto de sua experiência de palco,
adquirida nas últimas décadas.
Sebastião Teixeira
A Gianetta de Thaiana Roverso também colaborou para o êxito do espetáculo com musicalidade e apreço.
O charlatão Dottore Dulcamara pode dominar o espetáculo quando bem
defendido. Enzo Dara, Domenico Trimarchi, Silvano Pagliughi são exemplos
de grandes performances deste baixo buffo na história da ópera. Aqui, Saulo Javan
defendeu o dottore. Possui um bonito timbre de baixo-barítono, todavia
sua pequena extensão vocal dificulta a emissão na região mais aguda, o
que o faz desafinar frequentemente nas passagens mais agudas. Na ária
buffa “Udite, udite, o rustici”, tanto quanto nos duetos com Nemorino
“Obbbligato!…” e no outro com Adina “Quanto amore”, ficam evidenciadas
essas dificuldades por ele enfrentadas, contudo, seu trabalho cênico
eficaz, convence plenamente o público que o brinda, aplaudindo-o
calorosamente ao final de suas intervenções.
À saída da sala de espetáculos uma surpresa ainda nos esperava: uma
lembrança de bem-casados de Nemorino e Adina entregue ao público, num
ato de delicadeza e bom gosto da direção do Theatro São Pedro, que está
pois de Parabéns pelo trabalho apresentado, quer pela fidelidade,
limpidez e qualidade artística do espetáculo.
CURTINDO A CHUVA
Amigo, francamente...chamar Sebastian Gueze de tenor lirico-ligeiro é um despropósito...Voz pesada, forçada e com pouco ou nenhum fraseado... Só valeu pela cena que ele fez, que foi ótima.
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