No dia de seu aniversário, deixo aqui minha homenagem ao meu tio, CARLOS GOMES, com um belo texto da minha querida amiga Arita:
"Muitos tem sido os depoimentos sobre
 a vida e a obra de Carlos Gomes. Alguns transformados em desabafo 
diante das injustiças sofridas pelo grande maestro. Ora é Ítala Gomes, 
presa ao compositor por laços tão fortes: “Dir-se-ia assim que, à 
semelhança de outros cavalheiros da glória, Carlos Gomes também tivera 
como característico saliente de sua jornada terrena, aquela impiedosa 
desventura que parece ser a vingança com que os deuses assinalam os 
gênios”.
 Itala Gomes de Carvalho - filha de CARLOS GOMES
Ora é Rodrigo Otávio, ilustre filho também de Campinas, a dizer
 no prefácio de um livro: “Revelada a grande capacidade do artista, 
consagrada sua obra inicial com os aplausos da mais prestigiosa platéia 
do mundo, cuidados do Brasil para esse filho privilegiado não deveriam 
ter faltado e faltaram”. Ora é o próprio Carlos Gomes extrapolando suas 
mágoas em cartas aos amigos e, entre elas, esta que dirigiu já pobre e 
doente, a César Bierrenbach, o idealizador do monumento em sua 
homenagem: “No Rio não me querem nem para porteiro do conservatório; em 
São Paulo, nem para boleeiro; em Campinas, não me compreenderam, 
julgando-me talvez um impostor, um forasteiro”.
 Cezar Bierrenbach - amigo de CARLOS GOMES
Mas o que teria 
levado, realmente, o celebre autor de O Guarani, ao lado de tantos 
sofrimentos, de tantos obstáculos, aos píncaros da glória? Nós diríamos 
que, caminhando com sua batuta, havia aquela “força indômita” que dele 
nunca se ausentou, quando necessário se fazia impor a sua arte e até 
mesmo seu espírito forte. É o garoto de 18 anos, cantando com sua voz de
 soprano ligeiro, mais tarde transformada em tenor, os solos da primeira
 missa que compôs, e arrancando lágrimas dos que se faziam presentes. É o
 adolescente alegre, de cabelos compridos, sem sonhar que seria o homem 
bonito e elegante dos futuros saraus, a rir com os companheiros, quando 
diante do reclame: “Tônico para os cabelos”, lhe diziam: “Tônico, apara 
os cabelos”.
 CARLOS GOMES aos 23 anos
É o moço de 23 anos apresentando concertos ao lado 
do pai e lecionando, ao mesmo tempo, piano e canto para jovens como ele.
 É o rapaz que se embrenha pela Serra do Mar, montado num burrinho, para
 se fazer um passageiro a mais no navio Piratininga, em busca da Corte 
de Dom Pedro II, sob o aplauso de inúmeros estudantes. É o formando do 
Conservatório de Música do Rio galardoado pelo Monarca Poeta com uma 
medalha de ouro, como recompensa pelo seu esforço e talento, ao 
adentrar, acometido de febre amarela, o salão de festa, e reger, sob 
aplausos, a cantata que compusera para aquela solenidade. É o já 
abalizado maestro sendo laureado pelo Imperador com a Ordem das Rosas, 
pelo seu primeiro trabalho de fôlego: “Noite no Castelo”. É o insigne 
compositor, recebendo de Verdi esta honraria em vida: “Este jovem começa
 por onde eu termino”. É o criador ainda de tantas obras-primas a ser 
retratado por Capranezzi e Di Angelis, em seus últimos instantes, em 
Belém do Pará. É o ídolo de todos nós a receber também dos poetas a 
homenagem que nunca será demais.
CARLOS GOMES aos 27 anos 
Entre elas, estes versos últimos
 de nosso poema Canto de Amor a Carlos Gomes: "Recebe, pois, Carlos 
Gomes,/ gênio maior da música,/ de onde estiveres,/ pela humanidade de 
teu gesto,/ pela grandeza de tuas atividades,/ pela nobreza de tua 
alma,/ a nossa mensagem de amor,/ pelo muito que fizestes,/ por este 
nosso Brasil./ Como o maior compositor da América do Sul."
Arita Damasceno Pettená é membro da Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes das Forças Armadas
Arita Damasceno Pettená é membro da Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes das Forças Armadas
BEIJO LEONINO 
 








 
 
Arita, que texto belissimo.
ResponderExcluirInfelizmente, o povo se esquece de seus de grandes ícones, como o Maestro Carlos Gomes, um grande expoente da musica brasileira. Denise, receba minhas homenagens pelo aniversário de seu ilustre tio que nos deixou grandes composções. Quem não conhece "O Guarani"? Até quem nunca assistiu a uma ópera vibra com ela.