OS TRES MITOS DE BARÃO
Eustáquio Gomes
Artigo escrito por ocasião dos 50 anos de Barão Geraldo (2003)
Três místicas douram a história dessa comunidade especialíssima  que se chama Barão Geraldo. 
Uma provém do próprio barão que lhe dá o nome – Geraldo de Rezende – que em tempos imperiais era anfitrião da fina flor monárquica no casarão da Fazenda Santa Genebra.
Uma provém do próprio barão que lhe dá o nome – Geraldo de Rezende – que em tempos imperiais era anfitrião da fina flor monárquica no casarão da Fazenda Santa Genebra.
Outra foi  gerada pelo pequenino Zeferino Vaz, um gigante da educação superior, o  fundador da Unicamp. 
E  a terceira é o próprio halo de cultura e  refinamento que cerca o   distrito, esta espécie de Weimar dos trópicos  onde não faltam desde   fiéis do Santo Daime até intelectuais que influem  nos rumos da   República.
A primeira mística é a voz do passado, a segunda contém a história em processo e a terceira impõe o charme de uma comunidade que vive em ritmo e frequência próprios. Quantas comunidades no país, por exemplo, concentram tantos grupos de teatro experimental ?
A primeira mística é a voz do passado, a segunda contém a história em processo e a terceira impõe o charme de uma comunidade que vive em ritmo e frequência próprios. Quantas comunidades no país, por exemplo, concentram tantos grupos de teatro experimental ?
A terceira mística tem a ver com a segunda  . Em 1965, quando planejava o   que seria a UEC (o termo Unicamp veio  depois), Zeferino andava à  procura  de um lugar para instalar seu  campus: uma área não inferior a  20  alqueires paulistas, com asfalto  próximo e algum melhoramento  público.  Isto além de uma exigência de  foro íntimo: “É preciso que a  terra seja  boa”. O mito do solo fértil  para plantar edifícios era uma  das obsessões  de Zeferino. Gostava de  contrapor a terra roxa e  encaroçada de Ribeirão  Preto, onde em 1952  fizera a sua Faculdade de  Medicina, à vegetação  retorcida e nodulosa do  cerrado brasiliense, que  lhe agradava pouco.  Dizia que a aridez de  Brasília influenciava  negativamente o espírito da  população e dava  banzo nos deputados e  senadores. Faltava ali o verde  intenso das terras  produtivas. 
Um do seus conceitos da época: “Verde é clorofila e clorofila é para a    planta o que a hemoglobina é para o homem. O homem sente isso e quando    vê produção abundante e vegetação exuberante, é otimista, sente-se   forte, com ímpeto de trabalhar,  tem esperança e confia no futuro”.
Dessas exigências Zeferino não abria mão. Por isso recusou uma doação feita pelo fazendeiro Caio Pinto Guimarães para que o campus se instalasse em domínios da Fazenda Santa Cândida, onde depois se instalaria o campus I da PUC. O terreno era montanhoso e Zeferino o considerou pouco adequado. Uma outra possibilidade era a Chácara Taquaral, às margens da lagoa com o mesmo nome, na época pertencente ao Instituto Brasileiro do Café. Estava abandonada. Zeferino gostou do lugar, mas o IBC opôs férrea resistência e a ideia foi descartada.
Dessas exigências Zeferino não abria mão. Por isso recusou uma doação feita pelo fazendeiro Caio Pinto Guimarães para que o campus se instalasse em domínios da Fazenda Santa Cândida, onde depois se instalaria o campus I da PUC. O terreno era montanhoso e Zeferino o considerou pouco adequado. Uma outra possibilidade era a Chácara Taquaral, às margens da lagoa com o mesmo nome, na época pertencente ao Instituto Brasileiro do Café. Estava abandonada. Zeferino gostou do lugar, mas o IBC opôs férrea resistência e a ideia foi descartada.
Em 1966 Zeferino procurou seu amigo João Ademar de Almeida Prado,    fazendeiro e industrial do ramo de geladeiras, que instalou Zeferino num    jeep e viajou com ele alguns quilômetros em direção a Paulínia. O   velho  Zefa ficou encantado com o que viu: um extenso canavial entre   fofas  colinas, o solo   quase vermelho sob as ramas verdes dos  flamboyants,  sibipirunas e  paus-ferros. 
Um lago apareceu, edênico,  entre as  folhagens. O lugar  ficava a doze quilômetros do centro urbano  de  Campinas. Eram as terras  de Barão Geraldo. “Será aqui o meu  campus”,  disse Zeferino convicto.
E assim foi. E assim os três mitos se cruzaram, fecundaram-se e criaram   a  lenda do distrito que, mesmo não sendo cidade, age como tal. Meio    século não é muito para que um lugar tenha a sua mitologia. Barão a tem.
NAMORO 
 










 
 
cd dia que abro seu blog, agradeço por receber tantos ensinamentos, bjs
ResponderExcluirObrigada !
ResponderExcluirE a Unicamp em termos de pesquisa e formação profissional.
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