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sexta-feira, 3 de junho de 2011

NATUREZA VIVA - LIVRO

A natureza viva de Bia Doria


                    "Nasci no mato, meu DNA está na floresta.” Dita por uma mulher bela e sofisticada, conhecida figura da sociedade paulistana, a frase soa surpreendente. Mas faz todo o sentido ao se considerar que a artista plástica Bia Doria, que assim se apresenta, tem nas árvores a matéria-prima e o motivo de seu trabalho, além da feliz lembrança de sua infância passada no interior. 

              Natural da região oeste de Santa Catarina, dominada pelas matas de araucárias, essa filha de imigrantes italianos é identificada por suas majestosas esculturas feitas a partir de resíduos de floresta de manejo, ou seja, os galhos e as raízes que sobram das madeiras certificadas. “Nunca comprei nada”, diz ela, que só trabalha com material que no passado seria descartado como lixo ou como alimento para queimadas. 

                   E, por isso, se autodenomina uma representante da arte contemporânea sustentável. “Utilizo raízes que iriam para o lenheiro ou entupiriam os bueiros, e galhos de floresta que não deixariam as pequenas árvores crescerem”, afirma, com toda consciência de que está na vanguarda do pensamento sustentável.

                       Se existe algo que deixa Bia radiante é mostrar uma obra nascida de raízes de espécies em extinção, como o pau-brasil e o jacarandá da Bahia. É uma forma de documentar e manter vivo por meio da arte um pedaço da natureza que infelizmente se foi. A rádica, o que restou de longos períodos de depredação ambiental, toma então formas orgânicas, abstratas. 

                          Ganham também feições humanas, como nas figuras femininas, sempre em movimento, alçando voo. Grande parte dessas obras foi reunida no livro “Bia Doria”, lançado com uma exposição no shopping Cidade Jardim, em  São Paulo. Nele estão documentadas todas as fases do trabalho da artista, que chegou à escultura por acaso, depois de trabalhar com moda e design de joias. 

                         Foi com a confecção de colares e pulseiras que Bia descobriu um material que desconhecia: a madeira de fundo de rio cuja solidez se assemelhava à das rochas. Diante daqueles tocos calcinados pela água, enxergou corais. Tomou na mão o “objet trouvé” e o pintou com tinta branca, vermelha – nascia assim a artista e também a sua primeira série, “Fundo de Rio”.

 

JARDIM DOS OCEANOS


 


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