INCRUSTADA NAS MONTANHAS
A chegada ao Nepal é única. A visão da imponente cordilheira do Himalaia, que abriga o pico mais alto do planeta, o Everest, e outras das montanhas mais altas do mundo, é estarrecedora. E, naKatmandu, a capital, uma profusão de cores fortes e odores inebriantes revela uma atmosfera mística, mágica, poderosa. Impossível não se deixar impressionar pela extrema espiritualidade que está no ar, em todos os lugares, nos belíssimos templos hindus e budistas espalhados pela cidade, ou ainda nos mitos e lendas que compõem a cultura local.
O Nepal é a terra natal de Siddhartha Gautama, o Buda, que teria nascido em Lumbini, no Sul do país, na fronteira com a Índia, em 563 a.C. Por isso, uma visita a esse pequeno mas populoso país asiático (menor do que o estado do Paraná e com cerca de 24 milhões de habitantes) inclui, necessariamente, um roteiro espiritual e intimista pelos templos das três principais cidades, todas localizadas no vale Katmandu, encravado no Himalaia e considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco – além da capital, que dá nome ao vale, é obrigatória a visita à moderna Patan e à antiga Bakhtapur.
O Nepal também oferece opções para esportistas e aventureiros. É a meca dos alpinistas que sonham com a conquista do Everest, o pico mais alto do planeta, com seus imponentes 8.848 m de altitude, na fronteira entre a China e o Tibet.
Aliás, é bom que se esclareça, ele não é visível de Katmandu. É também muito procurado pelos adeptos do trekking, justamente pela enorme quantidade de trilhas na cordilheira, com paisagens únicas e sempre magníficas, não raro inundadas pela luz de pores-do-sol de rara beleza.
Mas o Nepal atrai também pelo exótico, pela beleza cultural e religiosa. A religião é a base da vida de seus cidadãos. Tudo gira em torno dos cultos e oferendas em templos. A religião oficial é o hinduísmo. Na prática, porém, há uma curiosa fusão com o budismo. Esse sincretismo religioso pode ser notado em desenhos e esculturas nos templos e nos nomes de deuses e suas manifestações temporárias.
Roteiro espiritual
Em Katmandu, a mais cosmopolita das cidades nepalesas, é possível se preparar para um trekking inesquecível pelas montanhas nevadas, comer em ótimos restaurantes rodeado de estrangeiros no bairro de Thamel, o mais turístico, ou mesmo “se perder” no centro histórico, chamado de Durban Square. É onde fica o Palácio Real e os principais templos da cidade, como o Kumari Bahal (Casa da Deusa Viva) e o Kasthamandap (Casa de Madeira), este último do século 12. Quase todos foram construídos em homenagem a algum das dezenas de deuses hindus – adorados por 90% da população. Ande entre os templos e permita-se passar uma ou duas horas sentado no alto da escadaria de um deles, apenas vendo o tempo passar e o verdadeiro Nepal descortinar-se diante de seus olhos, com uma profusão de cerimônias religiosas improvisadas nas ruas.
O Nepal segundo Buda
As estupas, templos budistas que foram construídos para abrigar as cinzas de Siddharta Gautama, são visita obrigatória. Elas guardam também outras relíquias que pertenceram às sucessivas reencarnações de Buda e também de monges que atingiram determinado grau de iluminação. A forma desses templos sugere a posição do próprio Buda em meditação e faz analogia com seus ensinamentos: a base representa a terra e a igualdade; a cúpula, a água e a reencarnação; a torre e seus 13 anéis, o fogo e os níveis de ilumi
nação; o toldo sobre a torre, o ar; e o topo, o éter, o céu e a verdade.
A mais famosa delas é a Swayambhunath, que fica no alto de um morro na periferia de Katmandu. Já na subida para o templo, a surpresa fica por conta de macacos que passeiam e dormem nas escadarias. Fique tranqüilo, os símios são mansos e não incomodam ninguém. No topo, em todas as faces, estão pintados os olhos e o nariz de Buda. Visto de longe, parece mesmo um grande Buda que mantém aceso o misticismo da cidade.
Se tiver fôlego ou interesse especial em religião, pegue um riquixá para Pashupatinath, na beira do sagrado rio Bagmati, e veja sacrifícios de animais para Shiva (representado por uma figura de cor azulada) e os corpos dos mortos sendo queimados em piras de madeira em rituais hindus.
Cidade das artes
Separado de Katmandu por um rio, Patan, a mais moderna das três, e conhecida como a cidade da beleza, é famosa por suas lojas de tapetes – eles são baratos mesmo para brasileiros. Já Bhaktapur, apenas 14 km a leste da capital, é a mais antiga das cidades do vale – data do século 12. O centro é belíssimo, com templos de telhados aparentes em vários níveis. É a cidade das arte, e já foi o centro cultural de todo o vale nos séculos 16 e 17.
Na praça central, é possível conferir estátuas consideradas tão belas que o escultor teve suas mãos cortadas para que não as reproduzisse em outro lugar. Nos séculos 17 e 18, havia uma acirrada competição entre os três reinos. Cada inovação arquitetônica era copiada ou suplantada por outra ainda mais vistosa das cidades rivais. É dessa época o Golden Gate, o belo portal que é, talvez, a obra de arte mais famosa do Nepal. Essa guerra artística só foi superada em 1768, com a unificação dos reinos pelo rei Prithvi Narayan Shah.
Ano novo, em abril
A melhor época para ir ao Nepal é entre os meses de outubro e abril. É que de maio a setembro ocorrem as monções, que são ventos carregados de umidade que invadem o vale Katmandu. Ou seja, chove o tempo todo. No Nepal, as festas religiosas, sempre muito exóticas, acontecem durante todo o ano. Uma das mais impressionantes é o Bisket Jatra, o ano novo nepalês, no meio de abril, e que dura nove dias.
Na cidade de Bhaktapur, uma carruagem levando um pequeno templo e imagens do deus Bhairava e da deusa Bhadrakali é levada por toda a cidade em procissão, e seguida por uma multidão que oferece flores, moedas e até animais em sacrifício. Quando chega ao centro, os moradores se dividem em grupos e travam uma batalha semelhante a um cabo-de-guerra, puxando a carruagem por cabos. O grupo que conseguir arrastá-la para o seu lado é abençoado com sorte e feli
cidade por todo o ano vindouro.
Se você atravessou o globo para entrar em contato com a natureza, aventure-se nas montanhas mais altas do mundo ou embarque num safári fotográfico pelo Terai, planície que se estende por todo o Sul. Uma boa dica é o Parque Nacional de Chitwan, antigo campo de caça da aristocracia inglesa e que hoje está cheio de vilas ao redor oferecendo hotéis confortáveis e deliciosos pratos à base de peixes. Há tours diários para ver e fotografar tigres e rinocerontes.
A biodiversidade surpreende: há no Nepal mais de 800 tipos de pássaros e alguns mamíferos exóticos, como o tigre de bengala real e o leopardo da neve. Quando você estiver cruzando essas florestas balançando no lombo de um elefante, a 4 m de altura, belisque-se para ter certeza de que não está num sonho. Ou para descobrir que, no Nepal, o seu sonho é possível.A chegada ao Nepal é única. A visão da imponente cordilheira do Himalaia, que abriga o pico mais alto do planeta, o Everest, e outras das montanhas mais altas do mundo, é estarrecedora. E, na chegada a Katmandu, a capital, uma profusão de cores fortes e odores inebriantes revela uma atmosfera mística, mágica, poderosa. Impossível não se deixar impressionar pela extrema espiritualidade que está no ar, em todos os lugares, nos belíssimos templos hindus e budistas espalhados pela cidade, ou ainda nos mitos e lendas que compõem a cultura local.
O Nepal é a terra natal de Siddhartha Gautama, o Buda, que teria nascido em Lumbini, no Sul do país,
na fronteira com a Índia, em 563 a.C. Por isso, uma visita a esse pequeno mas populoso país asiático (menor do que o estado do Paraná e com cerca de 24 milhões de habitantes) inclui, necessariamente, um roteiro espiritual e intimista pelos templos das três principais
cidades, todas localizadas no vale Katmandu, encravado no Himalaia e considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco – além da capital, que dá nome ao vale, é obrigatória a visita à moder
na Patan e à antiga Bakhtapur.
O Nepal também oferece opções para esportistas e aventureiros. É a meca dos alpinistas que sonham com a conquista do Everest, o pico mais alto do planeta, com seus imponentes 8.848 m de altitude, na fronteira entre a China e o Tibet. Aliás, é bom que se esclareça, ele não é visível de Katmandu. É também muito procurado pelos adeptos do trekking, justamente pela enorme quantidade de trilhas na cordilheira, com paisagens únicas e sempre magníficas, não raro inundadas pela luz de pores-do-sol de rara beleza (veja quadro à pág. 82).
Mas o Nepal atrai também pelo exótico, pela beleza cultural e religiosa. A religião é a base da vida de seus cidadãos. Tudo gira em torno dos cultos e oferendas em templos. A religião oficial é o hinduísmo. Na prática, porém, há uma curiosa fusão com o budismo. Esse sincretismo religioso pode ser notado em desenhos e esculturas nos templos e nos nomes de deuses e suas manifestações temporárias.
PELA SOMBRA
Um belo trabalho de arquitetura e engenharia.
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