O MAIS REMOTO DO PLANETA
A SIBÉRIA
A Sibéria é uma vasta região da Rússia e do Norte do Cazaquistão, integralmente no norte da Ásia, estendendo-se dos Urais ao Oceano Pacífico, e para sul desde o Oceano Ártico até aos montes do centro-norte do Cazaquistão e até à fronteira com a Mongólia e China.
A Sibéria ocupa 10 007 400 km2 (58% da área da Rússia). Geograficamente, pode ser dividida na Planície Ocidental Siberiana e o Planalto Central Siberiano.
A Planície Ocidental Siberiana consiste principalmente de depósitos aluviais do Cenozóico
e é extraordinariamente baixa, tanto que um aumento do nível do mar de
50 metros causaria a inundação de todas as terras entre o Oceano Ártico e Novosibirsk. Os rios principais são o Ob e o Ienissei. Na zona sul da planície, onde já não há permafrost, terras de pastagem (estepes) formavam a vegetação original, hoje já é rara.
O Planalto Central Siberiano situa-se entre os rios Ienissei e Lena. Ocupa cerca de 3,5 milhões de km2 , e a altitude máxima é de 1 701 metros. O território é ocupado principalmente por florestas de coníferas. Os recursos minerais são abundantes, especialmente carvão, ferro, ouro, diamantes e gás natural.
O clima varia entre o polar e o continental. Na Sibéria situa-se o local habitado mais frio do mundo, a aldeia de Oymyakon.
Mina de diamantes
A conquista e colonização da Sibéria pelos cossacos, e pelos russos, feita no século XVI,
em geral, têm muitos paralelismos com a conquista do Oeste Americano:
um povo europeu tecnologicamente mais desenvolvido invade territórios
ancestralmente ocupados por povos nômades,
com menos sofisticação tecnológica e um estilo de vida, tradições e
maneira de olhar para o mundo muito diferentes das do povo invasor,
armado também com a sua cultura judaico-cristã.
O resultado inevitável é
a derrota militar dos povos com menor potencial tecnológico, que traz
consigo uma assimilação cultural em grande medida feita pela força.
Todos os povos europeus que se expandiram pelo mundo, derrotando
militarmente as culturas autóctones de menor potencial tecnológico,
utilizaram alguns aspectos mais diferentes das culturas locais como
pretexto para a sua classificação como inferior, justificando assim não
só a dominação mas todo o tipo de desmandos que chegaram mesmo à
escravatura e ao genocídio. Os russos na Sibéria não foram exceção.
Entre os traços culturais usados para justificar a dominação e a
assimilação dos povos siberianos contam-se em lugar de destaque os ritos
funerários. Devido à dificuldade em abrir campos com os instrumentos de
que dispunham em solo gelado ou encharcado, as culturas siberianas não
enterravam os seus mortos. Os koryaques e os chukchis dissecavam-nos. Os yukaghires
desmembravam-nos e depois distribuíam as várias partes, já secas, pelos
familiares mais próximos.
Estes pedaços do ente querido eram apelidados
de "avós", funcionando como amuletos. Os kamchadales,
pelo seu lado, tinham em mente as necessidades de transporte no Além:
davam os cadáveres a comer aos cães, para que os falecidos tivessem uma
boa equipe de cães a puxar-lhes o trenó.
Os russos, devido às suas tradições cristãs, viam estes povos como bárbaros. Curiosamente, nesta mesma altura (séculos XVII e XVIII), a Europa ocidental olhava para o Czar e os seus súbditos de uma forma semelhante.
Museu da cidade de Taltsy
No entanto, os cossacos rapidamente aprenderam que lhes sairia muito
caro desprezar toda a experiência acumulada pelos siberianos ao longo
das muitas gerações que levaram a encontrar as melhores soluções de
sobrevivência no clima agreste da Sibéria e na escassez local de
recursos.
Os costumes alimentícios locais foram rapidamente adotados por eles, e muitos destes costumes ainda perduram. Os ostyaques e voguls, por exemplo, bebiam sangue fresco de renas e, quando tal não era possível, aproveitavam-no para fazer panquecas ou para engrossar a sopa. Os peixes geralmente eram comidos cru, e, como acompanhamento, bebia-se seiva de bétula.
Rua Tarskaya em Omsk
Os quirguizes, buriates e yakutes gostavam muito de kumis (leite de égua
fermentado). Os yakutes orgulhavam-se particularmente do seu "alcatrão
de leite" (não sendo a tradução fiável). Trata-se de uma mistura cozida
de carnes, peixes, raízes, ervas e cascas de árvores. Tudo isto era bem triturado e misturado. Em seguida, adicionava-se farinha e leite.
Trans Siberiana
Os Khanty, povo indígena da Sibéria, vivem da caça, da pesca e da criação de renas. Os animais são
usados como transporte, sua carne pele é usada na produção de agasalhos e
sua carne consumida.
No entanto, os campos de extração de petróleo instalados na área
ameaçam o equilíbrio natural, já que afugentam os ursos - predadores
naturais das renas - aumentando a concentração destes animais em outras
partes da região.
Catedral de Krasnoyarsk
Universidade da cidade de Tomsk
Interesse pesquisa!
ResponderExcluirAdorei!