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quarta-feira, 1 de junho de 2011

ORIGEM DE ALGUNS DITADOS POPULARES




 A Origem de Alguns Ditados Populares

JURAR DE PÉS JUNTOS:
 - Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu.
A  expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição,  nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados  (juntos) e era torturado pra dizer nada além da verdade. Até hoje o  termo é usado pra expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.

MOTORISTA BARBEIRO: 
 - Nossa, que cara mais barbeiro!
No  século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de  cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc, e por  não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A  partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao  barbeiro, pela expressão "coisa de barbeiro". Esse termo veio de  Portugal, contudo a associação de "motorista barbeiro", ou seja, um mau  motorista, é tipicamente brasileira.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA: 
 - Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje!
No  século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao  relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o  cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol.  Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o  anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o  cavalo da chuva". Depois disso, a expressão passou a significar a  desistência de alguma coisa.

À BEÇA: 
 -  O mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa. A origem  do dito é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano  Gumercindo Bessa, advogado dos acreanos que não queriam que o Território  do Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas.

DAR COM OS BURROS N'ÁGUA: 
                      A  expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que  escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à  Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros,  devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito  difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em  diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um  grande esforço pra conseguir algum feito e não consegue ter sucesso  naquilo.

GUARDAR A SETE CHAVES: 
                    No  século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de  jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía  quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto  funcionário do reino.
Portanto  eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido  ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões  primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete  chaves" pra designar algo muito bem guardado.

OK: 
                A  expressão inglesa "OK", que é mundialmente conhecida pra  significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da  Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para  as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0  killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o  termo "OK".

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS: 
                          Existe  uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se  em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que  ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram  que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da  traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A  partir daí surgiu à expressão, usada pra designar um lugar distante,  desconhecido e inacessível.

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA: 
                   A  história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente  das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus  como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande  apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer,  ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns  meses o garoto morreu.

PARA INGLÊS VER: 
             A  expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o  Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto,  todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram  criadas apenas "pra inglês ver". Daí surgiu o termo.

RASGAR SEDA: 
                   A  expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra  pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos  Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua  profissão pra cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua  beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a  seda, que se esfiapa".

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER: 
                 Em  1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de  Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome  Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que assim  que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o  mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que  arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no  Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou pra história como o cego que não  quis ver.

ANDA À TOA: 
 
                   Toa  é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à  toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca  determinar.

QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO: 
 
                  Na  verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente  se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando,  astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.

DA PÁ VIRADA: 
                 A origem  do ditado é em relação ao instrumento, a pá.. Quando a pá está virada  pra baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada decorrentemente  pelo Homem vagabundo, irresponsável, parasita.

NHENHENHÉM: 
              Nheë,  em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os  indìgenas não entendiam aquela falação estranha e diziam que os  portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen" .

VAI TOMAR BANHO:  
               Em  "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de  higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das  Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou  de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao  banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não  conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além  de usar folhas de árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes  nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses,  abafado em roupas que não eram trocadas com freqüência e raramente  lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então  os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses,  mandavam que fossem "tomar banho".

ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM: 
              Esta  foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século  XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de  seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. O  capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como  resposta, ouviu do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos,  que se entendam". O oficial ficou indignado e recorreu à instância  superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei  do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o  oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se  explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.

A DAR COM O PAU: 
                    O  substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta  expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados  preferiam morrer durante a travessia e, pra isso, deixavam de comer.  Então, criou-se o "pau de comer" que era atravessado na boca dos  escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu pro estômago dos  infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão.

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA: 
                 Um  de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino  Ovídio (43 a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como "A arte de amar  "e "Metamorfoses" , que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o  poeta: "A água mole cava a pedra dura". É tradição das culturas dos  países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de  frase pra que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o  provérbio, portugueses e brasileiros.

PENSANDO NA VIDA 

Um comentário:

  1. Adorei!
    Gosto de ler sobre a origem das palavras e expressões.
    Para quem também gosta, recomendo o livro A Casa da Mãe Joana: Curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas, (Editora: Campus, 2002).
    Autor: Reinaldo Pimenta

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