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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

RUGAS... SÃO APENAS RUGAS


RUGAS IRRETOCÁVEIS
Silvana Duboc



Tenho cabelos vermelhos, pintados,
para esconder os fios brancos.

Não me lembro exatamente em que
ano eles começaram a branquear...




Tenho algumas rugas em volta dos olhos,
também não me recordo quando
elas começaram a aparecer.

Tento disfarçá-las, tantas novidades
no campo da dermatologia,
achei por bem aproveitá-las.



Do corpo não cuido quase,
só recentemente entrei para uma
academia por ordem médica.

Ele me disse que na minha
idade preciso de exercícios.
Mais falto mais do que vou,
não gosto de fazer ginástica.



Das minhas unhas cuido semanalmente,
penso que elas são uma porta de visita.

Unhas maltratadas causam
uma péssima impressão.



De uns dois anos pra cá descobri os
cremes e aí compro um aqui,
outro ali e no final não uso nenhum,
mas compro, só de olhá-los na prateleira
já percebo que as rugas se retraem.



Sou assim, vaidosa,
mas não sou em excesso,
penso que sou na medida certa,
na medida correta para uma mulher.

Enfim os anos passam e as
marcas que eles deixam em nós,
não temos como conter.



Nem pretendo isso.
Acho que cada marca que meu corpo
carrega tem uma linda história.

Às vezes me pego na frente do espelho
descobrindo uma nova ruguinha
e já me coloco a pensar o que a causou.



Depois reencontro com outra que já está lá
vincada há anos e me recordo que ela
apareceu quando perdi um grande amor.

Poderia enumerar também a história
de cada fio de cabelo branco.



Foram filhos, maridos,
amigos que colocaram eles ali.

Não quero me desfazer
de nenhuma dessas marcas,
apenas amenizá-las,
acho que mereço isso.



A vida me deve isso.
Atualmente a parte que merece mais
atenção minha tem sido a cabeça.

Tento todos os dias colocá-la no lugar,
equilibrá-la, alimentá-la
com sonhos e alegrias.



Corpo e mente caminham juntos,
se um estiver em estado lastimável o
outro provavelmente vai se deteriorar.

Não escondo minha idade,
não adiantaria falar
que tenho trinta e cinco
e apresentar uma
filha de vinte e sete.



Portanto eu confesso,
tenho quarenta e oito anos.

Metade deles, bem vividos,
a outra metade muito sofridos.

Mas é exatamente aí que está
o encanto da minha idade.


Conheci de tudo um pouco,
das lágrimas aos sorrisos e ambos me
fizeram ser essa pessoa que sou hoje.

Ficaram as rugas no rosto e na alma,
mas também ficaram sorrisos em ambos.
Minhas rugas mais bonitas são aquelas
marcas de expressão que eu
adquiri por tanto sorrir,
muitas vezes,
quando o coração chorava.

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