quarta-feira, 11 de agosto de 2010
CONVERSAVA COM OS PÁSSAROS
MORRE PESQUISADOR QUE ETERNIZOU SOM DAS AVES
O ornitólogo Jacques Vielliard durante trabalho de campo; professor gravou mais de 30 mil sons
"Jacques Vielliard estava há 37 anos no país e, atualmente, desenvolvia arquivo sonoro da Amazônia.
A natureza perdeu um de seus grandes estudiosos. O professor do Instituto de Biologia (IB)da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ornitólogo Jacques Vielliard, de 65 anos, morreu anteontem devido a complicações após uma cirurgia no aparelho digestivo.
ACERVO DE CANTOS REUNIDO NA UNICAMP É O 5º MAIOR DO MUNDO
"Praticamente ninguém faz o tipo de estudo ao qual ele se dedicou no Brasil. Na última vez que eu o ví, ele me explicou que, pela análise dos cantos dos pássaros, era possível, inclusive, identificar de que região era uma ave, como se elas tivessem um sotaque.
Sofremos uma perda muito importante, tanto para a área da biologia quanto para o pessoal. Ele era uma pessoa muito agradável", disse o diretor do Instituto de Biologia da Unicamp.
Apaixonado pelo estudo e pela pesquisa dos sons das aves, Vielliard nasceu em Paris, no final da Segunda Guerra Mundial.
Formou-se em Lycée Louis-le-Grand e na Sorbonne, defendendo seu doutorado em Ecologia na École Normale Supérieure (ENS).
Desde a infância, já queria estudar as aves, como uma maneira de compreender a natureza e contribuir para o conhecimento universal.
Tinha apenas 18 anos quando foi mandado para sua primeira missão internacional: um inventário no Coto Doñana, na Espanha, que viria a se tornar um parque nacional.
Vielliard vivia no Brasil há 37 anos. Veio para o país a convite do presidente da Academia Brasileira de Ciências na época, que procurava gente disposta a ajudar a estabelecer pesquisas ecológicas de campo em terras brasileiras.
O pesquisador francês, que tinha um conhecimento pessoal sobre aves e um interesse especial pela bioacústica foi facilmente convencido a visitar o Brasil.
Chegou em Agosto de 1973 e rapidamente organizou, com a colaboração de dois ornitólogos e um botânico, uma expedição que começou pela região nordeste.
Vielliard estabeleceu, então, as bases para novas pesquisas sobre a avifauna brasileira, desenvolvendo metodologias inovadoras para gravar e analisar as vozes das aves e quantificar suas comunidades.
Depois de quatro expedições, ele aceitou, em 1978, o convite para criar na Unicamp, o Laboratório de Bioacústica, considerado um centro de pesquisa de ponta e um dos maiores arquivos de sons animais do mundo.
Esse trabalho levou à descoberta do caburé-da-amazônia, em 1989 e do graveteiro-do-cipó no ano seguinte.
CABURÉ-DA-AMAZÔNIA
Durante décadas de estudo, digitalizou mais de 30 mil sons de pássaros e animais, que nasceu da necessidade prática de preservar os conteúdos contidos nas fitas magnéticas.
Há tres anos, o professor estava no Pará, desenvolvendo um projeto de montagem de um arquivo sonoro da Amazônia.
O estudo ajudaria na identificação dos diversos sons da mata.
O corpo de Jacques Vielliard será enterrado em Belém.
"Lamentamos profundamente a perda deste profissional que colaborou desde 1978 com o Departamento de Biologia. Ele foi responsável por trazer para a nossa instituição o estudo de bioacústica com abordagem ecológica. Atualmente, seu acervo de cantos de pássaros gravados é o maior da América Latina e o quinto no mundo", disse um professordo Departamento de Biologia Animal da Unicamp."
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COMENTÁRIO DA DENISE:
Mais uma vez, Campinas cospe nas pessoas que lhe dão tesouros.
Sim, porque este pesquisador, que nem brasileiro era, mas que viveu 37 longos anos aqui, estudando, pesquisando e dando para a Unicamp um tesouro incalculável, ao morrer foi enterrado onde ? EM BELÉM DO PARÁ !
Mas, Campinas ficou com seu arquivo todo, não é ?
Belém também tem Universidade ! Levem também o arquivo dele para lá, já que ele estava pesquisando lá também, enriquecendo seu arquivo lá, morreu lá e não o trouxeram para enterrá-lo aqui.
Mais uma vez é Belém que acolhe, que abre seus braços, enquanto Campinas CHUTA.
"Lamentamos" uma ova !! A Unicamp lamentou a interrupção do trabalho tão valioso ! Campinas não lamenta perdas humanas...
Campinas só quer LUCRAR, levar a melhor sempre !!
As pessoas, pouco ou nenhum valor tem para esta cidade desumana e cruel.
Daqui uns dias, Campinas vai criar: "Festival Internacional Jacques Vielliard"... "Barraquinha de Churros Jacques Vielliard", "Barraca da maçã-do-amor Jacques Vielliard"... etc... como fazem com CARLOS GOMES !
Merece ficar sempre na berlinda cultural, sim ! Cada vez mais ! Se Deus quiser !
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FRASE DO DIA:
"Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti... (Mário Quintana)
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Não entendí nada.
ResponderExcluirAté eu que moro na Bahia e tenho acompanhado os sons dos pássaros de Jaques fiquei chocado. Trocou sua terra pelo Brasil e São Paulo o acolheu. De repente o cara morre e onde ele morreu foi enterrado. Quer dizer que se morresse em serra pelada ou em outro lugar seria do mesmo jeito. Falta de respeito para com uma pessoa que deu tanta coisa para Campinas. Meus parabéns aos "Paulistas Natos"
Rivaldo
Rivaldo, assim é Campinas, meu amigo !
ResponderExcluirCARLOS GOMES também foi acolhido por Belém !
E só não foi enterrado lá, porque os governantes da época envergonharam-se e pediram seu corpo.
Enquanto vivo, foi desprezado.
Assim é Campinas... com tantos !