TERRA DOS HOMENS
Nova superprodução do Discovery Channel narrada por Milton Nascimento mostra que não é apenas o meio ambiente que está ameaçado, e sim inúmeras culturas humanas espalhadas pelo planeta.
O arpoador Benjamin pode até achar o cachalote uma bela espécie de baleia. Mas em Lamalera, a pequena ilha da Indonésia onde ele vive, a presença de um animal desses na costa é uma oportunidade rara de garantir alimento para toda a população local por meses. É por isso que Benjamin não hesita na hora de pular de um barco segurando um precário arpão e, num só golpe, ferir mortalmente o mamífero marinho, que pode chegar a 18 metros. “Planeta Humano”, nova série da BBC e do Discovery Channel que estreia na quinta-feira 12 e tem na versão brasileira a narração do cantor Milton Nascimento, se destaca de documentários anteriores como “Vida” e “Planeta Terra” por não focar em belos animais selvagens, mas numa espécie tão bem-sucedida a ponto de ser a única a conquistar todos os continentes – o ser humano.
“Decidimos que finalmente era a hora de virar a câmera para o outro lado e mostrar também o que somos e como vivemos em nosso ambiente natural”, disse Brian Leith, produtor-executivo da série. “Somos únicos em nos adaptar com tanto sucesso à vida em cada canto do planeta.” Mostrada no primeiro episódio, dedicado a povos que vivem do mar, a cena do arpoador Benjamin e seus colegas caçadores matando uma baleia poderia ser chocante. Mas o lado humano da luta é mostrado de forma tão magistral que é difícil não sentir empatia pelos guerreiros – ao final da cena, o público fica sabendo que apenas seis animais desse porte são mortos por ano, o que não chega a afetar sua população.
“Decidimos que finalmente era a hora de virar a câmera para o outro lado e mostrar também o que somos e como vivemos em nosso ambiente natural”, disse Brian Leith, produtor-executivo da série. “Somos únicos em nos adaptar com tanto sucesso à vida em cada canto do planeta.” Mostrada no primeiro episódio, dedicado a povos que vivem do mar, a cena do arpoador Benjamin e seus colegas caçadores matando uma baleia poderia ser chocante. Mas o lado humano da luta é mostrado de forma tão magistral que é difícil não sentir empatia pelos guerreiros – ao final da cena, o público fica sabendo que apenas seis animais desse porte são mortos por ano, o que não chega a afetar sua população.
“A série causou certa controvérsia aqui na BBC porque a maioria dos nossos filmes é sobre a necessidade de proteger belos animais como uma baleia”, conta Leith. “Porém, acho que o que fizemos nessa série, pela primeira vez, foi mostrar que às vezes não temos que julgar as pessoas. Podemos apenas mostrar a vida como ela é”, diz. Segundo ele, basta lembrar que alguns atos que cometemos podem ser condenáveis para outros povos – matar uma vaca, para um hindu, é um pecado gravíssimo, por exemplo.
A mensagem de conservação contida na série vai além de mostrar a ação por vezes devastadora do homem no ambiente. Tradições como a caça do cachalote na Indonésia, os encantadores de tubarão de Papua-Nova Guiné, as danças da tribo wodaabe, no Níger, e os treinadores de falcão da Mongólia estão cada vez mais perto do fim. “É triste constatar que estamos perdendo diversidade. Muitas culturas estão ameaçadas de extinção”, define Leith.
A mensagem de conservação contida na série vai além de mostrar a ação por vezes devastadora do homem no ambiente. Tradições como a caça do cachalote na Indonésia, os encantadores de tubarão de Papua-Nova Guiné, as danças da tribo wodaabe, no Níger, e os treinadores de falcão da Mongólia estão cada vez mais perto do fim. “É triste constatar que estamos perdendo diversidade. Muitas culturas estão ameaçadas de extinção”, define Leith.
Apesar das dificuldades que o mundo moderno impõe, algumas dessas tradições continuam firmes. Os pescadores de Laguna, em Santa Catarina, há séculos contam com a ajuda dos golfinhos, que direcionam as tainhas rumo às redes – em troca de ganhar, de bandeja, os peixes que tentam se desvencilhar das malhas. Nos oito episódios que contemplam os ambientes ocupados pelo homem – mar, montanha, floresta, savana, rio, gelo, deserto e cidade –, outros comportamentos tradicionais mostram que, depois de ocupar todos os habitats possíveis, nossa espécie também resiste às mudanças que ela mesma provoca.
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