CRÍTICAS SOBRE "O ESCRAVO"
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Na execução do Festival de Óperas Pro-Opera de Londres em 1978, o Financial Times realça as “boas surpresas" proporcionadas:
“calor inato e natural, expansividade lírica de boa parte da música; habilidade em alçar-se acima das limitações e constrangimentos do entrecho dramático; árias construídas a partir de pouquíssimos elementos, efeitos de conjunto que se expandem amplamente e nos envolvem em seu ímpeto.”
“calor inato e natural, expansividade lírica de boa parte da música; habilidade em alçar-se acima das limitações e constrangimentos do entrecho dramático; árias construídas a partir de pouquíssimos elementos, efeitos de conjunto que se expandem amplamente e nos envolvem em seu ímpeto.”
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Foi batizada como a ópera abolicionista por excelência: o trabalho que comemora, num conjunto de harmonias irretocáveis, os cânticos de glória da admirável aventura restauradora de um grande e nobre povo.
Na orquestra, um dos violinistas era José Pedro de Sant’Anna Gomes, meu trisavô, que viera de Campinas especialmente para participar do evento.
A imprensa, na manhã seguinte, comenta:
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“(…) como a epopeia africana é um poema de simpatia e dedicação, que relembra suavemente o passado, refletindo sobre as páginas mortas da história, um luar sereno de benevolência de dulcíssimo efeito!”
O jornal A GAZZETTA MUSICALE DI MILANO, na página 733, escreve entre outras coisas:
O jornal A GAZZETTA MUSICALE DI MILANO, na página 733, escreve entre outras coisas:
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“A música de O Escravo é toda original, um complexo de pensamentos próprios, peculiares do estilo de Gomes – há a casta doutrina do musicista, a perícia do compositor, há o maestro que refulge e é o maestro que vê a luz destes quentes horizontes, poderosos na imaginação e no coração.
E este O Escravo tem muitas vezes um fascínio de potência musical, é quente, é ardente, é imaginoso e comove, fascina e convence… O Hino da Liberdade é uma daquelas viçosas espontâneas inspirações que servem para tornar popular um autor.”
Uma notícia:
E este O Escravo tem muitas vezes um fascínio de potência musical, é quente, é ardente, é imaginoso e comove, fascina e convence… O Hino da Liberdade é uma daquelas viçosas espontâneas inspirações que servem para tornar popular um autor.”
Uma notícia:
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IMPRENSA NACIONAL
“Um marechal de 62 anos, Manoel Deodoro da Fonseca, comandando uma revolução branca do Exército e da Marinha, acaba de derrubar a monarquia no Brasil, proclamando, ao mesmo tempo, a República.
O movimento, que se concretiza justamente no momento em que se comemora o centenário da Revolução Francesa, teve como canto de guerra a própria Marselhesa.
O Império Brasileiro que, por ser o único das Américas, era cognominado de ‘flor exótica’, tomba com 67 anos de existência, pouco mais que o soberano deposto, que conta 64 anos. O único ferido – quatro penetrações de balas – foi o barão de Ladário, ministro da Marinha do regime deposto, que resistiu de revólver na mão à ordem de prisão do próprio chefe revolucionário Deodoro da Fonseca.
No Rio, o povo recebeu a República sem grande entusiasmo: as casas comerciais fecjaram, alguns espetáculos noturnos foram transferidos e raras pessoas, da sacada de suas casas, no centro da cidade, acompanharam o desfile das tropas que depuseram o Imperador.
MAESTRO FICOU TRISTE
O maestro Carlos Gomes, que no dia 2 de outubro último, foi agraciado dom a dignatária da Ordem da Rosa pelo Imperador, no Tearo Lírico, não gostou da República.
O autor de O Guarany e Lo Schiavo, que chegou a Campinas na véspera da proclamação, disse:
‘O choque foi muito forte contra o meu coração de amigo da augusta família imperial. Fiquei pasmado e paralisado. Minha saúde tem sofrido muito, pois, sinto até faltar-me o equilíbrio corporal’.
Ao saber que D. Pedro II e sua família haviam sido desterrados, declarou-nos:
‘Deus perdoe aos autores de semelhante ato brutal. Deus proteja ao mesmo tempo a terra e o povo brasileiros.’”
CURIOSIDADES DO MES DE CARLOS GOMES
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Um certo dia, andando de charrete com um irmão pelas ruas de Campinas, ouviu os sons de O GUARANI tocados em uma sanfona. Aproximaram-se do lugar de onde vinham os sons e viram um escravo sentado no degrau de uma porta. Perguntaram sobre a música e o escravo disse que não sabia de quem era, mas que o nome era O GUARANI.
CARLOS GOMES, encantado, perguntou ao escravo o que ele mais desejava na vida e o homem respondeu que era poder casar, mas que não podia porque não era livre. Comovido, mandou o escravo subir na charrete e levou-o até a casa de seu senhor, demorou-se um pouco e voltando, apresentou ao escravo assustado uma carta:
“Eis aqui, meu amigo, a sua felicidade. É a sua carta de alforria, você agora é livre.”
Com este assunto e esta ideia na cabeça, voltou à Europa.
O ESCRAVO não teve fácil gestação: escolhido o título em 1880, sabemos que em 1883 já estava com a composição em processo de criação, conseguindo terminá-la apenas em 1887. Em 1888, houve uma briga com o poeta Paravicini, autor do libreto, que não quis dar a CARLOS GOMES a satisfação de fazer cantar o Hino da Liberdade no segundo ato da ópera, com os versos especialmente escritos pelo seu amigo tenente Francisco Giganti.
Houve um verdadeiro pandemônio: CARLOS GOMES não tirava os versos do amigo, o poeta não consentia que se fizessem enxertos na sua obra literária a questão foi aos tribunais, que apoiaram o poeta e o maestro não querendo magoar o amigo, preferiu, embora com grande sacrifício, retirar a sua ópera dos cartazes do teatro de Bologna, resolvendo vir imediatamente montar O ESCRAVO no Brasil.
O pleno sucesso de O ESCRAVO no Rio e a inesperada ressurreição da FOSCA em Modena, ambas em 1889, trouxeram-lhe uma impressão de renascimento depois do quase vazio em termos de criação que durou dez anos.
O ESCRAVO seria sua mais bela, mais sentidamente melancólica ópera, uma perfeição de precisão, elegância e requinte técnico, estreada no Rio de Janeiro em 1889.
Embora devesse à Casa Ricordi, dava a ela e à arte musical uma das joias mais belas do repertório operístico do século XIX. Portanto, não precisamos investigar para descobrir quem é que ficou devendo a quem.
Fica dez anos sem levar uma obra nova sua aos palcos e doze, aos palcos italianos. É um período de composição e maturação de sua obra prima O ESCRAVO; é quando ele chega a seu apogeu como compositor de música dramática.
CARLOS GOMES passou quase toda essa década iniciada em 1880 compondo O ESCRAVO em meio a brigas com o co-libretista Paravicini, transações complicadas, problemas financeiros graves, mas havia já um homem mais maduro e acostumado a enfrentar e resolver os problemas que surgiam e O ESCRAVO é uma mostra disso.
Apesar de sua vida intranquila, um CARLOS GOMES mais maduro e meticuloso se faz presente nessa aprimorada partitura, nessa sua ópera dramaticamente mais bem sucedida.
Em carta à Princesa Isabel, ao dedicar-lhe a ópera O ESCRAVO:
CARLOS GOMES, encantado, perguntou ao escravo o que ele mais desejava na vida e o homem respondeu que era poder casar, mas que não podia porque não era livre. Comovido, mandou o escravo subir na charrete e levou-o até a casa de seu senhor, demorou-se um pouco e voltando, apresentou ao escravo assustado uma carta:
“Eis aqui, meu amigo, a sua felicidade. É a sua carta de alforria, você agora é livre.”
Com este assunto e esta ideia na cabeça, voltou à Europa.
O ESCRAVO não teve fácil gestação: escolhido o título em 1880, sabemos que em 1883 já estava com a composição em processo de criação, conseguindo terminá-la apenas em 1887. Em 1888, houve uma briga com o poeta Paravicini, autor do libreto, que não quis dar a CARLOS GOMES a satisfação de fazer cantar o Hino da Liberdade no segundo ato da ópera, com os versos especialmente escritos pelo seu amigo tenente Francisco Giganti.
Houve um verdadeiro pandemônio: CARLOS GOMES não tirava os versos do amigo, o poeta não consentia que se fizessem enxertos na sua obra literária a questão foi aos tribunais, que apoiaram o poeta e o maestro não querendo magoar o amigo, preferiu, embora com grande sacrifício, retirar a sua ópera dos cartazes do teatro de Bologna, resolvendo vir imediatamente montar O ESCRAVO no Brasil.
O pleno sucesso de O ESCRAVO no Rio e a inesperada ressurreição da FOSCA em Modena, ambas em 1889, trouxeram-lhe uma impressão de renascimento depois do quase vazio em termos de criação que durou dez anos.
O ESCRAVO seria sua mais bela, mais sentidamente melancólica ópera, uma perfeição de precisão, elegância e requinte técnico, estreada no Rio de Janeiro em 1889.
Embora devesse à Casa Ricordi, dava a ela e à arte musical uma das joias mais belas do repertório operístico do século XIX. Portanto, não precisamos investigar para descobrir quem é que ficou devendo a quem.
Fica dez anos sem levar uma obra nova sua aos palcos e doze, aos palcos italianos. É um período de composição e maturação de sua obra prima O ESCRAVO; é quando ele chega a seu apogeu como compositor de música dramática.
CARLOS GOMES passou quase toda essa década iniciada em 1880 compondo O ESCRAVO em meio a brigas com o co-libretista Paravicini, transações complicadas, problemas financeiros graves, mas havia já um homem mais maduro e acostumado a enfrentar e resolver os problemas que surgiam e O ESCRAVO é uma mostra disso.
Apesar de sua vida intranquila, um CARLOS GOMES mais maduro e meticuloso se faz presente nessa aprimorada partitura, nessa sua ópera dramaticamente mais bem sucedida.
Em carta à Princesa Isabel, ao dedicar-lhe a ópera O ESCRAVO:
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKTX1MMsJsDuJ8ul9wyA8twjDz1DfY_ycvbnOQUygme3b9xgFG0Yys5uzVFgK1n4wkqBl8VJEe0IJ-7MwZqCt0IJA0kZcTjUFT_jFNSDJnKfVX2XMEY8FzfV9lxMh6ar0jge8W2MStnPU/s1600/CCCCCC.jpg)
“Milão, 29 de julho de 1888
Senhora
Digne-se Vossa Alteza acolher este drama, no qual um brasileiro tentou representar o nobre caráter de um indigente escravizado.
Na memorável data de 13 de maio, em prol de muitos semelhantes ao protagonista deste drama, Vossa Alteza, com ânimo gentil e patriótico, teve a glória de transmudar o cativeiro em eterna alegria da liberdade.
Assim, a palavra Escravo no Brasil, pertence simplesmente à legenda do passado.
É, pois, em sinal de profunda gratidão e homenagem que, como artista brasileiro, tenho a subida honra de dedicar este meu trabalho à Excelsa Princesa, em quem o Brasil reverencia o mesmo alto espírito, a mesma grandeza de ânimo de D. Pedro II, e eu a mesma generosa proteção que me glorio de haver recebido do Augusto Pai de Vossa Alteza Imperial.
Hoje, 29 de julho, dia em que o Brasil saúda o aniversário da Augusta Regente, levo aos pés de Vossa Alteza este Escravo, talvez tão pobre como milhares de outros, que abençoam a Vossa Alteza na mesma efusão de reconhecimento com que sou de Vossa Alteza Imperial, súdito fiel e reverente.
Antonio Carlos Gomes”
Senhora
Digne-se Vossa Alteza acolher este drama, no qual um brasileiro tentou representar o nobre caráter de um indigente escravizado.
Na memorável data de 13 de maio, em prol de muitos semelhantes ao protagonista deste drama, Vossa Alteza, com ânimo gentil e patriótico, teve a glória de transmudar o cativeiro em eterna alegria da liberdade.
Assim, a palavra Escravo no Brasil, pertence simplesmente à legenda do passado.
É, pois, em sinal de profunda gratidão e homenagem que, como artista brasileiro, tenho a subida honra de dedicar este meu trabalho à Excelsa Princesa, em quem o Brasil reverencia o mesmo alto espírito, a mesma grandeza de ânimo de D. Pedro II, e eu a mesma generosa proteção que me glorio de haver recebido do Augusto Pai de Vossa Alteza Imperial.
Hoje, 29 de julho, dia em que o Brasil saúda o aniversário da Augusta Regente, levo aos pés de Vossa Alteza este Escravo, talvez tão pobre como milhares de outros, que abençoam a Vossa Alteza na mesma efusão de reconhecimento com que sou de Vossa Alteza Imperial, súdito fiel e reverente.
Antonio Carlos Gomes”
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FRASE DA VEZ:
Era impaciente e muito perfeccionista com suas criações.
Inúmeras vezes, ao final de uma obra, resolvia rasgar tudo em pedacinhos e começava tudo novamente.
Muitas vezes chegava a ferir as mãos ao rasgar os papéis de sua música.
Ao terminar, dizia para Adelina:
Inúmeras vezes, ao final de uma obra, resolvia rasgar tudo em pedacinhos e começava tudo novamente.
Muitas vezes chegava a ferir as mãos ao rasgar os papéis de sua música.
Ao terminar, dizia para Adelina:
“VOU DAR UMA VOLTA. MANDE LIMPAR... MANDE LIMPAR." (Antonio CARLOS GOMES)
Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado.
OLHANDO A PAISAGEM
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Parabéns pelas pesquisas!
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