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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

GAMBIARRA CAMPINEIRA


A palavra de ordem no Centro de Convivência é adaptação. Pior do que isso: adaptação sobre adaptação, e por aí vai. A começar pelas rampas de acesso aos usuários de cadeiras de rodas, improvisadas em madeira, às varas de cenários, transformadas em de iluminação.

De uma das últimas, um refletor despencou, em 30 de janeiro, e acertou a cabeça de um ator em plena apresentação. Ele levou oito pontos. Em razão do acidente, o secretário Municipal de Cultura de Campinas, Arthur Achilles, solicitou a abertura de uma sindicância investigatória e uma vistoria técnica no Teatro Luís Otávio Burnier.

Na manhã da última quinta-feira, Victor de Souza Bastos, o ator ferido durante a peça Odeio Teatro, e Christian Schlosser, diretor teatral do Grupo Téspis, voltaram ao local do acidente. Por lá, encontram o refletor que despencou e se depararam mais uma vez com as gambiarras na estrutura. “O espaço está em decomposição. Não se vê outra coisa a não ser improviso sobre improviso”, avaliou o diretor. O inconformismo da dupla aumentou quando os dois olharam para cima e perceberam que a vara do qual o refletor partiu continuava da mesma forma.

Até agora não há nenhuma luz sobre as causas do acidente. No entanto, os técnicos do próprio local apontaram irregularidades na vara em questão. Em primeiro lugar, sua estrutura não é apta a receber equipamentos de iluminação, como atualmente funciona, e sim para abrigar apenas cenários. “Essa vara é perfurada, além de ser mole e flexível. Não é vara de iluminação”, fez questão de frisar um técnico, que preferiu não se identificar. A adaptação, conta, aconteceu há oito anos. Seria de uso exclusivo (como é até hoje) da Sinfônica de Campinas. “Chegaram com refletores e pediram para adaptarmos. Seria apenas um quebra-galho de momento, mas ficou para sempre”.

Ao todo, existem quatro varas de cenário adaptadas à de iluminação. Cada uma delas recebe quatro refletores (lâmpada HQI). Por não serem destinadas à aparelhagem de luz, as varas não possuem pontos de corrente elétrica. Resultado: mais uma adaptação. “Fazemos chicotes, da vara até o ponto de energia mais próximo”, indica o profissional. Basta inclinar a cabeça e perceber o trançar de cabos e mais cabos. Por sua vez, os ganchos de tais refletores, responsáveis por afixá-los à vara, não são os adequados. “A vara é fina, por isso, ele não consegue abraçar toda a estrutura. Fica sujeito a escapar”, aponta o técnico. Não é à toa que muitos deles, a fim de não desafinarem, são envolvidos por um arame. Por último, a vara deveria estar sempre fixa e não executar manobras. Não é o que acontece. “Foi durante o abaixar de um pequeno luminoso que o refletor caiu”, lembra o ator.
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COMENTÁRIO DA DENISE:
Victor, se eu fosse você, processava a Prefeitura Municipal de Campinas.

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