Esculpir com luz
O britânico Anthony McCall traz seus "filmes de luz sólida" para a primeira exposição individual no Brasil
Cineasta, escultor, desenhista ou performer? O efeito produzido pela instalação “Linha Que Descreve um Cone” levanta dúvida quanto à real especialidade do britânico Anthony McCall. O artista, radicado nos EUA desde a década de 1970, é um cineasta porque suas instalações são sempre compostas por projeções de luz, em salas escuras.
É também escultor porque garante peso e materialidade à luz projetada, graças a uma máquina de fumaça instalada na sala. McCall é em essência um desenhista porque a ação do filme projetado é sempre produzida por linhas de luz que riscam o negro do ambiente escuro. Mas ele é também performer porque, afinal, toda a sua pesquisa cinematográfica começou com a documentação de performances, nos anos 1970. McCall é a prova de que um artista são muitos. Sua exposição individual em São Paulo é uma oportunidade para reconhecer essa multiplicidade.
O desenho exposto logo na abertura da mostra introduz o visitante na linguagem original de McCall. Embora seja, aparentemente, apenas um desenho em carvão sobre papel, a obra “Cinco Minutos de Desenho” é resultado de uma performance, realizada pelo artista na noite de abertura da exposição em São Paulo, com participação do curador da mostra, Jacopo Crivelli Visconti.
O desenho sugere a representação de um arco e uma flecha, mas não foi produzido com lápis sobre papel. Foi realizado com uma corda, em ação semelhante ao tensionamento da corda do arco no momento do disparo da flecha. “Cinco Minutos de Desenho” é, portanto, uma performance que deixou sua marca na parede da galeria Luciana Brito. Antes, havia sido realizada apenas em três ocasiões: em Londres, em 1974; na França, em 2007; e no MoMA de Nova York, em 2010.
Na mostra, McCall apresenta duas de suas mais célebres esculturas de luz. “Linha Que Descreve um Cone” (1973), que já havia sido apresentada na exposição “Cinema Sim”, no Itaú Cultural, em 2008, e “Meeting you Halfway II” (2010), inédita no Brasil, colocam o visitante como coprotagonista da obra. É, afinal, em sua movimentação entre os planos e raios luminosos que o filme e a experiência se fazem. Para que o filme aconteça, o público tem de assumir-se como performer.
A importância da performance na obra de Anthony McCall confirma-se na terceira sala da exposição, em que são exibidos três filmes em 16 mm de documentação de ações performáticas realizadas nos anos 1970: “Paisagem para Fogo”, “Paisagem para Quadros Brancos” e “Trabalho em Terra”.
Os filmes mostram que os principais elementos do cinema-escultura de McCall já estavam lá no começo de sua trajetória: o corpo, a luz e a fumaça.
CAMINHOS SINUOSOS
A importância da performance na obra de Anthony McCall confirma-se na terceira sala da exposição, em que são exibidos três filmes em 16 mm de documentação de ações performáticas realizadas nos anos 1970: “Paisagem para Fogo”, “Paisagem para Quadros Brancos” e “Trabalho em Terra”.
Os filmes mostram que os principais elementos do cinema-escultura de McCall já estavam lá no começo de sua trajetória: o corpo, a luz e a fumaça.
CAMINHOS SINUOSOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário